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Festa pra quem? Ambulantes dormem no chão e protestam na BA

Vendedores ganham R$ 50 por dia e são obrigados a vender cerveja de uma única marca nos circuitos; protesto chegou a parar trio elétrico na sexta-feira (13)

15 fev 2015 - 18h33
(atualizado às 19h07)
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<p>Vendedores reclamaram de marca exclusiva de cerveja</p>
Vendedores reclamaram de marca exclusiva de cerveja
Foto: Cleomir Tavares / Divulgação

“Dormimos no chão, somos tratados como bandidos pela polícia, não podemos vender o que achamos melhor e ainda nos dão uma mixaria para isso tudo”, reclama um dos líderes de um movimento de protesto pelos direitos dos vendedores ambulantes credenciados para o Carnaval de Salvador. Com medo de represálias, ele não quis se identificar, mas disse que os moradores da cidade são vítimas de exploração durante a festa.

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“Não temos a menor condição de trabalho com conforto. Os turistas chegam aqui, sujam nossa cidade e nós temos que limpar”, segue reclamando o vendedor, que critica, acenando a cabeça negativamente e com cara de pesar, o fato de somente cervejas da marca Schin poderem ser comercializadas na região.

Na sexta-feira (13), o protesto chegou a tomar corpo e parou o desfile do bloco de Léo Santana no Circuito Barra-Ondina. Com grades, manifestantes bloquearam a passagem, mas foram logo afastados pela polícia, que procurou não fazer alarde com a situação. Os manifestantes, apesar de revoltados, não reagiram. Mas o recado foi dado.

De fato, o Carnaval da capital baiana parece longe de ser para todos. Segundo recente pesquisa divulgada pelo jornal A Tarde, somente 24% dos moradores de Salvador curtem a festa como foliões. Dessa soma, quase ninguém acompanha os blocos com abadás, e sim na famosa pipoca.

Com mais de 90% da população negra, a Bahia vê seu principal Carnaval deixando as raízes de lado. Nos blocos mais populares, como os de Ivete Sangalo, Bell Marques e Claudia Leitte, fica nítida a divisão de raça e classe social entre os turistas e os moradores, espremidos, quase escondidos, nas esquinas que encontram ruas paralelas aos circuitos.

<p>Ambulantes reclamaram da sujeira deixada por turistas</p>
Ambulantes reclamaram da sujeira deixada por turistas
Foto: João Vieira / Terra

Desrespeito e abandono dificultam vida de locais

Nos morros próximos da orla da Barra, trecho mais badalado do Circuito Dodô, moradores de baixa renda vivem no meio do cheiro de xixi e cerveja velha. Ao ver a reportagem passar, um morador de uma casa abandonada e invadida por um movimento social diz que o caminhão de limpeza não passa em sua rua há uma semana. “Não dá nem para dormir com esse cheiro”, afirma ele.

No trecho por onde desfilam os trios, a situação é outra. Assim que o último bloco atravessou a avenida, por volta das 3h da madrugada deste domingo (15), carros de limpeza já começaram a arrumar a casa para o dia seguinte.

A desigualdade, inclusive, tem provocado ira em parte do povo baiano. No show do cantor Pablo, no começo da madrugada de domingo, as cordas tiveram que ser abaixadas, pois foliões da pipoca forçaram a entrada para dentro da área reservada, o que provocou confusão e quase impediu a continuidade da apresentação.

Ainda assim, a prefeitura segue ressaltando a importância do Carnaval de Salvador, classificando-o como o mais popular e democrático do Brasil. Na abertura oficial do evento, o prefeito ACM Neto disse se orgulhar da diversidade de estilos e pessoas que tomam conta da Bahia nesta época.

Outro que compartilha da mesma opinião é Gilberto Gil. O experiente músico deu entrevista ao Terra na sexta-feira. “O Carnaval da Bahia sempre foi assim, eclético”, disse ele.

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Fonte: Terra
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