Prefeitura anuncia choque de ordem no Carnaval de rua do Rio
- Flávia Salme e Thiago Feres
- Rio de Janeiro
Na tentativa de fazer um Carnaval de rua menos confuso, o secretário de Turismo, Antônio Pedro Figueira, anunciou nessa segunda-feira (22) que em 2011 não serão autorizados desfiles de novos blocos nos bairros de Ipanema, Leblon, Gávea, Laranjeiras e Santa Teresa. Além disso, na Rua Dias Ferreira, no Leblon, via que concentra os principais restaurantes do bairro, não será mais permitido qualquer desfile. Por lá, passava o Azeitona Sem Caroço, que arrastou milhares de foliões neste Carnaval.
Alguns dos 465 blocos que desfilaram pelo Rio poderão sofrer alterações de percurso. Existe até mesmo a possibilidade de haver deslocamento para bairros vizinhos ou para outras regiões da cidade. Enquanto a prefeitura se preocupa em melhorar as condições em cinco localidades, os moradores de Copacabana temem uma possível invasão dos grupos carnavalescos. O desespero de quem reside na Rua Sousa Lima é ainda maior, já que a última festa momesca foi marcada por muito barulho.
"Sou favorável aos desfiles, inclusive faço parte do Bloco da Segunda. Só que o pessoal do Follies Bar (localizado no número 121 da via) abusou este ano", conta a moradora Maria Aparecida Nogueira, 62. "Instalaram caixas de som na calçada e uma banda tocou todos os dias do Carnaval. Não conseguia conversar dentro da minha própria casa. Um absurdo."
Sobre um possível deslocamento de blocos para o bairro, as entidades representativas de Copacabana preferem a cautela ao comentar as mudanças. "Copacabana não sofre com grandes desfiles de blocos no Carnaval. O bairro já foi palco da apresentação do Monobloco, e não aguentou. A prefeitura fala em redistribuir, isso tudo precisa ficar mais claro. Não tenho motivos para reclamar agora, mas vamos observar o que vai acontecer", avaliou Horário Magalhães, presidente da Sociedade de Amigos de Copacabana.
Já na Rua Dias Ferreira, no Leblon, a notícia da proibição dos desfiles na via agradou. "Instalamos até uma grade na frente da farmácia para evitar problemas de anos anteriores. Blocos provocam confusão e mau cheiro. A rua é muito estreita para festas assim", contou o enfermeiro da Drogaria Wilson, Marco Brasil, 60.
Mesmo com os problemas com o trânsito, no recolhimento de lixo e a falta de banheiros, o secretário de Turismo, Antônio Pedro Figueira, avaliou muito positivamente a festa da cidade. "Nota 10 para o Carnaval do Rio, mesmo sabendo que ainda precisamos melhorar", disse.
Promessa de mais banheiros no ano que vem
A previsão para 2011 é de que, pelo menos, cinco mil banheiros sejam distribuídos pelos blocos que desfilarão pela cidade. O caderno de encargos da prefeitura, que será lançado em setembro e vai determinar qual empresa será a responsável pela distribuição dos equipamentos, terá a quantidade como piso, mas não impede que a empresa vencedora forneça um número superior de banheiros, como ocorreu este ano.
"Fixamos em cinco mil banheiros. O que representa um número 56% maior do que o determinado para este ano, que era de 3.200 banheiros. Uma marca de cerveja optou por instalar 4 mil equipamentos", destacou o secretário de Turismo, Antônio Pedro Figueira.Apesar disso, 342 pessoas foram flagradas por agentes da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop) urinando nas ruas, e foram encaminhadas para as delegacias mais próximas, entre elas, dois turistas da Dinamarca. A ideia da prefeitura é manter a campanha de conscientização para que os foliões não façam xixi nas ruas.
"Aqui não tem hipocrisia. Não vamos conseguir colocar banheiros para todos. O que se precisa ter é educação. Nas grandes cidades do mundo, ninguém é flagrado urinando nas vias públicas", desabafou Antônio Pedro Figueira, que aproveitou para negar qualquer possibilidade de fusão entre blocos carnavalescos, informação dada na manhã de segunda-feira pelo secretário da Seop, Rodrigo Bethlem.
O vereador Eliomar Coelho (Psol) também defendeu uma campanha de educação para os moradores, mas sem que a tradição carnavalesca sofra sanções ou seja prejudicada por causa de mijões.
Durante o Carnaval de 2010, a depredação aos banheiros químicos sofreu uma redução de 50% para apenas 10%, números que foram comemorados pela RioTur.
A cidade recebeu 800 mil turistas e 94% da rede hoteleira foi ocupada. A movimentação financeira foi de US$ 528 milhões e das ruas foram recolhidas 865,8 toneladas de lixo.
Uma pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (Espm) apontou que turistas de 23 nacionalidades estiveram presentes na Marquês de Sapucaí para acompanhar os desfiles.