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É necessário controlar integrantes para ficar no Carnaval, diz cartola

28 fev 2012 - 18h38
(atualizado às 19h12)
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Marina Azaredo
Direto de São Paulo

O presidente da Mancha Verde, Paulo Serdan, conversou com a imprensa após prestar depoimento nesta terça-feira (28) no Deatur (Delegacia Especializada no Atendimento ao Turista) e afirmou que as agremiações cujos integrantes se envolveram na confusão ocorrida na semana passada, durante a apuração dos desfiles do Carnaval paulistano de 2012, devem ser punidas de forma exemplar.

"As escolas de samba que não têm controle sobre seus integrantes têm que sair do Carnaval", afirmou, negando, no entanto, acreditar que o tumulto tenha sido previamente elaborado. "Não acredito que o Tiago (Ciro Tadeu Faria, que iniciou a confusão) tenha sido pago para fazer aquilo. A apuração é um momento em que todos estão com os nervos à flor da pele, mas pagar seria demais".

Segundo ele, o fato de cada dirigente ter um objetivo diferente na festa impediria o acerto de um acordo, uma das hipóteses com as quais a polícia trabalha na investigação do tumulto. "Não houve trato para melar a apuração, apenas uma reunião para decidir o que faríamos com os votos que faltavam dos dois jurados. Eu fui a favor de descartá-los", disse sobre a decisão de dar o título à Mocidade Alegre apesar de não terem sido contabilizados os últimos votos.

Serdan aproveitou para exaltar o comportamento dos integrantes de sua escola, uma das três torcidas organizadas que disputaram o grupo especial do Carnaval em 2012. "Demos um show de civilidade. As pessoas têm que repensar o preconceito contra escolas ligadas a torcidas".

As declarações do mandatário da Mancha foram corroboradas por Renato Remondini, presidente da Dragões da Real, ligada ao São Paulo Futebol Clube. "Houve apenas um acordo para manter as notas dos jurados", garantiu, enfatizando o fato de não ter havido problemas por causa da presença de torcidas organizadas no local. "Desfilamos no mesmo dia da Gaviões da Fiel e não tivemos nenhum problema".

Alexandre Furtado, da Império de Casa Verde, também falaria com a investigação ainda na noite desta terça-feira.

Entenda o caso

Faltando apenas uma nota dez para assegurar o título da Mocidade Alegre, Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, integrante da Império de Casa Verde, invadiu a área de apuração, tomou o último envelope das mãos do leitor e o rasgou.

Após o início da confusão, três suspeitos foram flagrados em vídeo ateando fogo em um carro alegórico. Eles usavam camisas da escola de samba Gaviões da Fiel, mas a polícia investiga ainda o envolvimento de integrantes de outras agremiações no tumulto, entre elas a Vai-Vai, a Império de Casa Verde e a Camisa Verde, segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Deatur.

O tumulto fez com que o Gonçalves anunciasse a detenção do principal responsável por ele: Tiago Faria. Cauê Santos Pereira, 20 anos, integrante da Gaviões da Fiel, também foi detido, por atirar objetos. De acordo com o major da Polícia Militar de São Paulo, Alexandre Gaspariano, cinco integrantes de escolas de samba foram detidos.

O tumulto se espalhou no entorno do Sambódromo. Torcedores foram filmados chutando os portões próximos à área da dispersão e, pouco depois, um carro alegórico da Pérola Negra foi incendiado por um grupo identificado pelo delegado como parte da Gaviões da Fiel. A alegoria tinha estrutura de palha, representando um índio gigante, e acabou totalmente destruída pelo fogo.

Na própria terça-feira (21), uma reunião extraordinária entre a Liga das Escolas de Samba e os diretores das agremiações foi montada para decidir o desfecho do Carnaval 2012, que deixou o título com a Mocidade Alegre.

Tiago Faria sendo levado por policiais militares após rasgar envelopes com votos dos desfiles
Tiago Faria sendo levado por policiais militares após rasgar envelopes com votos dos desfiles
Foto: Mauro Horita / Especial para Terra
Fonte: Terra
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