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Conto esquecido de Samuel Beckett vai ser publicado em abril

31 mar 2014 - 16h35
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O personagem-título nunca aparece na peça "Esperando Godot", de Samuel Beckett, mas um trabalho inédito, rejeitado como um "pesadelo" pelo editor do escritor em 1933, aparecerá nas livrarias no próximo mês.

O conto "Ossos do Eco", escrito na intenção de ser a 11a e conclusiva história na coletânea inicial de Beckett "More Pricks than Kicks", será publicado individualmente pela Faber & Faber em 17 de abril, com uma longa introdução do estudioso da obra do escritor Mark Nixon, anunciou a editora nesta segunda-feira.

Nixon, estudioso de literatura moderna na Universidade de Reading, que abriga a mais extensa coleção de trabalhos de Beckett, afirmou que a história de 13.500 palavras deve interessar mais gente do que apenas especialistas no escritor.

"É bem escrito. É um símbolo de um jovem muito inteligente escrevendo muito no molde da ficção experimental modernista da época", disse Nixon em uma entrevista por telefone.

"Você pode ver a influência de James Joyce na história, na qual Beckett usa temas e estilos e referências de várias fontes diferentes."

Nixon disse entender o motivo do então editor de Beckett, Charles Prentice, da editora Chatto & Windus, rejeitar o conto.

Em um bilhete de novembro de 1933 a Beckett, que veio a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura em 1969 e morreu em 1989, Prentice escreveu: "Querido Sam, isto é um pesadelo... 'Ossos do Eco' iria, tenho certeza, provocar a perda de muitos leitores."

Nixon afirmou que apesar de as histórias do escritor geralmente serem estranhas, esta é ainda mais estranha, tendo como personagem principal uma pessoa que retorna do túmulo.

"É por isso que publicamos essa edição com uma longa introdução", disse Nixon, acrescentando que a decisão de publicar "Ossos do Eco" separadamente ocorreu porque "More Pricks and Kicks" já teve seu momento por todos esses anos.

Nixon explicou que o conto provavelmente foi esquecido por Beckett, que centrou sua atenção a outros trabalhos. Mas duas cópias foram preservadas, em arquivos do Dartmouth College em New Hampshire e na Universidade do Texas, em Austin.

O estudioso afirmou não ter conhecimento de outras histórias esquecidas de Beckett aguardando publicação, mas disse que há planos em andamento para publicar um diário que o escritor manteve em uma viagem de seis meses pela Alemanha nazista entre 1936 e 1937.

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