PUBLICIDADE

Autora de 'Entrevista com o Vampiro' conversa com fãs na Bienal do Rio

7 set 2011 - 23h14
(atualizado às 23h20)
Compartilhar
Nathália Perdomo
Direto do Rio de Janeiro

Anne Rice, autora de Entrevista com o Vampiro, conversou com os fãs nesta quarta-feira (7) na 15° Bienal do Livro no Rio de Janeiro. Na mesa Encontro com autores, a escritora falou sobre a influência de sua cidade natal, Nova Orleans, no seu trabalho, sobre a construção de seus personagens e também divulgou o segundo livro da trilogia De Amor e Maldade.

Conhecida também pelas Crônicas Vampirescas, Anne carrega a influência de Nova Orleans em sua obra. Ela conta que o lugar onde nasceu e cresceu a influenciou pelos mistérios e pela espiritualidade. "Nova Orleans é muito importante para mim. Eu não entendia porque as pessoas não andavam pela cidade maravilhadas com aquilo tudo. Meu trabalho só deslanchou quando eu comecei a escrever sobre os mistérios de Nova Orleans", contou aos fãs.

A escola católica moldou sua fé, que, foi perdida ao entrar na universidade. "Deixei minha busca pela espiritualidade um pouco de lado. Mas, depois de um tempo, consegui reafirmar para mim mesma que eu acreditava em Deus e parei de me chamar de ateia", disse a escritora.

Questionada sobre a existência de vampiros, Anne Rice nega. "Eu me arrisco a dizer que não existem vampiros. Quando eu digo que Louis - o vampiro imortalizado por Brad Pitt no filme Entrevista com o Vampiro - nunca existiu, muitos fãs choram".

Anne torce para que outros filmes inspirados em seus livros ganhem vida e critica a adaptação de A Rainha dos Condenados, baseado na série Crônicas Vampirescas. "Eu me ofereci para escrever o roteiro, mas eles (os produtores do filme) não deixaram. Eles falaram que eu era grande demais para aquilo. Foi uma decepção para a maioria dos fãs da série. Até hoje recebo comentários no Facebook questionando o porquê de eu ter autorizado o filme. Mas eu não pude impedi-los. O diretor Michael Rymer é muito talentoso, mas eu realmente não sei o que ele estava pensando quando resolveu fazer A Rainha dos Condenados", desabafou Anne.

Em relação ao clássico Entrevista com o Vampiro, Anne mostrou-se satisfeita com a adaptação. "Fiquei agoniada quando me disseram que queriam fazer o filme porque eu estava muito feliz com os personagens que eu e os leitores tínhamos em mente. Mas gostei muito do trabalho que o Brad Pitt e o Tom Cruise fizeram".

E adiantou: "Não posso anunciar muita coisa ainda, mas há pessoas interessadas em fazer um filme sobre o personagem Lestat".

Um dos leitores presentes no encontro interrogou Anne a respeito do final insatisfatório de alguns personagens da série Crônicas Vampirescas. A autora admitiu o resultado aquém do esperado e acrescentou: "Os escritores têm que pensar num final que tenha um senso de satisfação. Por mais que eu os ame (os personagens), eu não posso inventar um final sobre algo que não esteja enraizado em mim. Minha mente exige novas histórias, novos personagen. Não quero retomar personagens que me ocorreram há 30 anos".

Inspiração para livros é mais intuitiva do que real

Anne Rice guarda a lembrança de sua máquina de escrever quando morava na Califórnia. Seu primeiro livro, Entrevista com o Vampiro, de 1976, nasceu de sua curiosidade do que seriam vampiros caso eles existissem. "Com a imortalidade lúdica, fui inspirada a escrever sobre vampiros. Eu vi um mundo através deles, e encontrei uma metáfora perfeita para escrever sobre pessoas afastadas da sociedade como eu. Foi mais uma intuição, não imaginava que escreveria tantos outros livros depois daquele".

O preferido de Anne, no entanto, não é o primeiro da carreira. Memnoch foi eleito pela própria autora o melhor de sua obra, que agora lança o segundo da trilogia, De amor e Maldade, continuação de Tempo dos Anjos.

A beleza do Rio inspirou Anne

O romance Violino, de 1997, foi inspirado por uma de suas visitas ao Rio de Janeiro. "Sempre quis conhecer a cidade e ficar aos pés do Cristo. Eu estava hospedada no Copacabana Palace quando comecei a escrever tudo num caderno, porque eu não tinha minha máquina comigo. Eu ficava olhando aquelas ondas da praia mais bonita de todas e me inspirava", contou.

Violino conta a história de duas personagens ligadas à música. Triana sonha em ser musicista, enquanto Stefan é um fantasma atormentado que usa seu violino mágico para enfeitiçá-la e dominá-la. Em um dos capítulos, Anne contou uma história que viveu naquele hotel em Copacabana. Mas, em vez da autora, a personagem Triana era quem recebia um buquê de rosas vermelhas. "Aquele capítulo foi uma carta de amor ao Rio", declarou.

O carinho dos fãs

O encontro com Anne estava marcado para às 18h, mas os fãs chegaram cedo para garantir as senhas. Helen Maia, 16 anos, conseguiu a primeira delas. "Eu já li todos os livros da Anne. Eles não se resumem a seres vampirescos. São muito mais filosóficos do que isso", afirmou.

Helen havia encontrado Anne no dia anterior, depois de fazer uma busca de hoteis na cidade. "Minha mãe ligou para todos os hoteis do Rio para descobrir onde ela estava e conseguiram transferir minha ligação para o quarto dela. Ela estava dormindo, e eu não acreditei que estava falando com a Anne Rice pelo telefone. Fui até lá e encontrei a Anne de sobretudo na praia, comprando um refrigerante com a assessora dela. Ela foi muito gentil e eu entreguei um buquê de rosas para ela. Tiramos foto e fizemos um vídeo, que está no Facebook dela com o título Meeting a fan in Rio de Janeiro", contou a fã.

A admiração por Anne é tão grande, que um dos planos de Helen era viajar até os Estados Unidos para conhecer a escritora. "Como presente de 15 anos, eu queria ir até a casa dela pessoalmente, mas não consegui por falta de dinheiro. Eu fiquei muito triste, não estava acreditando que não conheceria minha escritora favorita, que mudou minha vida. Quando soube que ela vinha à Bienal, eu fiquei muito feliz".

Outra fã, Isabelle Erthal, 25 anos, inspirou-se no personagem Armand, seu preferido da série Crônicas Vampirescas, e foi para o encontro vestida como ele. Até o cabelo, tingido de laranja, foi pensado para compor o figurino. "A Anne mudou minha maneira de ver o ser humano. O Armand não julga ninguém pela aparência e eu me inspiro nele".

Anne Rice chega à Bienal do Livro para conversar com fãs no Rio de Janeiro
Anne Rice chega à Bienal do Livro para conversar com fãs no Rio de Janeiro
Foto: Nathália Perdomo / Especial para Terra
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade