Brian Eno prefere "unhas quentes" no corpo a voltar com o Roxy Music
- PAULA BIANCHI
- Direto do Rio de Janeiro
No Rio até segunda-feira (22) como artista convidado da mostra OiR ¿ Outras ideias para o Rio, o ex-tecladista da banda Roxy Music, Brian Eno, aproveitou a coletiva de apresentação da instalação que irá realizar nos arcos da Lapa no fim de semana para desencorajar os fãs do grupo. Se depender do músico, a banda, um dos ícones do glam rock nos anos 1970, nunca mais irá se reunir com a formação original.
"Seria como enfiar unhas quentes em minhas bolas", disparou ao ser questionado sobre uma possível turnê com os ex-colegas. Em 2001, o Roxy Music, que havia se separado em 1983, voltou a tocar sem Eno, a fim de comemorar os 30 anos da banda, e segue em turnê desde então. Para o músico, a simples ideia de uma reunião soa insuportável. "Sou amigo de todos aqueles caras, nos damos muito bem, mas eu simplesmente odeio a ideia de uma volta. Seria embaraçoso para cada um de nós, eu acho", disse Eno, que também foi produtor de David Bowie, U2 e Coldplay.
Entre os dias 19 e 21 de outubro, Eno apresenta, no Rio, a instalação 77 milhões de pinturas, em que constrói, a partir de um aplicativo que ele mesmo criou para o iPad, uma série de "paisagens sonoras" que serão projetadas nos arcas da Lapa misturando imagens e sons.
Acostumado a expor majoritariamente em galerias, o músico, que se considera antes tudo um "artista virtual", diz preferir o público das instalações ao ar livre. "A audiência que frequenta galerias no geral não entende o meu trabalho. Eles têm uma ideia fixa do que aquilo deve ser e não conseguem assimilar. O público da rua, como o da Lapa, que passa e se interessa, entende bem mais."