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Conheça a história dos principais blocos de rua do Rio

12 fev 2010 - 18h47
(atualizado às 19h37)
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A Marquês de Sapucaí não é o único lugar que reúne milhares de pessoas no Carnaval no Rio de Janeiro. Espalhados pelos bairros da capital fluminense, os tradicionais blocos de rua arrastam foliões durante os dias de festa. Conheça a história dos 19 principais blocos do Rio e saiba as datas e os locais onde eles circulam.

Bloco 'Carmelitas', um dos mais tradicionais do Rio, reúne milhares de foliões em Santa Tereza
Bloco 'Carmelitas', um dos mais tradicionais do Rio, reúne milhares de foliões em Santa Tereza
Foto: EFE

Simpatia é quase amor

Com o grito de guerra 'Alô burguesia de Ipanema!', o Bloco Simpatia é Quase Amor nasceu às vésperas do Carnaval de 1985, em meio à campanha pelas Diretas Já e já saindo da Praça General Osório em Ipanema, lugar cativo do bloco. Considerado o mais simpático da Zona Sul, por pouco o bloco não recebeu o nome de "Chapeleta do Heitor", personagem inventado pelo humorista Marcelo Madureira, um dos seus fundadores. Mas o nome não colou e elegeram o personagem Esmeraldo Simpatia é Quase Amor, criado pelo escritor e compositor Aldir Blanc, e batizaram o bloco, que, assim como o personagem, é um fanfarrão, conquistador e simpático. O humorista Bussunda foi Rei Momo do Simpatia durante muitos anos. A banda é comandada pelo Mestre Penha. Neste ano, o bloco saiu pelas ruas no sábado (6).

Suvaco do Cristo

Como o próprio nome diz, o bloco Suvaco de Cristo nasceu abaixo do Cristo Redentor, no bairro do Jardim Botânico, sob uma linha reta das axilas da estátua, no morro do Corcovado. O título faz referência às palavras do compositor Tom Jobim, que afirmava que tudo em sua casa mofava, pois ele vivia embaixo do sovaco de Cristo. O bloco nasceu na praia em 1985, e tinha como proposta juntar os amigos para diversão durante o Carnaval, tendo como um dos fundadores o compositor e poeta Jards Macalé. O bloco sai às ruas da zona Sul do Rio nas semanas anteriores ao Carnaval e também no domingo (14).

Carmelitas

Em 1991, o bloco Carmelitas surgiu partindo da esquina da Rua Dias de Barros com a Ladeira de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Idealizado por um grupo de peladeiros que jogavam num campo próximo ao local por onde passa o bloco, e que acreditavam que futebol não se misturava com arte, eles criaram o bloco entre uma cerveja e outra, sempre tomadas às quintas-feiras, perto do convento de Santa Teresa. Para alegria dos componentes, uma carmelita fugiu do convento para brincar o Carnaval, e assim o bloco foi batizado. Os integrantes chegaram a criar uma boneca cativa que sai em todos os carnavais, criado pelo artista Jorge Crespo. São componentes do bloco a produtora cultural Daniel Cahill, Alvanísio Damasceno, o ator Paulo Saad, entre outros. O bloco sai no sábado (13).

Cordão da Bola Preta

Um dos mais antigos blocos de Carnaval do Rio de Janeiro, o Cordão da Bola Preta existe desde 1918 e sai na manhã do sábado de Carnaval pelas ruas do Centro do Rio. O cordão do Bola Preta é tão cativo e importante que se tornou uma instituição carioca, sendo um dos poucos que tem sede própria para ensaios e saídas. O bloco surgiu na passagem do ano de 1918 para 1919, e traz no repertório marchinhas como Quem Não Chora Não Mama, que virou o hino da agremiação desde 1961. Também se apresentam sobre o caminhão a Rainha do Carnaval do Cordão do Bola Preta, que este ano é a estudante Flávia Lopes, 23 anos. O bloco não tem camiseta oficial nem fantasia obrigatória, mas muitos foliões usam roupas ou fantasias brancas com bolas pretas. A nova rainha vai se apresentar ao lado da madrinha do bloco, a cantora Maria Rita, e da porta-bandeira, a atriz Leandra Leal. A concentração é em frente à sede do Clube Cordão do Bola Preta, na esquina da Rua Evaristo da Veiga com Rua Treze de Maio (na Cinelândia, em frente ao Teatro Municipal e ao Palácio Pedro Ernesto).

Cordão do Boitatá

Cordão do Boitatá é um bloco criado em 1996, nascido da reunião de oito músicos que tocam sopro e percussão. O cordão sai no domingo de Carnaval, percorrendo as ruas do Centro do Rio. Ele tem como repertório canções antigas e pesquisas profundas pela música popular brasileira. A bloco vai das 7h às 16h de domingo (14h).

Me Beija que sou Cineasta

Fundado em 2009, o bloco Me Beija que Sou Cineasta surgiu nas ruas do bairro da Gávea, no Rio, e sai na quarta-feira de Cinzas. Criado por cineastas e pessoas apaixonadas por cinema, o bloco sai da Praça Santos Drummond no Baixo Gávea, e traz as cores roxo e preta.

Cacique de Ramos

Fundado em 20 de janeiro de 1961, Dia de São Sebastião, padroeiro do Rio, o bloco partiu pela primeira vez na Rua Uranos, em Olaria, com o objetivo de reunir novos talentos e aglutinar jovens amantes do Carnaval. Hoje, o bloco saí todos os anos da Avenida Rio Branco, no Centro. Considerado um dos mais importantes blocos do Rio, o Cacique já revelou nomes como Zeca Pagodinho, o grupo Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, entre outros que conviveram com integrantes como Alcione, Elza Soares, Emílio Santiago e Beth Carvalho, a madrinha do bloco. O Cacique de Ramos sai na sexta (12), sábado (13) e domingo (14).

Monobloco

Criado pelos integrantes do grupo Pedro Luís e a Parede, o Monobloco existe desde 2000, completando 10 anos neste Carnaval. Criado por Celso Alvim, Mário Moura, Sidon Silva, C.a Ferrari e Pedro Luís, eles se dividem em instrumentos tradicionais de escolas de samba. Pedro Luís, Fábio Allman, Renato Bigull e Alexandre Momo cantam um repertório eclético, que vai das marchinhas tradicionais de João Roberto Helly ao samba de Cartola e Clara Nunes, além do xote de Alceu Valença, o forró de Luis Gonzaga, composições de Tim Maia, Raul Seixas, Paralamas do Sucesso e pitadas do funk carioca. Com uma bateria forte, unida a tradicionais instrumentos de escola de samba como cavaco e repique, o bloco é um dos mais ativos durante o ano, e faz apresentações de janeiro a dezembro em todas as cidades brasileiras. Na apresentação, o bloco conta com 150 integrantes e reune milhares de pessoas. Eles estarão na Fundição Progresso na sexta (12).

Barbas

Criado no bairro de Botafogo, zona Sul do Rio, o Barbas nasceu em 1993 no antigo bar dos Barbas, localizado na Rua Álvares Ramos. Lá, todos os sócios eram barbudos como Nelson Rodrigues Filho, o Nelsinho, filho do famoso dramaturgo e um dos fundadores do bloco. O bar fechou anos depois da criação do Barbas, mas o bloco nunca parou, sempre com um caminhão-pipa acompanhando os foliões durante o caminho. O bloco sairá no sábado de Carnaval (13), às 19h. Concentração e trajeto: Rua Arnaldo Quintela, Rua da Passagem, até o cruzamento com a Álvaro Ramos.

Escravos de Mauá

O bloco foi criado há 17 anos por um grupo de amigos, todos funcionários do Instituto Nacional de Tecnologia, com sede na Avenida Venezuela, nos arredores da Praça Mauá. Com a quantidade de trabalho, eles criaram o bloco para esquecer do cotidiano; desde então, o bloco parte do Largo de São Francisco da Prainha e percorre as ruas do bairro da Saúde, nas proximidades da Praça Mauá, no Rio. As cores do bloco são azul e amarelo, e seus sambas cantam a história do bairro, berço dos primeiros ranchos e do Carnaval de rua do Rio e local de moradia, trabalho e encontro de grandes chorões e sambistas cariocas como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. A saída do bloco ocorre no domingo (14).

Afroreggae

O Bloco AfroReggae foi criado pelo projeto Afroreggae, existente desde 1993, logo depois da chacina no Vigário Geral, quando 21 moradores da favela foram assassinados. O Afroreggae foi criado para modificar a realidade cotidiana e levar arte para a comunidade, por meio de oficinas de percussão e outras atividades. O bloco passa pela orla de Ipanema, fazendo a Avenida Vieira Souto ser tomada pela periferia. O bloco sai na segunda-feira (15), às 16h, no Posto 9, em Ipanema (concentração às 15h) e na sexta-feira (19) na Lapa (concentração às 20h).

Banda de Ipanema

Criada em 1959 pelos escritores e artistas Jaguar, Ziraldo, Ferdy Carneiro e Albino Pinheiro, a Banda de Ipanema é uma das mais tradicionais do Rio de Janeiro. A criação aconteceu como forma de fazer críticas políticas, inclusive durante o regime militar. Seus integrantes fingiam tocar instrumentos e usavam terno. A primeira concentração saiu do bar Jangadeiros, e o garçom Vavá era o tesoureiro da banda. O bar foi palco do Cinema Novo, reduto de artistas e ideias. Entre os integrantes, estiveram Maria Vasco, Chico Buarque, Leila Diniz, entre muitos outros. Hoje em dia, a Banda de Ipanema continua arrastando multidões pelas ruas de Ipanema. Claudio Pinheiro, irmão de Albino, J. Rui, Margolo e Marcio são hoje os presidentes do bloco. Concentração e trajeto: Rua Gomes Carneiro, Av. Vieira Souto, R. Joana Angélica, R. Visconde de Pirajá, até a Praça General Osório, onde acontece o encerramento. A saída ocorre no sábado (13).

Meu Bem, Volto Já!

Fundado no Carnaval de 1995 pelo boêmio Dr. Zé Armando, o bloco "Meu Bem, Volto Já!¿ teve Elke Maravilha como rainha, com a bateria dos Aventureiros do Leme e como homenageada especial a agora ex-esposa de Zé Armando, que se transformara na musa inspiradora do bloco. O nome vem justamente da separação do casal: o marido saiu para comprar cerveja e se esbaldou na rua, esquecendo de voltar para casa, criando o bordão ¿Meu bem, volto já¿. Concentração e trajeto: Princesa Isabel (pista interditada), Av. Atlântica (pista junto a praia) até a praça Almirante Julio de Noronha. A saída ocorre na terça (16), às 15h.

Bloco Flor do Sereno

Com saída na Avenida Atlântica, a mais famosa de Copacabana, o bloco Flor do Sereno sai sempre na segunda-feira de Carnaval. Ele surgiu no ano 2000, a partir de uma conversa saudosa sobre ranchos da infância. Depois da conversa, o etnomusicólogo Samuel Araújo criou a marcha-rancho Flor do Sereno, e Aldir Blanc fez letra para o samba-amaxixado de Jayme Vignoli Regresso da Flor. Eles saíram nas ruas com um caminhão, orquestra, alas fantasiadas e cantores animados. O bloco deu tão certo que virou ponto de concentração de famílias inteiras no Rio. Concentração e trajeto: Avenida Atlântica, pista junto a praia, da Joaquim Nabuco até a Almirante Gonçalves, entrando na Almirante Gonçalves e encerrando nesta. A saída é na segunda-feira (15), às 17h.

Bloco Bip Bip

O bloco Bip Bip surgiu dentro de um botequim em Copacabana, que, mesmo muito pequeno, se transformou em reduto de músicos consagrados que se reuniam em animadas rodas de samba. O bloco saiu nas ruas pela primeira vez em 2005. Eles tem como tradição sair no primeiro minuto do Carnaval no sábado (13), à 0h01.

Bloquinho

Criado por amigos, entre eles o ator Bruno Gagliasso, o Bloquinho surgiu no Carnaval de 2009 com o objetivo de resgatar o verdadeiro Carnaval carioca. No repertório, estão as velhas marchinhas de Carnaval que tocam há décadas nos bailes e blocos, associadas aos melhores sambas antigos e sambas-enredo já criados. O Trio Ternura é o guia do bloco e reúne artistas famosos do Rio de Janeiro. A saída do bloco é no bairro do Leblon. Concentração e trajeto: Rua Dias Ferreira, Bartolomeu Mitre, Humberto de Campos, José Linhares, encerrando em frente ao número 85. A saída ocorre no domingo (14) e na terça (16), de 14h a 18h.

Céu na Terra

O bloco Céu da Terra surgiu no início dos anos 2000, quando o Carnaval carioca de rua estava em fase de retomada. Apesar da pouca idade, o bloco já é considerado tradicional e arrasta multidão pelas ruas de Santa Teresa. O bloco faz uma prévia na manhã de sábado, com os músicos acomodados no bondinho cedido pela Central dos Bondes, recriando o Bonde Folia. A segunda apresentação ocorre uma semana depois, desta vez marchando a pé. O bloco foi criado pelo Núcleo de Cultura Céu da Terra e é organizado por Daniel Fernandes. A formação é composta por um número 30 músicos distribuídos em trompetes, trombones, saxes, tubas, surdos, caixas, agogôs, ganzás, tamborins e mais cavaquinhos e naipes de acordeons.

Exalta Rei

O Bloco Exalta Rei saiu às ruas da Urca no Rio pela primeira vez em 2009, trazendo em seu repertório arranjos carnavalescos criados especialmente para as canções de Roberto Carlos. Nos arranjos, estão diferentes ritmos, como samba, frevo e rock, sempre embalados por grandes sucessos do Rei misturados com tambores carnavalescos, riffs de guitarra e outras misturas musicais. A concentração do bloco ocorre no restaurante Garota da Urca, no bairro da Urca. O cortejo percorre as ruas do bairro e fez sua dispersão na Avenida Portugal, perto da casa de Roberto Carlos. No ano passado, o cantor apareceu para a homenagem. O bloco sairá no sábado (13).

Concentra mais não sai

Fundado em 2009, o bloco Concentra mais não sai foi criado por amigos, tendo como organizadora a sambista Beth Carvalho. O bloco parte do princípio de que a concentração dos blocos é sempre mais animada que a própria saída, e por isso ele não sai à rua. Neste ano, a apresentação ocorre no palco montado em frente ao nº 54 da Rua Ipyranga, no bairro de Laranjeiras, na sexta-feira (12), das 18h às 23h.

Clube do Samba

O Bloco do Clube do Samba surgiu no início da década de 90, quase dez anos depois que o Clube do Samba foi criado pelo compositor João Nogueira. O clube pretendia lutar contra a invasão da música estrangeira nas rádios, difundindo o samba no País. Os bailes do bloco lotavam toda sexta feira, primeiro na sede do Flamengo, no Morro da Viúva, depois na Barra da Tijuca. Era frequentado por Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Zé Ketti e Nei Lopes. Uma orquestra de samba liderada por Wilson das Neves, baterista de Chico Buarque, cuidava do som. O bloco se concentra na terça-feira (16), na esquina da Santa Clara com a Atlântica até a Almirante Gonçalves.

Fonte: Terra
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