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Prefeitura anuncia choque de ordem no Carnaval de rua do Rio

23 fev 2010 - 08h15
(atualizado às 08h47)
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Flávia Salme e Thiago Feres
Rio de Janeiro

Na tentativa de fazer um Carnaval de rua menos confuso, o secretário de Turismo, Antônio Pedro Figueira, anunciou nessa segunda-feira (22) que em 2011 não serão autorizados desfiles de novos blocos nos bairros de Ipanema, Leblon, Gávea, Laranjeiras e Santa Teresa. Além disso, na Rua Dias Ferreira, no Leblon, via que concentra os principais restaurantes do bairro, não será mais permitido qualquer desfile. Por lá, passava o Azeitona Sem Caroço, que arrastou milhares de foliões neste Carnaval.

Alguns dos 465 blocos que desfilaram pelo Rio poderão sofrer alterações de percurso. Existe até mesmo a possibilidade de haver deslocamento para bairros vizinhos ou para outras regiões da cidade. Enquanto a prefeitura se preocupa em melhorar as condições em cinco localidades, os moradores de Copacabana temem uma possível invasão dos grupos carnavalescos. O desespero de quem reside na Rua Sousa Lima é ainda maior, já que a última festa momesca foi marcada por muito barulho.

"Sou favorável aos desfiles, inclusive faço parte do Bloco da Segunda. Só que o pessoal do Follies Bar (localizado no número 121 da via) abusou este ano", conta a moradora Maria Aparecida Nogueira, 62. "Instalaram caixas de som na calçada e uma banda tocou todos os dias do Carnaval. Não conseguia conversar dentro da minha própria casa. Um absurdo."

Sobre um possível deslocamento de blocos para o bairro, as entidades representativas de Copacabana preferem a cautela ao comentar as mudanças. "Copacabana não sofre com grandes desfiles de blocos no Carnaval. O bairro já foi palco da apresentação do Monobloco, e não aguentou. A prefeitura fala em redistribuir, isso tudo precisa ficar mais claro. Não tenho motivos para reclamar agora, mas vamos observar o que vai acontecer", avaliou Horário Magalhães, presidente da Sociedade de Amigos de Copacabana.

Já na Rua Dias Ferreira, no Leblon, a notícia da proibição dos desfiles na via agradou. "Instalamos até uma grade na frente da farmácia para evitar problemas de anos anteriores. Blocos provocam confusão e mau cheiro. A rua é muito estreita para festas assim", contou o enfermeiro da Drogaria Wilson, Marco Brasil, 60.

Mesmo com os problemas com o trânsito, no recolhimento de lixo e a falta de banheiros, o secretário de Turismo, Antônio Pedro Figueira, avaliou muito positivamente a festa da cidade. "Nota 10 para o Carnaval do Rio, mesmo sabendo que ainda precisamos melhorar", disse.

Promessa de mais banheiros no ano que vem

A previsão para 2011 é de que, pelo menos, cinco mil banheiros sejam distribuídos pelos blocos que desfilarão pela cidade. O caderno de encargos da prefeitura, que será lançado em setembro e vai determinar qual empresa será a responsável pela distribuição dos equipamentos, terá a quantidade como piso, mas não impede que a empresa vencedora forneça um número superior de banheiros, como ocorreu este ano.

"Fixamos em cinco mil banheiros. O que representa um número 56% maior do que o determinado para este ano, que era de 3.200 banheiros. Uma marca de cerveja optou por instalar 4 mil equipamentos", destacou o secretário de Turismo, Antônio Pedro Figueira.Apesar disso, 342 pessoas foram flagradas por agentes da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop) urinando nas ruas, e foram encaminhadas para as delegacias mais próximas, entre elas, dois turistas da Dinamarca. A ideia da prefeitura é manter a campanha de conscientização para que os foliões não façam xixi nas ruas.

"Aqui não tem hipocrisia. Não vamos conseguir colocar banheiros para todos. O que se precisa ter é educação. Nas grandes cidades do mundo, ninguém é flagrado urinando nas vias públicas", desabafou Antônio Pedro Figueira, que aproveitou para negar qualquer possibilidade de fusão entre blocos carnavalescos, informação dada na manhã de segunda-feira pelo secretário da Seop, Rodrigo Bethlem.

O vereador Eliomar Coelho (Psol) também defendeu uma campanha de educação para os moradores, mas sem que a tradição carnavalesca sofra sanções ou seja prejudicada por causa de mijões.

Durante o Carnaval de 2010, a depredação aos banheiros químicos sofreu uma redução de 50% para apenas 10%, números que foram comemorados pela RioTur.

A cidade recebeu 800 mil turistas e 94% da rede hoteleira foi ocupada. A movimentação financeira foi de US$ 528 milhões e das ruas foram recolhidas 865,8 toneladas de lixo.

Uma pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (Espm) apontou que turistas de 23 nacionalidades estiveram presentes na Marquês de Sapucaí para acompanhar os desfiles.

Blocos de rua sofrem alterações em 2011
Blocos de rua sofrem alterações em 2011
Foto: Fabrício Rampazzo / Especial para Terra
Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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