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Com princípio de tumulto, Águia de Ouro desfila a Tropicália

19 fev 2012 - 02h33
(atualizado em 21/2/2012 às 13h13)
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Com um princípio de tumulto e uma correria no final do desfile, a Águia de Ouro celebrou o Tropicalismo na madrugada deste domingo (19), em São Paulo. A quarta escola a desfilar no Anhembi, a Águia encantou o público com o enredo Tropicalismo - O movimento que não acabou. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Rita Lee são algumas das personalidades que integraram os destaques da escola.

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Por conta de atraso na apresentação, a Águia de Ouro quase foi punida na evolução. A escola precisou correr nas últimas alas e do carro alegórico para não ultrapassar o tempo estabelecido. A tensão e a correria na hora de fechar o portão geraram um pequeno tumulto na dispersão, o que pode prejudicar a escola.

Sidnei Carrioulo Antônio, diretor da agremiação, explicou o atraso. "A comissão de frente tinha uma coreografia complicada. Tivemos algum problema com a águia também, e no final tivemos que correr para compensar", disse Antônio, que manteve o otimismo: "sempre temos esperança."

Muito assediados na dispersão, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Rita Lee foram monossilábicos ao comentar o desempenho da escola. Caminhando com uma fileira de seguranças, Caetano disse que "amou" o desfile. Antes de entrar em seu carro, ele parou para tirar fotos com alguns fãs. Gilberto Gil e Rita Lee contaram com o mesmo reforço de seguranças. Eles afirmaram que gostaram do desempenho da escola. "Foi bom", disse Gil. "Ótimo, foi uma delícia", afirmou Rita Lee.

Apesar dos problemas, a escola apresentou um desfile rico. Apontada como responsável pelos atrasos, a comissão de frente teve um integrante içado sobre os demais dançarinos. No carro abre-alas, os índios foram retratados como os primeiros tropicalistas brasileiros e as belezas naturais do País foram reverenciadas. À frente do carro, a garota de Ipanema, Helô Pinheiro, foi destaque em uma passarela que reproduzia o calçamento da famosa praia carioca.

Logo em seguida, diversas alas mostraram outras influências, como o movimento hippie, que inspirou a fantasia da bateria com perucas black power e óculos escuros. Durante a parada no recuo, a rainha Valeska Popozuda passou mal e teve que sentar por alguns instantes. Abatida, ela se recuperou e voltou a sambar à frente dos ritmistas até o final do desfile.

Passistas vestidos como fãs de rock também lembraram a influência do chamado Iê iê iê. A bossa nova e a Jovem Guarda também foram mostradas nas alas. As baianas estavam fantasiadas de mães de santo do candomblé, em homenagem a Mãe Menininha do Gantois. A fantasia das baianas também contava com as tradicionais fitas do Senhor do Bonfim para lembrar a festa popular de Salvador.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira homenageou o artista plástico Hélio Oiticia, com uma fantasia inspirada na explosão de cores de suas obras. Na sequência do desfile, a segunda alegoria mostrou a tensão do período da Ditadura Militar. Um grande tanque de guerra estava no centro do carro e acima dele, uma escultura lembrava o jornalista Vladimir Herzog, morto pela repressão. Nas laterais e no fundo do carro, passistas atrás de grades lembraram as músicas censurada e personalidades como Geraldo Vandré.

Em forma de arpa e com microfone no centro, a terceira alegoria da Águia de Ouro representou os Festivais de MPB, que foram fundamentais para a difusão do movimento tropicalista. Como destaques do carro, os cantores Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberta Miranda, Rita Lee e Cauby Peixoto cantavam animados o samba em homenagem ao movimento que eles protagonizaram.

A música passou a ser o destaque das alas do desfile, que mostrou as principais composições do movimento, como "Alegria Alegria". Na ala "São São Paulo", que leva o nome da música do compositor e integrante da tropicália Tom Zé, homenageou a cidade onde aconteceram os principais encontros do grupo de artistas tropicalistas.

No quarto carro alegórico, o teatro e o cinema foram destacados pela escola. Grandes máscaras lembraram as contribuições de Zé Celso Martinez Correa para o teatro e de Glauber Rocha para o cinema. O cineasta Fernando Meirelles e seu filho estiveram no carro filmando o desfile ao mesmo tempo em que as imagens eram projetadas em telas na borda da alegoria. O quinto carro alegórico, que encerrou o desfile passando rapidamente pela passarela, trazia uma réplica do apresentador Chacrinha e sósias de diversos artistas que passaram pelo seu programa.

Histórico

Criada em 1976, a escola é fruto da reunião de amigos sambistas e integrantes de um clube de futebol paulistano. Em sua trajetória, a escola já ganhou quatro títulos de campeã do Carnaval de São Paulo.

Ficha Técnica

Presidente:Sidnei Carriuolo Antônio

Carnavalesco: Cebola

Intérprete: Serginho do Porto

Cores: Azul e branco

Posição no Carnaval de 2010: 6º lugar

Carnaval no Terra
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Águia de Ouro celebrou o movimento que levou às artes a miscigenação brasileira
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Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
Fonte: Terra
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