Ivete investe em pagode, e Claudia tenta arrochar festa do axé

Fernando Diniz

Direto de Salvador

O axé ainda é o ritmo que encabeça os trios elétricos mais conhecidos, mas não precisa ser especialista para notar que perdeu espaço. Ivete Sangalo gostou do título de Presidenta da Bahia, concedido por pagodeiros, e toca músicas de seus governados sempre que pode. Claudia Leitte levou ao seu trio no último dia do Carnaval o cantor Pablo do Grupo Arrocha, agitando a multidão.

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Claro que Pablo ganhou mais espaço no circuito Campo Grande por causa da queda de Claudia Leitte, que precisou fazer um curativo. Os cerca de 10 minutos exclusivos a ele serviram para aprovar o sucesso. Enquanto ele cantava, a massa baiana repetia em coro as canções românticas.

Os cordeiros e seguranças dançavam e repetiam os versos do estilo arrocha, bastante popular na Bahia. "É mil vezes melhor que axé. Se a Claudia cantar uma, deixa ele cantar dez", disse Rosângela dos Santos, 32 anos, que largou a corda e virou espectadora durante a pausa médica da musa baiana. E os versos melosos continuaram. "Let it be, let it be, você é dona do meu corpo, dona de mim", dizia a letra da versão arrochada dos Beatles.

Do outro lado, Ivete incluiu em seu repertório músicas como Sim, Sim Sim, Não , Não , Não, do Saiddy Bamba, Menina Linda, do Fantasmão, e Pam Pam Ram Ram Pam Pam, do Ed City. No último dia do Carnaval, levou para o trio Leo Santana, do Parangolé, que apresentou neste Carnaval a Madeira de Lei.

O pagode baiano é diferente do gênero que fez sucesso entre os anos 90 e os anos 2000. As músicas não têm letras melosas e os versos costumam ter um efeito percussivo: "sim sim sim, não não não"; "pam pam ram ram pam pam"; "bate cabelo, bate cabelo, bate cabelo". Não é nenhuma poesia. Todavia, tem efeito na massa baiana, que une cordas e pipoca num mar turbulento de foliões pelas ruas da capital baiana.