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Quem tem medo da muvuca do Cordão da Bola Preta?

Reportagem do Terra, sem credencial, se enfiou no meio do maior bloco de rua do Rio de Janeiro e um dos maiores do País

14 fev 2015 - 14h33
(atualizado às 17h46)
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<p>Experiência confirmou: Cordão da Bola Preta é o bloco de rua mais democrático do Rio de Janeiro</p>
Experiência confirmou: Cordão da Bola Preta é o bloco de rua mais democrático do Rio de Janeiro
Foto: André Naddeo / Terra

Foi unânime. Com todos os amigos com quem comentei que iria fazer uma reportagem um pouco diferente, “me jogando” literalmente no meio do Cordão da Bola Preta, simplesmente o maior bloco de rua do Rio de Janeiro e competindo com o Galo da Madrugada (Recife) para ser um dos maiores do País, as palavras foram de solidariedade. “Caramba, boa sorte”. “Você é maluco”. “Você tem certeza?”.

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Para quem não conhece, o Bola Preta reúne, sem brincadeira, quase um milhão de foliões que vêm de todas as partes do Rio de Janeiro – e estamos falando de outros municípios também. Cobrir o evento como jornalista credenciado é moleza – já que a pulseirinha te deixa na brisa do trio elétrico, e no alento do espaço destinado aos ritmistas, aquele em que os fortões da corda suam muito para lhe proporcionar. 

Confesso que nunca tinha me aventurado nesta verdadeira muvuca. Até porque não sou muito fã – sou adepto de eventos mais intimistas, digamos assim. Mas não é que o terror que todos falaram (sem nunca ter ido) não foi lá tão ruim assim? Pelo contrário: fundado em 1918, o Cordão da Bola Preta, sem sombra de dúvidas, é o bloco de rua mais democrático do Rio de Janeiro. Gente de todos os tipos, de todos os credos. 

Desde às 7h30, horário marcado para a concentração, era possível ver negros, brancos, orientais, gente de cabelo liso, crespo, bronzeado e até mesmo os gringos branquelos, que vieram em grande número, diga-se de passagem. Bem diferente dos bombadões e das maquiadas sensuais da zona sul da capital fluminense. 

<p>No bloco, ambulante vende caipirinhas na bandeja</p>
No bloco, ambulante vende caipirinhas na bandeja
Foto: André Naddeo / Terra

Enfim. Coloquei meu tênis, uma bermuda leve, camiseta regata (estamos no “Hell de Janeiro”, vale lembrar), e parcos R$ 30 e meu celular naquela pochete porta-dólar clássica para evitar os gatunos que insistem em se meter no meio dos blocos e saquear os desavisados (embriagados). 

Aliás, vale o registro: claro que todo o cuidado é pouco, mas em nenhum momento, mesmo espremido no meio da multidão, e muitas vezes sem ar para respirar, senti aquele empurrão para tomar a carteira, tampouco ninguém tentando mexer no meu bolso. A única coisa que eu senti foi um aperto na minha bunda, que uma coroa aparentando uns 50 e poucos anos olhou para mim e jurou: “fui eu mesmo, gostoso”.

Fiquei com vontade de avisá-la que eu posso ter uma barriguinha, um emprego, um apartamento alugado, qualquer coisa, menos bunda. Minhas calças são 40 simplesmente pelo fato de eu não ter bunda. Enfim.

RJ: Bola Preta é seguido por milhões em dia de forte calor:

O “parabéns pra você” abriu o desfile do Bola Preta com as divas Maria Rita e Leandra Leal, representantes há anos do bloco de rua, lindas no alto do trio. A homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro em 2015 foi o abre alas de um belo desfile. A mudança para a avenida Antônio Carlos, no centro do Rio, já que a avenida Rio Branco está em obras, acabou sendo uma boa e mais arejada alternativa – muito embora o trânsito do Rio tenha ficado um caos e meu irmão, Lucas, demorado 15 horas do interior de São Paulo para cá. 

Foi muito legal também ver a galera sentada na representativa Assembleia Legislativa, como uma arquibancada, esperando o bloco passar. Lembro também do vendedor, no meio da muvuca, equilibrando uma bandeja recheada de caipirinhas. Sem falar nas mais criativas fantasias possíveis. Diante de tantas recomendações, ficou aquela sensação de réveillon em Copacabana, de quem tem medo de curtir uma festa popular. Cordão da Bola Preta, grata surpresa, ano que vem, quem sabe, eu não arrisque de novo. 

Você conhece todas essas marchinhas? Você conhece todas essas marchinhas?

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Fonte: Terra
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