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Blocos do Rio adotam estruturas de empresas e exportam shows

15 fev 2012 - 17h07
(atualizado às 17h18)
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Cirilo Junior
Direto do Rio de Janeiro

Criados como um entretenimento entre músicos amigos, numa época em que o público nas ruas era bem menor, blocos de Carnaval do Rio crescem mais a cada ano. Alguns deles já têm estruturas de verdadeiras empresas, com quadro de empregados, planejamento de atividades e licenciamento de produtos.

O bloco Quizomba atrai uma multidão no Rio e planeja shows em outras cidades
O bloco Quizomba atrai uma multidão no Rio e planeja shows em outras cidades
Foto: Divulgação

Infográfico: Veja rainhas e madrinhas de bateria de SP e RJ

Além de arrastarem públicos superiores a 50 mil pessoas durante o Carnaval, lotam shows em todo o Brasil e já planejam, até mesmo, fazer desfiles fora do Rio.

Criado em 2001, o Quizomba teve um público de cerca de 600 pessoas em seu primeiro desfile, no Carnaval do ano seguinte. Naquele tempo, o Carnaval de rua do Rio não era nem sombra do que é hoje. "Era uma reunião de amigos músicos, uma brincadeira. Não dava para imaginar que se tornaria o que é hoje", lembra André Schmidt, diretor do bloco.

Naquele desfile, o Quizomba não tinha nem carro de som e saía pela Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. Hoje, atrai aproximadamente 50 mil pessoas num concorrido desfile pelas ruas da Lapa, na região central, no sábado após o Carnaval.

Economista que tinha a música como hobby, Schmidt fez do Quizomba seu principal ganha pão. Abriu uma produtora com o mesmo nome, que também cuida de toda a estrutura da banda, que faz shows por todo o Brasil. A agenda do Quizomba vai muito além do Carnaval. A banda, que conta com 16 integrantes, faz quatro shows por mês ao longo do ano. Nos meses que antecedem o Carnaval, o número de apresentações dobra, passando, inclusive, por todo o Brasil. No Carnaval, inclusive, há shows agendados no Nordeste. Serão quatro apresentações em três dias. "Temos uma rotina de ensaios, trabalhamos profissionalmente. Deixou de ser uma brincadeira", comenta Schmidt.

O Quizomba planeja participar também do Carnaval de rua de São Paulo. O bloco se prepara para instalar uma oficina de percussão na cidade, de onde sairão os integrantes de sua bateria paulista. A ideia é desfilar no Carnaval de 2013. "Já temos um parceiro e estamos buscando um espaço. A intenção é começar tudo em maio".

No Monobloco, criado em 2000 pelo músico Pedro Luís, do grupo Pedro Luís e a Parede, o ritmo não é diferente. A banda tem agenda lotada durante o ano todo, com apresentações, inclusive, no exterior. No Carnaval, fará shows em Ouro Preto (MG), Brasília (DF), Votuporanga (SP) e Porto Seguro (BA).

O bloco desfilou pela primeira vez em 2001 e arrastou 10 mil pessoas. Com uma bateria de 170 músicos, o bloco se tornou um gigante do Carnaval carioca. Para o desfile desse ano, no próximo dia 26, a estimativa é que 400 mil foliões sigam o grupo pelas ruas do Centro do Rio.

Outro que tem grande estrutura é o Bangalafumenga, que sairá na manhã do próximo domingo (19), no Aterro do Flamengo. Um dia antes, o grupo se apresenta em Belo Horizonte.

Outros blocos, alguns mais novos e de menor porte, também costumam fazer shows ao longo de boa parte do ano no Rio de Janeiro. Criado no ano passado, o Bloco do Sargento Pimenta, que toca versões de músicas dos Beatles em ritmo de Carnaval, tocará na noite de sábado, na Fundição Progresso, no Rio. O desfile só acontece na segunda à tarde, no Aterro do Flamengo.

Os blocos temáticos vêm tendo cada vez mais espaço no Carnaval de rua carioca. O mais recente a ser criado é o Fica Comigo, que tem no repertório o chamado Pagode Retrô, com músicas de grupos como Só Pra Contrariar, Katinguelê, Negritude Jr e Exaltasamba, que fizeram bastante sucesso na década de 90.

O bloco foi criado há apenas três meses, vem fazendo ensaios concorridos e já tem mais de 10 mil seguidores nas redes sociais. Sem autorização para desfilar, fará uma participação no desfile do bloco Santa Clara, na segunda-feira de Carnaval, na Praia do Pepê, na Barra.

Apesar de novato, os planos do bloco são ambiciosos. Os organizadores também têm a ambição de fazer com que o bloco tenha atividades ao longo de todo o ano. Já há planos de se criar uma oficina de percussão e de que sejam feitos shows periodicamente. "A ideia é ir além do Carnaval, fazer um show a cada, pelo menos, três meses. Se houver um retorno legal, poderemos ir além e investir ainda mais nesse projeto", afirma Alexandre Pessoal, diretor do Fica Comigo.

Fonte: Terra
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