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"Quero um livro de carne e osso", diz Rubem Alves na Bienal

14 ago 2010 - 20h01
(atualizado às 20h31)
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Luciana Quierati
Direto de São Paulo

O escritor e filósofo Rubem Alves, de 77 anos, mostrou-se avesso ao livro digital durante sua participação, ao lado do quadrinista Mauricio de Sousa, no segundo dia da 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, neste sábado (14). "Quero um livro de carne e osso, mesmo que de vez em quando a gente rasgue umas páginas, como nas nossas relações. Mas depois a gente conserta", disse.

O autor disse que o segredo de um livro não está apenas no que está escrito nele, mas no simples fato de ele ser o objeto que é. Para exemplicar sua preferência, comparou o livro convencional a uma mulher quando questionado sobre qual sua opinião sobre os livros digitais. "Deixa eu refazer a sua pergunta. Qual é a minha opinião sobre mulheres digitais? Mulher para ser mulher precisa ter um cheirinho. Eu me lembro do cheiro dos livros novos do ginásio", contou.

Alves e Mauricio falaram no espaço Salão de Ideias sobre a parceria entre ambos para a versão ilustrada de A Menina e o Pássaro Encantado e a obra Pinóquio às Avessas, lançados durante a feira. Os textos são de Rubem Alves e as ilustrações, de Mauricio, que, no primeiro, transformou a menina em Rosinha e o pássaro, em Chico Bento, e, no segundo livro, Cebolinha em Pinóquio.

Demonstrações de carinho

Mauricio, que informou que a parceria apenas começando, quase fez Rubem chorar quando disse que o conto A Menina e o Pássaro Encantado teria tanta importância mundial quanto O Pequeno Príncipe tem, caso este não tivesse sido escrito. Ao que Rubem Alves, com a voz embargada, respondeu: "Esse foi um dos maiores elogios que jamais recebi".

Foram vários momentos de demonstração de carinho de um para com o outro. Logo no início do bate-papo, Rubem justificou o início da parceria dizendo que esta começou "da inveja que eu tenho do Mauricio". Segundo ele, a alegria que o quadrinista transmite em suas histórias o contagia.

O criador da Turma da Mônica também falou da dificuldade que ainda enfrenta, após mais de 20 anos de tentativas, de introduzir a personagem Mônica no Japão, e afirmou que vai ao país em setembro para, mais uma vez, "tentar a sorte". Comentou ainda sobre o sucesso do personagem Ronaldinho. "Os quadrinhos do Ronaldinho são os mais vendidos no mundo. Ele só não entra na Seleção Brasileira. De resto, ele faz tudo", brincou.

Mauricio falou também sobre a inspiração nos filhos para criar seus personagens e no fato de que, apesar dos anos, não observou mudanças significativas na personalidade e comportamento dos filhos que o ajudaram a compor seus personagens. "As pessoas não estão mudando. A Mônica tomou um banho de cultura, de boa educação, mas é a mesma. A Magali continua comendo do mesmo jeito e não engorda", revelou, dizendo ainda, ente gargalhadas, que, toda vez que recebe alguma reclamação dos genros, maridos de Mônica e Magali, com relação a elas, tem sempre a mesma resposta para ambos: "Vocês liam quadrinhos antes de se casarem com elas. Sabiam o que estavam fazendo".

O escritor Rubem Alves e o quadrinista Mauricio de Sousa participaram de encontro literário na Bienal do Livro de SP
O escritor Rubem Alves e o quadrinista Mauricio de Sousa participaram de encontro literário na Bienal do Livro de SP
Foto: Luciana Quierati / Redação Terra
Fonte: Redação Terra
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