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'A Entrevista' ganhou com polêmica, mas decepciona na sátira

Filme que causou tensão entre os Estados Unidos e Coreia do Norte, ocasionando o cancelamento de sua estreia em grande circuito, está longe de merecer a polêmica que recebeu

26 jan 2015 - 09h36
(atualizado às 09h46)
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Uma menininha norte-coreana canta uma música "patriota" cuja letra pede que os Estados Unidos, entre outras coisas, morram sufocados em seu próprio vômito e fezes. Assim começa A Entrevista, e provavelmente após 5 minutos você já terá visto as cenas mais engraçada do filme. O longa, que foi considerado tão ofensivo pelas autoridades da Coreia da Norte, não é nem de longe o filme controverso que muitos imaginavam.

<p>Filme estreia no dia 29 de janeiro nos cinemas brasileiros</p>
Filme estreia no dia 29 de janeiro nos cinemas brasileiros
Foto: Sony Pictures / Divulgação

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Ok, o alvo do humor de James Franco e Seth Rogen é o ditador Kim Jong Un, mas quem for ao cinema esperando que o filme corresponda à polêmica em torno dele e da resposta exagerada do líder norte-coreano, exigindo o cancelamento de sua estreia, vai se decepcionar. Por outro lado, A Entrevista não vai te deixar na mão como um filme engraçadinho, despretensioso e perfeito para assistir nos dias em que o cérebro pede arrego. Nessa descrição, aliás, podemos encaixar grande parte dos longas estrelados pela dupla, mas A Entrevista nem chega a ser o filme mais cômico dos amigos, ficando bem atrás de Segurando As Pontas É O Fim, por exemplo.

Franco vive um apresentador de talk show que consegue autorização para realizar uma entrevista com o ditador norte-coreano e embarca para o país ao lado de seu produtor, papel de Rogen. Mas além do programa, eles são recrutados pela CIA para aproveitar a oportunidade para matar Kim Jong Un, um dos líderes mais reclusos do planeta.

Apesar de muitos americanos terem "lutado" pelo filme como forma de recusar a censura imposta pela liderança da Coreia do Norte, a qualidade de A Entrevista não tem grande responsabilidade sobre sua repercussão. Entre poucas piadas realmente engraçadas, o filme não pode ser considerado uma crítica feroz ao país, e se acerta em alguma coisa é no fato de não prometer essa crítica. Sobram momentos em que damos mais atenção à amizade entre o apresentador Dave Skylark e o produtor Aaron Rapaport do que ao sarro direcionado a Kim Jong Un.

Todo o "terror" em torno da produção - que incluiu um ciberataque à Sony Pictures classificado como "impiedoso e mesquinho" pelo presidente da companhia japonesa -, é o que nos dá o impulso de rir das piadas não muito sofisticadas da dupla. Imaginar que o ditador possa ter realmente assistido ao filme é ainda melhor. Mas qualquer pessoa acostumada com o humor adolescente do duo - basicamente baseado em piadas sobre sexo e na amizade masculina - poderia imaginar as excentricidades que ele atribuiria a um Kim Jong Un fictício. Carente, baladeiro e mimado, com um gosto particular por Katy Perry.

Na imprensa internacional, as revistas Variety e Time se dividiram nas opiniões. A primeira questionou o humor de Seth Rogen e James Franco como um todo, apontando sua incapacidade de dar mais dimensões ao personagem de Kim Jong Un. Já a segunda divaga sobre a intenção de Seth Rogen e do diretor Evan Goldberg, uma "sambada na cara" de regimes opressivos como o da Coreia do Norte, estimulando os espectadores americanos com um slogan implícito: "Olha, é isso que eles odeiam a nosso respeito. E você vai adorar".

A Entrevista chega aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira (29).

Fonte: Terra
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