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Por que o Carnaval de Salvador é violento? Veja números e explicações

11 fev 2013 - 13h35
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Noventa ocorrências na quinta-feira (7), 226 na sexta, 339 no sábado. Esses foram os números divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) nos três primeiros dias do Carnaval 2013. São aumentos de 151% e 50%, respectivamente, de um dia para o outro. Os dados mostram o que a disposição dos organizadores da festa não pode negar: a maior festa de rua do mundo, que mistura aglomeração de pessoas, música agitada e consumo de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas, além de ressaltar as diferenças sociais, é um ambiente propício para a propagação da violência.

De acordo com o secretário de segurança, Maurício Trindade, os números oficiais mostram que houve redução nas ocorrências em relação ao mesmo período de 2012, incluindo as entradas nos serviços da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Ainda segundo ele, houve um aumento de 150% na produtividade do efetivo policial nas ruas, o que significa um maior número de prisões, de lavratura de termos circunstanciados, evitando que a violência de multiplique.

Briga termina em nocaute durante show em Salvador:

“Mas, infelizmente, sabemos que determinadas pessoas ainda vêm para o Carnaval com aquele espírito de promover a baderna, de resolver seus problemas pessoais dentro do circuito, então é um trabalho que não vai acabar nunca”, reforça.

O secretário afirma que os policiais militares têm sido orientados ao trabalho de prevenção, retirando dos circuitos da festa pessoas que mostrem sinais de que irão provocar problemas nas ruas. “É uma forma de evitar ocorrências mais graves, e essa proatividade também se traduz em mais registros”, justifica.

Além disso, Trindade relata o aumento no número de apreensões de pessoas por porte de drogas, incluindo maconha, cocaína e drogas sintéticas. Um dos casos que ilustram a situação foi a prisão de um juiz federal por porte de drogas no Morro do Gato, que não teve detalhes revelados pela polícia.

Já houve o registro de um homicídio, mas a SSP considera os dados positivos. “A sexta-feira foi um dia com aumento nos casos de lesões corporais, mas ontem tivemos uma nova redução”, explicou o secretário, lembrando que algumas atrações propiciam a ocorrência de mais atos violentos.

Exemplo disso foi a passagem do bloco A Bronkka, na madrugada de sábado. Segundo o secretário municipal da saúde, José Antônio Rodrigues, houve um aumento no número de atendimentos de ocorrências graves durante a passagem da atração, e o fluxo de pacientes voltou ao normal pouco depois do desfile.

Mulheres apanham em show de Xanddy; veja:

Ainda no sábado, oficiais da PM convidaram os integrantes da banda A Bronkka para uma conversa, para mostrar a responsabilidade dos artistas em manter a ordem no Carnaval e não mancharem a imagem da festa entre baianos e turistas.

Ainda segundo os dados divulgados por Rodrigues, o número de lesões corporais caiu 15,8% de sexta para sábado. O motivo seria o reposicionamento de tropas da PM e da Guarda Municipal nos pontos onde houve concentração das ocorrências no dia anterior, especialmente no Circuito Dodô (Barra-Ondina). No trabalho de prevenção à violência, as policias militar e civil são auxiliadas pela Guarda Municipal, que atua na proteção do patrimônio na cidade e auxílio nas fiscalizações, como a de ambulantes, por exemplo.

<p>Apesar de cantar em trios elétricos há 26 anos, Márcia Short diz que tem medo de seguir um como foliona</p>
Apesar de cantar em trios elétricos há 26 anos, Márcia Short diz que tem medo de seguir um como foliona
Foto: Mateus Pereira/Secom / Divulgação

Até a manhã de domingo, segundo o comandante da corporação, o tenente-coronel da reserva da PM Francisco Edson, haviam sido apreendidos 7.682 espetinhos de churrasco (proibidos por questão de segurança) e 307 facas, entre outras armas brancas. Somente em uma ação de fiscalização, a Secretaria da Manutenção da Ordem Pública (Semop), recolheu 1.368 garrafas de cerveja, que também não podem ser vendidas nos circuitos oficiais e entorno.

Tânia Cordeiro, socióloga gestora do Fórum Comunitário de Combate à Violência (FCCV), ligado à Universidade Federal da Bahia (UFBA), explica que uma das razões do aumento dos episódios de violência durante o Carnaval está ligada ao próprio significado da festa, bastante relacionada à efemeridade e à liberação de impulsos, que se somam à presença de grupos e ao consumo de drogas e bebidas.

“Temos uma carga de agressividade que é contida o tempo todo pelas regras sociais. Entretanto, quando se coloca um ambiente onde se diz que tudo é permitido, tudo ganha proporção. É como o beijo de Carnaval. Não se pode sair pela rua o ano todo beijando as pessoas sem perguntar o nome, mas nestes dias, alguns entendem que isso é aceitável porque não há limites”, critica.

Para Tânia Cordeiro, os números da violência só não são maiores por causa da crescente separação entre os foliões de diferentes classes sociais. “A divisão dos espaços entre os pagantes e não pagantes do Carnaval são cada vez mais claras, e esse conflito social acaba sendo represado por isso. Não há briga entre quem está fora e quem está dentro de um camarote”, explica.

No meio do fogo cruzado, quando o cenário dessa divisão são os blocos de trio, estão os cordeiros, muros humanos escalados para manterem a distância. “São os pretos e pobres sendo completamente aviltados em sua condição de trabalho, mas convencidos de que também estão brincando”, aponta a socióloga.

Jovem é agredido por seguranças durante trio do Psirico:

Neste ponto, ela compartilha opiniões com a cantora Márcia Short, que sobe em trios elétricos para entreter os foliões em Salvador há 26 anos. Há alguns anos cantando em trios independentes, ela não tem queixas sobre a presença da polícia quando passa, mesmo não fazendo parte de blocos pagos.

“O que eu percebo é que a abordagem policial às pessoas negras é completamente diferente. Se houver uma briga, será o homem ou a mulher preta a ser preso, a apanhar. O branco tem tempo de mostrar os documentos, por exemplo”, reclama.

Em cima dos trios desde os 14 anos, ela confessa que nunca seguiu um como foliona, por medo da multidão e da violência. “De cima do trio eu já vi coisas lindas e coisas horríveis, não tenho coragem”. Mas, de cima, ela garante fazer a sua parte. A qualquer sinal de briga, para a banda e solicita a presença policial. “O único problema é que a culpa cai sempre sobre os pobres. Já quase fui presa por desacato algumas vezes, porque bati boca com policiais pelo microfone, mostrando que eles estavam prendendo as pessoas erradas”.

A situação é de conhecimento da PM, como afirma o comandante da Academia de formação da corporação, Coronel Gilson Santiago. “Nós sabemos que estas coisas acontecem, até porque os policiais, como todos os outros profissionais, são oriundos da nossa sociedade, que é uma sociedade violenta”, analisa.

Segundo ele, a parte da PM tem sido feita com empenho. “Investimos cada vez mais em treinamento, mas as pessoas estão independentes nas ruas, e às vezes a intenção de resolver os problemas com rapidez é que leva a atitudes impróprias e problemas muito mais graves”.

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Carnaval ao vivo no Terra

O Terra transmite entre os dias 7 e 12 de fevereiro a passagem dos principais trios-elétricos pelos circuitos Barra-Ondina e Campo Grande de Salvador ao vivo e de graça no Terra via computadores, tablets, smartphones ou televisores conectados. A transmissão será em alta definição (HD) ou qualidade standard - dependendo da disponibilidade de banda do usuário - para todo o Brasil e demais países da América Latina. O portal também transmitirá tradicionais bailes e blocos de rua do Rio de Janeiro. Já no dia dos desfiles das escolas de samba do Rio e de São Paulo, o público poderá acompanhar todos os detalhes através de narração minuto a minuto e a apuração nota a nota que definirá as campeãs.

Fonte: Especial para Terra
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