Beija-Flor homenageia Maranhão e Joãosinho Trinta no RJ
Festejando a quarta colocação no Carnaval carioca no desfile das campeãs, realizado neste sábado (25), na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, a Beija-Flor de Nilópolis entrou na passarela do samba com o enredo São Luís - O poema encantado do Maranhão, celebrando a história e a cultura do Estado nordestino. Mas foi a bela homenagem ao carnavalesco Joãosinho Trinta, morto em dezembro do ano passado, que voltou a emocionar o público.
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A agremiação reeditou em seu último carro a polêmica alegoria do carnavalesco no desfile de 1989. Após 23 anos, a imagem "Cristo Mendigo", censurada naquele ano, foi revelada na entrada da Sapucaí, com a figura do maranhense Joãosinho surgindo sobre a lona. Ao redor da figura, que acenava para as arquibancadas, centenas de mendigos lembravam o enredo "Ratos e Urubus".
Na comissão de frente, a lenda da "Serpente Encantada" mostrou a vitória indígena sobre a ameaça da serpente à cidade de São Luís. A ala desfilou com uma oca indígena de onde saía um gigantesco animal que, na coreografia executada na passarela, era combatido pelos dançarinos vestidos de tupinambás, habitantes da região.
O carro abre-alas, "A Quimera Europeia e o Imaginário", desfilou com um monstro de três cabeças - leão, cabra e dragão -, simbolizando os países que disputaram a colonização do Maranhão: França, Portugal e Holanda. Em contraste às suas riquezas, a escola também mostrou a influência africana na formação da cidade de São Luís.
Em alas coreografadas e nas laterais dos carros, os integrantes mostravam a escravidão na cidade. "O Mercado" foi uma super ala, com mais integrantes que as demais, na qual os passistas carregaram bandejas de mercadorias. Pouco antes, uma outra retratou os diferentes dialetos falados pelos negros escravos que trabalhavam no Maranhão.
A referência à herança africana foi o destaque de dois carros alegóricos. As alegorias lembraram os navios negreiros, com a encenação da lenda da escravidão de reis africanos no Estado. Nas laterais, o casco do barco é decorado com bonecos algemados, correntes e grilhões. Também foram mostrados os porões do navio negreiro, com grandes esculturas de negros com semblante de dor e sofrimento.
O desfile da Beija-Flor contou com 500 dançarinos e músicos maranhenses, que participaram de diferentes alas exaltando as lendas e manifestações folclóricas do Estado. Com um boi articulado de 11m de altura, a quinta alegoria da escola mostrou as festas típicas da região. Nas laterais do carro, outros personagens folclóricos foram retratados.
Os artistas, a literatura e a música do Maranhão também foram celebrados em uma alegoria que contou com a presença da sambista Alcione, natural de São Luís. No fim do desfile, o carro que trazia a escultura de Joãosinho Trinta foi precedido por outra grande alegoria reproduzindo os casarões tradicionais da capital do Estado.
Histórico
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis foi fundado em 25 de dezembro de 1948, durante as comemorações de natal. Um grupo formado por Milton de Oliveira (Negão da Cuíca), Edson Vieira Rodrigues (Edinho do Ferro Velho), Helles Ferreira da Silva, Mário Silva, Walter da Silva, Hamilton Floriano e José Fernandes da Silva resolveu formar um bloco que, depois de várias discussões, por sugestão de Eulália de Oliveira, mãe de Milton, recebeu o nome de Beija-Flor (inspirado no Rancho Beija-Flor, que existia em Marquês de Valença). Eulália foi admitida como fundadora.
Ficha técnica
Presidente: Nelsinho David
Carnavalesco: Laíla
Intérpretes: Neguinho da Beija-Flor
Cores: Azul e branco