Recife tem estrutura "10 vezes melhor" que a do Rio, diz prefeito
22 fev2012 - 18h44
Compartilhar
Celso Calheiros
Direto do Recife
A entrevista coletiva convocada pela prefeitura do Recife para apresentar um balanço do Carnaval 2012 nesta quarta-feira serviu para o prefeito João da Costa (PT) estabelecer comparativos entre as festas na capital pernambucana, em Salvador e no Rio de Janeiro. Segundo o petista, a estrutura do Recife é "dez vezes melhor" que a do Rio.
O Recife contou com observadores da Fifa que, durante o Carnaval, tiveram a missão de analisar as condições da cidade para receber a Fun-Fest, que deve ocorrer em todas as sedes da Copa. De acordo com João da Costa, os avaliadores ficaram satisfeitos. "Nossa estrutura é dez vezes melhor do que a do Rio", emendou o prefeito, em resposta a um repórter.
Questionado sobre os problemas no trânsito, João da Costa recorreu novamente a comparações. "Como é a estrutura do Rio para o Cordão da Bola Preta? Não se compara à do nosso Galo", disse, em referência aos maiores blocos do Rio e do Recife em número de foliões, o Bola Preta e o Galo da Madrugada.
O prefeito se disse animado com todos os resultados alcançados. De acordo com os números oficiais, os investimentos, que somaram R$ 32 milhões, tiveram retorno 15% superior ao do ano passado. "O incremento na economia da região foi de R$ 595 milhões", afirmou. O dado foi acompanhado de aumento no número de visitantes - 710 mil durante os quatro dias de Carnaval - e a consolidação da política de criação de polos com atrações musicais tanto no centro como em nove bairros do subúrbio.
Entre os principais artistas que cantaram neste ano estão Ney Matogrosso, Lulu Santos, Beth Carvalho, Fundo de Quintal, Criolo, Pedro Luís e a Parede, Elba Ramalho e Alceu Valença (homenageado junto ao artista plástico José Cláudio), além de atrações internacionais, como o grupo inglês de percurssão e coreografia Stomp, a africana Angélique Kidjo e a cabo-verdiana Mayra Andrade.
João da Costa destacou notícia passada pela ministra da Cultura, Ana Holanda, segundo a qual o frevo poderá se tornar patrimônio imaterial da humanidade. O prefeito disse que uma comissão da Unesco vai se reunir em novembro, em Barbados, para julgar os argumentos que o Ministério da Cultura apresentou defendendo a manifestação musical que nasceu no Recife e é uma das características do Carnaval.
O Bacalhau do Batata, bloco que percorre as ladeiras de Olinda na quarta-feira de Cinzas, surgiu da insatisfação de um garçom com o fim do Carnaval
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
O garçom Batata, que trabalhava durante a folia, resolveu tirar um sarro naquele ano de 1962 e saiu com um bacalhau pendurado em uma vara pelas ruas
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
A brincadeira do garçom foi atraindo gente e hoje, exatos 50 anos depois, arrasta o fim do Carnaval por mais um dia para uma multidão de olindenses
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
É assim que conta a sobrinha do já falecido Batata e atual diretora do bloco, Fátima Araújo, que tenta explicar por que o costume de sair com um bacalhau atraiu tanta gente
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
No fim da manhã das quartas-feiras pós-Carnaval, centenas de foliões percorrem as ruas íngremes da cidade ao redor do estandarte do bloco, de bonecos de Olinda e algumas pessoas ainda fantasiadas
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
"É essa coisa gostosa das pessoas se unirem. Todo mundo de ressaca, podia até ficar em casa, mas vem pra rua se juntar", diz a sobrinha do garçom Batata
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
O Bacalhau virou tradição, e com isso criou outros costumes
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
Um dos costumes surgiu no fim da madrugada da Quarta-feira de Cinzas de 1995, que acabou definindo o atual local de concentração do Bacalhau
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
Quando a música acabou daquele 1995, por volta das 4h, o público pediu para continuar. "Então peguei a orquestra e fiz um arrastão até o Alto da Sé", conta Zuza, da orquestra de frevo e assim se definiu o local de concentração do bloco
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
A ideia do arrastão, no entanto, não deu muito certo, e no ano seguinte ele eliminou o arrastão e planejou fazer comida para os foliões
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
"Vou fazer munguzá, que dá força e energia para eles conseguirem pular no Bacalhau do Batata", conta Zuza. O munguzá, similar à canjica dos paulistas, mas que costuma levar leite de coco em vez do de vaca, fez enorme sucesso e também virou tradição
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
Todo dia antes da saída do Bacalhau, por volta das 5h, o grupo de Zuza serve a iguaria para todos os foliões
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
"Às 9h, nós fazemos a troca das camisas, e do munguzá os foliões passam a ser comandados pelo bacalhau", explica Zuza
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
A concentração é no Alto da Sé, mas o grupo que vai até lá é minoria - muitos foliões preferem evitar as puxadas ladeiras de Olinda e esperam a passagem do bloco em ruas mais baixas
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
O grupo vai crescendo indefinidamente, agregando todos aqueles que ainda quiserem mais um dia de folia
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
O som do bloco é feito por orquestras de frevo
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
O garçom Batata é retratado em cartazes do bloco
Foto: Gil Vicente / Especial para Terra
Os foliões capricham nas fantasias no tradicional bloco da quarta-feira de cinzas