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União da Ilha adota lema: "pouco dinheiro, mas muito samba"

1 fev 2013 - 17h19
(atualizado às 18h38)
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Com pouco dinheiro e muito amor, a União da Ilha do Governador promete levantar a Sapucaí com o enredo Vinícius no Plural. Paixão, Poesia e Carnaval, sobre o centenário do grande poeta Vinicius de Moraes. A escola tricolor mostrará o artista plural de muitos talentos e profissões, sem deixar de retratar suas principais obras e amigos, como Garota de Ipanema, que será interpretada pela atriz Letícia Spiller, ou o grande companheiro Tom Jobim, que será vivido na avenida pelo ator Eriberto Leão.

A escola da Ilha do Governador homenageará o centenário do poeta Vinicius de Moraes
A escola da Ilha do Governador homenageará o centenário do poeta Vinicius de Moraes
Foto: Mauro Pimentel/Terra

Considerada por muitos a queridinha das escolas de samba e a segunda no coração dos cariocas, a Ilha que completa 60 anos em 2013, preferiu homenagear o poeta do quê contar a sua história na avenida, segundo o carnavalesco Alex de Souza.

“Tínhamos muitas histórias para contar nesse carnaval, até os 60 anos da Ilha. Mas o centenário do Vinícius falou mais alto. E falar dele é também homenagear a Ilha, pois dentro da obra dele há muitas citações sobre o bairro que ele frequentou bastante durante a sua infância. Então acabou que estamos homenageando o Vinícius e a Ilha”.

O carnavalesco encontrou na obra do artista multifacetado muitas referências a seus passeios ainda na infância pela Ilha do Governador e conseguiu reunir as duas homenagens, à Ilha e ao poetinha: o carro abre-alas será a barca da Cantareira, principal transporte para chegar ao bairro na infância do poeta, que também fez parte do desfile de 82 da escola (É Hoje). Segundo ele a escola vai falar de forma sintética a vida e a obra do poeta, compositor, diplomata, jornalista e dramaturgo.

Após oito anos no Grupo de Acesso, a Ilha voltou ao Grupo Especial em 2010. Em 2011, viu seu desfile acabar em chamas junto com a Portela e a Grande Rio, em um incêndio na Cidade do Samba, que atingiu principalmente as fantasias da agremiação. Em 2012, a azul, vermelho e branca conquistou o público no sambódromo, mas não os jurados, e ficou na oitava colocação. Em 2013, Alex espera pelo menos voltar ao desfile do sábado das campeãs, e quem sabe conquistar um título inédito em sua carreira, o primeiro lugar no Grupo Especial.

“Mesmo com pouco dinheiro e um desfile mais enxuto, por falta de dinheiro, vamos levar uma Ilha linda para a avenida, mesmo sem recursos suficientes, estamos fazendo o melhor, com muito amor e trabalho. Com um enredo e um samba-enredo lindo, bem trabalhado e primoroso, vamos lutar de igual para igual com todas, e queremos muito estar no desfile das campeãs. Carnaval, amor e samba no pé não vai faltar”.

 
Detalhista extremo, Alex não parou um minuto durante a entrevista de pouco mais de uma hora. Atento ao trabalho de todos no barracão, o carnavalesco afirma que escritório é só na fase de pesquisa e criação, depois sua vida é no meio das fantasias, alegorias e adereços. A conversa que aconteceu no meio do barracão, entre a montagem dos carros alegóricos, na Cidade do Samba, Alex era parado a todo o momento para que instruísse ou mostrasse como o trabalho deveria ser feito.
 
“Sou muito detalhista, gosto de ver tudo que está sendo feito seja aqui no barracão ou nos ateliês. Trabalho mais de 12 horas aqui dentro, mas adoro isso. Essa é a minha vida. E falar de Vinicius está sendo muito bom, um grande aprendizado. E temos que cultuar essas figuras da história do Brasil, por que de celebridades instantâneas já estamos cheios. Acho que precisamos lembrar-nos de pessoas importantes muito mais que o nome de uma rua, de uma letra de canção ou de algum livro empoeirado de poesia guardado no fundo da estante”.
 
O bloco das escolas sem patrocínio
Quarta escola a desfilar no domingo (10), a União da Ilha vem trabalhando com os recursos destinados às escolas pela Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) e pelo direito de transmissão da Rede Globo. Sem patrocínio, Alex afirma que busca soluções diferentes para a falta de dinheiro, e em um Vinicius de Moraes sem clichê.
 
“Nossos homens de marketing tentaram patrocínios, mas não conseguimos. Temos Lei Rouanet, mas foi muito difícil conseguir apoio para falar de Vinicius de Moraes. O Carnaval está sendo feito com o dinheiro da Liesa e da Rede Globo. Mas acho que teremos momentos bem bacanas, performáticos e lindos. As fantasias estão elegantes, assim como as alegorias. E não estamos fazendo a figura do poeta clichê, boêmio, estamos trazendo a áurea dele, as inspirações, coisas e fatos ligados à obra e a vida dele, de forma bem divertida, simpática, com a cara da Ilha mesmo”.
 
Com o apoio da família do poetinha para contar a história do centenário, mas ainda sem a confirmação se alguém da família de Vinicius participará do desfile, o carnavalesco Alex Souza espera também a presença de grandes parceiros do artista no desfile.
 
“Acredito que venham pessoas da família do Vinicius no desfile, durante a pesquisa ganhei livros sobre a vida e obra dele, da filha mais nova do poeta, a Maria. Esperamos que grandes parceiros dele também participem, pois estamos celebrando o centenário do nosso poeta”. 

Fonte: Terra
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