PUBLICIDADE

Ministra da Cultura lança edital para negros: teremos nosso Spike Lee

20 nov 2012 - 14h50
(atualizado às 15h02)
Compartilhar
Renan Truffi
Direto de São Paulo

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, apresentou, no início da tarde desta terça-feira (20), Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, um pacote de editais de "quase R$ 10 milhões" para produtores culturais e artistas negros. A cerimônia ocorreu no Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, zona sul da capital paulista, com a presença da ministra-chefe de Política de Promoção de Igualdade Racial, Luiza Bairros.

Marta falou que o objetivo dos editais é "aumentar as oportunidades para a comunidade negra se inserir na cultura, principalmente, na área da produção". "Não podemos achar que os talentos negros são menores em número do que os talentos brancos (no Brasil). Ou não estão tendo oportunidade de se expressar ou não estão tendo oportunidade de se apresentar. O que nós queremos é que um maior número de brasileiros negros possam viver da sua arte, mas que tenham possibilidade de criar. Isso ainda não acontece. Nós não temos nosso Spike Lee, mas vamos ter com certeza", afirmou em referência ao cineasta norte-americano negro, conhecido por trabalhar com a temática racial em seus filmes.

Marta Suplicy também afirmou que o Ministério da Cultura vai continuar adotando "ações afirmativas" enquanto os negros tiverem menos oportunidades que outras raças no País. "É a primeira vez que o Minc tem uma ação desse tipo. Então nós vamos ver como vai caminhar, corrigir o que não tiver funcionando, aumentar o que tiver funcionando. É uma medida que, espero, só passe a não existir quando tivermos uma equidade em termos de oportunidade para todas as raças", defendeu.

A ministra ainda rebateu as críticas feitas por pessoas do meio cultural, que acusaram a medida de ser preconceituosa. "Eu acho que o preconceito é o negro não ter acesso. Não sei como as pessoas não veem isso. O preconceito é isso. É você ter talento e não poder expressar seu talento. Quando você dá oportunidade, você está quebrando a barreira", argumentou.

Editais

Também estiveram na cerimônia o diretor-curador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo, os presidentes da FCP (Fundação Cultural Palmares), Eloi Ferreira; da Funarte (Fundação Nacional de Artes), Antonio Grassi, e da FBN (Fundação Biblioteca Nacional), Galeno Amorim. Isso porque os recursos foram divididos para cada uma dessas áreas, que vão distribuí-los em editais diferentes.

A FBN, por exemplo, vai selecionar projetos para pontos de leitura cultura negra e apoiar a coedição de 25 livros de autores negros com aproximadamente R$ 500 mil, entre outras coisas. "É muito desproporcional a contribuição dos negros na cultura brasileira", afirmou Amorim ao falar dos editais de sua responsabilidade.

Já a Funarte vai ficar com cerca de R$ 4,3 milhões para premiar, por meio do edital Prêmio Funarte Grande Otelo, 33 projetos nas categorias artes visuais, circo, dança, música, teatro e preservação de memória que estimulem a pesquisa "e a reflexão sobre a produção artística negra no Brasil".

Marta ainda assinou a criação de um grupo de trabalho que vai viabilizar a construção do Museu Nacional Afro Brasileiro de Cultura em Brasília. O diretor-curador do Museu Afro Brasil em São Paulo também elogiou as ações. "O Brasil enriqueceu no lombo do escravo e na força do africano que construiu os engenhos", disse.

Marta Suplicy apresentou um pacote de editais de quase R$ 10 milhões
Marta Suplicy apresentou um pacote de editais de quase R$ 10 milhões
Foto: Francisco Cepeda / AgNews
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade