Rio: Carnaval de rua anima foliões em Santa Teresa

Luís Bulcão Pinheiro

Direto do Rio de Janeiro

O monstro Frankenstein sobe uma ladeira próximo ao Largo do Guimarães, no bairro de Santa Teresa, zona Central do Rio de Janeiro. A caminhada é pausada, pois todos querem tirar fotos com a fantasia do analista de sistemas Daniel Ferreira, 35 anos. Pelo terceiro ano consecutivo, Daniel, que se amarra em fantasias malucas, participa do Carnaval de rua do Rio.

"Antes, eu passava o Carnaval no interior, onde ainda tinha blocos e festas de salão. Agora tudo isso voltou com força e hoje não tem Carnaval melhor do que esse", afirma o folião, que segue, acompanhado de sua mulher, Gisele, uma fisioterapeuta fantasiada de fisioterapeuta, rumo à concentração do Bloco das Carmelitas.

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Daniel pisa em solo sagrado do Carnaval de rua. Uma elevação charmosa de ladeiras antigas rabiscadas por trilhos de bonde localizada entre a boemia da Lapa e o templo da Sapucaí, Santa Teresa respira e transpira carnaval. Durante a festa, as ruas ficam fechadas para trânsito normal. Só circulam moradores, táxis e ônibus. Quando os blocos tradicionais passam, como o Carmelitas e o Céu na Terra, multidões se espremem nas ruas estreitas.

Quem aparecia em meio ao desfile do Carmelitas, que conduziu os foliões na tarde desta sexta-feira (4), era o gastrônomo Victor Rodrigues, 30 anos. Ele cortou uma folha de papelão, colocou sua cara no meio e pintou os detalhes do Facebook em torno de si, levando as redes sociais para o Carnaval. Assim como Daniel, Victor é carioca, mora no bairro do Cosme Velho, e não perde por nada os blocos do Rio. "Quero ir em 12 blocos até terça-feira. Esse é o melhor Carnaval do mundo. Muito melhor do que o da Bahia", garante.

Maratona maior fará Marcelo Pinheiro. Há 25 anos ele usa a mesma fantasia. Liga cordas em seus braços e simula um boneco de marionete. A dança faz sucesso e todo mundo quer controlar os movimentos do folião. Marcelo quer ir a 15 blocos. Para isso, acorda cedo. O primeiro de sábado será às 5h, o Embaixadores da Folia, que saí junto com o sol na Avenida Rio Branco, no Centro. O objetivo é pegar o bonde e correr para Santa Teresa, onde acompanhará o Céu na Terra. À tarde, o folião ainda escapa para outro bloco em Laranjeiras.

"O Carnaval de rua do Rio está tão grande que o segredo é saber os blocos mais obscuros, que começam bem cedo", indica Marcelo.

Enquanto o Carmelitas segue o caminho, algo raro acontece, um princípio de confusão. A briga entre dois brutamontes que se desentenderam por causa de uma colombina inocente começa e termina em instantes, acompanhada por vaias estrondosas da multidão. Esbanjando toda a autoridade que a sua fantasia de juiz lhe concede, o estudante Luiz Sérgio, 20 anos, estufa o peito e ergue o cartão vermelho para os dois. "Não está com nada isso", diz ele, após usar um lápis gigante para anotar a irregularidade na súmula.

O Carmelitas

Fundado em 1991, o Bloco das Carmelitas acompanhou o ressurgimento do Carnaval de rua no Rio. Espelhou-se a lenda de que certa feita, em tempos remotos, uma freira teria fugido da clausura do Convento das Carmelitas, localizado no mesmo bairro, e feito a festa no Carnaval. Muitos cobrem as cabeças com o hábito religioso para que a freira não seja identificada entre os foliões. Neste ano, o bloco homenageou o escritor Lima Barreto e o cartunista Lan, com bonecos de seus personagens.

Carnaval no Terra

O Terra transmite, ao vivo e em HD, a folia em Salvador. Não perca Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Daniela Mercury, Chiclete com Banana, entre outros, agitando o circuito Barra-Ondina.

O portal também acompanha minuto a minuto todos os desfiles e a apuração das escolas de samba de Rio de Janeiro e São Paulo.

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