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Sânscrito: longe de ser uma língua morta, atrai inclusive fora da Índia

9 set 2014 - 10h17
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O sânscrito longe de ser um língua morta conta cada vez com mais estudantes inclusive fora da Índia, já que até na América e Europa existe um crescente interesse em aprendê-lo.

Esta língua indoeuropeia emprestou ao português palavras como ioga, avatar, guru, mantra e nirvana, além de que vem dela de forma indireta nomes de cores como azul e lilás e de frutas como limão e laranja.

"Mas o sânscrito não é só uma língua", uma das 22 reconhecidas na Índia, "mas também o estudo da história e da cultura indiana", assegura à Agência Efe o professor Ramesh Bhardwaj, da Universidade de Délhi.

Bhardwaj ressalta com orgulho que esta universidade da capital indiana tem o maior Departamento de Sânscrito "do mundo", com mais de 500 estudantes de pós-graduação, que aprendem não só um idioma, mas matérias que vão da astronomia à epigrafia.

O número de alunos supera os 4.000 em diferentes universidades e mais de 300 centros de pesquisa se encarregam de manter viva esta língua em todo o país, números que praticamente se duplicaram em apenas dois anos.

Boa parte do passado da Índia "só está disponível em inscrições em sânscrito", uma língua de cerca de 3.000 anos de antiguidade com uma influência em muitos idiomas da Ásia comparável ao latim ou ao grego na Europa.

Embora se possa estudar no ensino básico na Índia, poucos lembram depois o que aprenderam, mas alguns, cada vez mais, voltaram a se interessar: "para conhecer a filosofia do país, paras suas orações diárias" - os hindus -, "ou gente de 60 e 70 anos que simplesmente quer conhecer melhor a si próprio", comenta.

O professor acredita que o novo governo indiano, que desde maio ostenta o partido nacionalista hindu BJP, promoverá uma língua "que nos últimos 65 anos esteve abandonada", mas à qual as novas tecnologias deram outra oportunidade.

A internet conta com várias propostas para aprender este idioma, não só na Índia, já que muitas páginas e blogs dos Estados Unidos, México e Espanha permitem adentrar no qual durante séculos foi a linguagem litúrgica do Hinduísmo, do Budismo e do Jainismo.

Movimentos como o Samkrita Bharati para promover seu estudo ultrapassam fronteiras e desde a Índia têm notável presença em países como os Estados Unidos, especialmente na costa leste, onde existem bastantes centros que ensinam este idioma.

Ramesh Bhardwaj aponta que esta presença é também notável em países europeus como a Alemanha, além de que a seu departamento acorre um número crescente de estudantes da Europa e de países mais próximos como Camboja, China e Japão.

Não em vão, um dos lemas do sânscrito é que "toda a terra é como uma família e o conhecimento dá cortesia, humanidade".

Junto a este lema escrito em uma das salas de aula da Universidade de Délhi, o estudante Sandhya Pruthi adverte que "se você não sabe sânscrito, não será capaz de entender as fontes do conhecimento" em disciplinas tão atuais como a gestão de empresas.

Sua companheira Deepti Kumari reconhece que "é uma língua antiga, mas muito prática para os tempos modernos e muito útil", por isso que "não podemos dizer que esteja morta: está muito viva" e inclusive juízes e advogados recorrem a ela diariamente nos tribunais do país.

Rekha Singh, outro estudante, defende que o sânscrito "dá soluções realmente brilhantes para todos os problemas", enquanto Rinku Kaishik, que trabalha no Departamento, coincide em que "tem as soluções para muitos deles".

Para ilustrá-lo, seu colega Sushil Kumar recorre ao exemplo de Manjul Bhargava, um americano de origem indiano que ganhou o prêmio mais famoso do mundo em Matemática após resolver graças ao sânscrito um problema que estava dois séculos deixando loucos os matemáticos.

EFE   
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