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Especialistas: futuro das HQs mistura interatividade, texto e vídeo

22 ago 2011 - 17h29
(atualizado às 17h49)
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Carla Ruas
Direto de Washington

Nem revista, nem videogame, nem filme. No futuro, as histórias em quadrinhos contarão as aventuras dos super-heróis de uma forma inovadora que mistura interatividade, texto, vídeo, efeitos sonoros e de vibração. É esta a aposta dos especialistas que frequentaram a Conferência de Quadrinhos de Baltimore, nos Estados Unidos, neste último final de semana.

Considerando que nos próximos 10 anos a maioria dos americanos terá um tablet, não é difícil imaginar que as histórias em quadrinhos existirão principalmente no formato digital. E a expectativa é que as narrativas passem a ser criadas especificamente para estes aparelhos. "Se temos a tecnologia, por que não fazer da leitura uma experiência especial?", questiona Harold Buchholz, cartunista e diretor executivo da Editora Archie.

Em entrevista ao Terra, Buchholz lembrou que as HQs digitais disponibilizadas atualmente são apenas uma versão em PDF oferecidas numa tela capacitiva. O máximo permitido ao leitor é dar um zoom em detalhes que passariam despercebidos na revista tradicional. "São criadas com a mesma mentalidade há 70 anos, só que depois de prontas viram revistas digitais" afirma.

Mas para ele, os recursos tecnológicos permitem muito mais do que isso. Só depende dos roteiristas das HQs do futuro usarem a criatividade levando em consideração esta nova plataforma. "Olhe os livros infantis que têm sido lançados para os e-readers. Cada personagem tem uma voz, e se a criança acha o ovo da páscoa escondido, o livro inteiro ganha vida", lembra.

Buchholz acredita que o novo gênero vai atrair muitos novos leitores. Pelo menos é o que espera para as histórias da Editora Archie, como Archie e seus Amigos e Josie e as Gatinhas, ambas entre as mais bem-sucedidas do mundo digital. "Tenho certeza que alguém vai inventar um recurso inovador e nós vamos colocar em prática", garante.

Mudanças assustam leitora

Para a escritora Denise Detton, de 45 anos, a perspectiva de mudanças tão dramáticas assusta. Fã incondicional de quadrinhos desde criança, ela hoje tenta se adaptar à leitura no seu tablet, que navega com dificuldade. "Sinto falta de segurar a revista nas minhas mãos e sentir seu cheiro, porque foi assim que passei minha infância", diz.

Mas por outro lado, Denise não resistiu ao conforto da tecnologia. E ao invés de acumular revistas que empoeiravam na estante, agora tem todas as edições a um toque e num só lugar. "Eu me mudei de apartamento e simplesmente não tinha mais espaço", diz.

Sobre as HQs do futuro, afirma que as mudanças não lhe agradam, mas acredita que serão inevitáveis dentro das próximas gerações. "Eu conto com a ajuda da minha sobrinha de 4 anos para fazer o download das revistas. Agora imagina quando ela for adolescente. Viverá num mundo muito diferente do meu", conclui.

Harold Buchholz acredita que se os roteiristas de HQs tiverem criatividade, podem utilizar a tecnologia ao seu favor
Harold Buchholz acredita que se os roteiristas de HQs tiverem criatividade, podem utilizar a tecnologia ao seu favor
Foto: Carla Ruas / Especial para Terra
Fonte: Especial para Terra
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