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Bienal dedicada ao Brasil toma conta de Bruxelas

5 out 2011 - 14h31
(atualizado às 17h17)
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O festival cultural Europalia.Brasil exibe a partir desta quarta-feira (5) em Bruxelas um verdadeiro passeio histórico pela arte brasileira, que reúne centenas de exposições e eventos para exaltar a diversidade do país.

Na 23º edição, o festival organizado a cada dois anos na capital belga consagra o Brasil na mesma linha apresentada das edições anteriores, com Rússia, em 2005, e China, em 2009.

O tema central da Europalia.Brasil é a diversidade, exibindo mais de 600 eventos desta quarta-feira até 15 de janeiro. As atividades estarão disponíveis ao público em diversos locais, embora as mais atrativas estejam em museus, teatros e salas de espetáculos da capital belga.

Grande destaque do festival, a exposição Brazil.Brasil reunirá 250 obras do período 1808-1950, época "em que a identidade cultural brasileira contemporânea começou a ser construída", explicou Kristine de Mulder, diretora-geral da Europalia.Brasil.

Situada no Palácio de Belas Artes de Bruxelas (Bozar), a mostra apresenta telas, esculturas, jóias e cerâmicas que refletem diferentes visões sobre o país, com obras particulares dedicadas ao império, aos índios, à escravidão e outros aspectos da sociedade brasileira.

Promovida pela Academia Real, a primeira parte da mostra é dedicada à arte do século 19, que cria uma imagem idealizada do país como "uma monarquia potente e civilizada", representando os negros e os índios "como nobres e médicos", explicou Dirk Vermaelen, um dos responsáveis da mostra.

Uma das obras mais importantes deste período é A primeira missa do Brasil, de Victor Meirelles, exposta no começo da mostra. Este olhar é ampliado a partir do contato com artistas e viajantes europeus. De forma progressiva, a arte passou a refletir "outra imagem do país e de sua diversidade cultural", com ingredientes afro-americanos e indígenas.

Na segunda parte, a exposição foca como a arte brasileira "abre totalmente no século 20", quando os modernistas deixam de lado todo academicismo para buscar suas próprias raízes.

O Movimento Antropófago foi uma das correntes mais radicais do modernismo, a partir da ideia que o canibalismo - entendido de forma metafórica - "é o único elemento que une filosoficamente os brasileiros", segundo escreveu Oswaldo de Andrade, que o fundou o movimento em 1928.

Os artistas deste movimento "canibalizam" as influências da arte europeia e as digerem acrescentando elementos indígenas, abrindo espaço para o surgimento de obras como a célebre tela Antropofagia ou Abaporu ("homem que come gente"), de Tarsila do Amaral, uma das peças chave da exposição.

As obras expostas são procedentes do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, do Museu de Arte e da Pinacoteca do Estado de São Paulo e de coleções privadas de todo o país.

Além disso, a Europalia apresentará uma exposição específica à arte indígena pré-colonial - Índios no Brasil, no Museu do Cinquentenário de Bruxelas -, e outra à fotografia brasileira, Extremes, que poderá ser vista no Bozar.

Na parte musical haverá atuações de artistas como Céu, Teresa Cristina, Silvério Pessoa e Maciel Salú (filho do mestre Salustiano), além de dias temáticos destinados ao samba e a outros gêneros populares brasileiros.

O vasto programa da Europalia.Brasil também inclui atos literários como as conferências do romancista Bernardo Carvalho e do poeta Paulo Lins, assim como vários ciclos de cinema dedicados as produções brasileiras que poderão ser vistos na filmoteca de Bruxelas, entre outros eventos.

EFE   
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