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"A felicidade é uma invenção", diz Paulo Coelho ao lançar livro

21 nov 2012 - 14h35
(atualizado às 16h52)
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Após três anos sem aparecer publicamente e depois de se recuperar de uma operação no coração, o escritor Paulo Coelho lançou em Madri nesta quarta-feira (21) seu mais recente livro, O Manuscrito Encontrado em Accra, em um evento em que fez uma intensa defesa da internet e das redes sociais.

"Para mim, escrever significa o contato humano", explicou. "Nunca compreendi isso do escritor isolado em sua torre de marfim. A internet é uma revolução, e as redes sociais, Twitter, Facebook, meu blog e os posts, mudaram tudo. Criaram outro Renascimento", analisou o autor de O Alquimista, diante de uma sala repleta de jornalistas.

Coelho, que tem 17 milhões de seguidores nas redes sociais e vendeu cerca de 150 milhões de livros em 168 países e em 73 idiomas, antes de iniciar a entrevista coletiva, escreveu no Twitter que estava apresentando seu livro.

"A tendência do escritor hoje em dia é basicamente escrever nas plataformas para compartilhar seu trabalho. O sonho do escritor é ser lido, não fazer um jardim para seu livro, mas captar outras sensações humanas, compartilhar e que haja uma compressão mútua", argumentou, bastante prolixo, levando em conta que não tem dado entrevistas nem feito eventos de lançamento para seus livros.

Mas o autor de 64 anos, com uma intensa biografia - hippie, rebelde, espiritualizado, viajante do mundo e vítima de torturas durante a ditadura, entre outras facetas, e que encontrou a paz em 1986 após percorrer o Caminho de Santiago -, acredita que neste momento de revolução tecnológica existe, por outro lado, uma crise de valores.

Essas são as questões que o autor aborda em O Manuscrito Encontrado em Accra, que será lançado pela Editora Sextante no Brasil e na América Latina amanhã, exceto na Colômbia, onde sairá em 6 dezembro, assim como nos Estados Unidos.

Na obra, Coelho narra a história do manuscrito de Accra, escrito em árabe, hebraico e latim, que conta o relato sobre os conselhos que um sábio grego deu à população de Jerusalém na véspera da invasão dos cruzados.

Assim, em uma clara homenagem à obra O Profeta, de Khalil Gibran, como afirmou hoje o próprio autor, O Manuscrito Encontrado em Accra é uma parábola sobre a falta de valores na sociedade atual. "Valores que são os mesmos hoje que há mil ou 5 mil anos, um livro sobre a eterna pergunta: 'quem sou eu?'".

"É um livro sem respostas, mas com muitas perguntas, porque eu não tenho respostas, só perguntas", acrescentou, vestido de preto como de costume. "A obra é escrita de forma metafórica e dirigida a todos aqueles que se deixam surpreender, que têm curiosidade e que não esquecem a criança que todos carregam em si", disse Coelho.

"A criança é o que fala com a voz mais pura, que enfrenta os desafios do mundo sem preconceitos", acrescentou. O autor sempre comentou que não gosta de ser chamado de "guru" ou "visionário", mas o certo é que a maioria dos livros de Coelho, de forma explícita ou implícita, convoca à espiritualidade e, hoje, em sua entrevista coletiva, também fez um apelo pela recuperação do básico, do essencial.

Quando perguntaram ao escritor sobre a felicidade, ele respondeu que não acreditava nela. "É uma invenção do século 18. Agora temos o consumo, que pode fazer muita gente parecer feliz", disse. "Não me interessa a felicidade, prefiro a alegria. A felicidade é para o tempo e o espaço, nada mais".

Contente, o autor de O Diário de um Mago destacou que adora os desafios e que este livro era um. "Estou muito contente com o livro e tenho tanta esperança como com o primeiro", concluiu.

O escritor lançou 'O Manuscrito Encontrado em Accra'
O escritor lançou 'O Manuscrito Encontrado em Accra'
Foto: EFE
EFE   
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