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Um ano após atentado, Charlie Hebdo reivindica sobrevivência

A manchete da revista é "Um ano depois, o assassino segue correndo", sobre a caricatura de um deus que corre com as mãos manchadas de sangue

4 jan 2016 - 10h29
(atualizado às 10h54)
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"Um ano depois, o assassino segue correndo", diz o título da revista
"Um ano depois, o assassino segue correndo", diz o título da revista
Foto: EFE

A revista francesa Charlie Hebdo reivindica sua sobrevivência contra o fanatismo religioso em um número especial pelo primeiro aniversário do atentado jihadista contra sua redação, cometido em 7 de janeiro de 2015.

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A manchete da revista, que sai à venda nesta quarta-feira (6), é "Um ano depois, o assassino segue correndo", sobre a caricatura de um deus que corre com as mãos manchadas de sangue e com um kalashnikov às costas.

No editorial, o diretor Laurent Sourisseau, conhecido como Riss, e um dos sobreviventes do ataque terrorista, assinalou que na história da Charlie Hebdo desde seu lançamento em 1992, "a morte sempre fez parte do periódico", primeiro porque estava ameaçado de desaparecer por razões econômicas.

Riss denunciou que desde que publicaram as famosas caricaturas do profeta Maomé em 2006, "muitos esperavam que nos matassem", e nesse grupo incluiu "fanáticos embrutecidos pelo Corão", mas também de outras religiões que "nos desejavam o inferno no qual acreditam por termos nos atrevido a rir da religião".

Também alguns "intelectuais amargurados e jornalistas invejosos", contou. "Esse atalho de loucos e de covardes queria nossa morte", disse.

O diretor lembrou que em 2011 sofreram um primeiro atentado, quando a redação foi incendiada, o que levou a polícia a protegê-los.

Uma proteção que o próprio Riss reconheceu que tinha considerado que não era mais necessária um mês antes do ataque de janeiro de 2015. "As histórias das caricaturas eram passado. Mas a religião desconhece o tempo. Não conta em anos ou em séculos porque só conta a eternidade".

"Um crente, sobretudo fanático, não esquece nunca a afronta a sua fé porque tem atrás e à frente a eternidade. É o que tínhamos esquecido em Charlie. A eternidade nos caiu como um raio naquela quarta-feira 7 de janeiro".

Riss justificou a continuidade da publicação depois do atentado exatamente porque "tudo o que vivemos há 23 anos nos dá a raiva para continuar".

"Nunca tivemos tantas vontade de quebrar a cara dos que sonharam com nosso desaparecimento. Não serão uns imbecis encapuzados que vão jogar por terra o trabalho de nossas vidas e todos os momentos formidáveis que vivemos com os que morreram. Não serão eles que verão o Charlie morrer. É Charlie o que os verá cair”, afirmou.

Sua conclusão é que "as convicções dos ateus e dos laicos podem movimentar ainda mais montanhas do que a fé dos crentes".

O número especial desta semana sairá com uma tiragem de um milhão de exemplares e 32 páginas, em vez das 16 frequentes, com ilustrações dos desenhistas assassinados e também dos atuais, assim como mensagens de apoio de personalidades.

Entre elas estão as atrizes Isabelle Adjani, Juliette Binoche e Charlotte Gainsbourg, intelectuais como Talisma Nasreen, e músicos como Ibrahim Maalouf, além da ministra francesa de Cultura, Fleur Pellerin.

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EFE   
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