Promoter está aberta para reatar com Daniela Mercury
Empresária Licia Fabio fala com exclusividade ao Terra sobre o camarote mais disputado do Carnaval de Salvador e sobre parceria com a cantora baiana
Transcorridos os seis dias de Carnaval e de funcionamento de seu camarote no circuito Dodô (Barra-Ondina), a promoter e empresária sergipana Licia Fabio já pode respirar mais tranquila, mesmo que não totalmente despreocupada: ainda tem a desprodução, o pensamento no Carnaval de 2015 – quando o camarote completará 20 anos –, as demais festas que está por produzir... Apesar da serenidade que lhe é peculiar, a gentileza e o sorriso sempre fácil, Licia não para e é conhecida por conduzir sua vida assim. “É a Licia nos 30”, brinca um de seus sócios.
Levando por primeira vez em 18 anos o camarote sozinha – durante todo esse tempo ela foi sócia de Daniela Mercury e produzia o camarote que levava o nome da Rainha do Axé –, o espaço, rebatizado de Licia Fabio, foi sucesso e, ao fechar as portas na manhã desta Quarta-feira de Cinzas, terá recebido cerca de 9 mil pessoas, entre personalidades, artistas, jornalistas e a sociedade em geral.
Os números seguem impressionantes: serão consumidos 3 mil caixas de cerveja, 75 caixas de uísque, 110 caixas de champanhe, 70 caixas de vodca. E às 2h da quarta de Cinzas, Licia ainda convida os jornalistas para o Baile da Imprensa, onde será servida uma feijoada do buffet gourmet Ercolano. “É para quem trabalhou e não conseguiu se divertir. Vai ter uma camiseta diferenciada e tudo. E Ercolano faz um feijão divino”, avisa.
Mas hoje ainda tem festa, com Peu Del Rey Power Trio e a participação da banda Alavonté – que é a reunião que os cantores Ricardo Chaves, Manno Góes, Magary Lord, Jonga Cunha, Ramom Cruz e Adelmo Case fizeram durante este verão –, na festa Alavonté de Mortalha, que “revive os antigos Carnavais”, como conta Licia. “Para mim, depois do Lepo-Lepo, eles são o sucesso do verão”, entusiasma-se.
Licia Fabio recebeu a equipe do Terra para, em entrevista, comentar como foi sua separação amigável da sócia Daniela Mercury; contar um pouco da história do Carnaval de Salvador, que atravessa a sua história; e aproveita para se proclamar uma foliã nata: “O Carnaval é a grande festa de Salvador, temos que valorizar isso!”, declara, enquanto atende um de seus três celulares, ao telefone de mesa, despacha convites, recebe os amigos mais chegados e dá comandos a seus funcionários.
Terra – Como é estar há 20 anos à frente do camarote mais disputado do Carnaval de Salvador?
Licia Fabio – Olhe, é cansativo, mas é gostoso você proporcionar alegria. Não tem melhor coisa do que você ver as histórias maravilhosas que acontecem ali, pessoas que se conheceram ali que casaram – a gente fez o casamento dessas pessoas, e quando Carnaval cai na data que aconteceu, as pessoas fazem mais questão de ir para celebrar, pra lembrar... É muito interessante, muitas coisas, muitos negócios, muitas amizades foram feitas ali, muito cantor novo chegou e se estabeleceu ali, o que é bacana.
Terra – E quantos anos você tem de praia?
Licia Fabio: De Carnaval, 24. Vinte e quatro trabalhando, né, mas já brinquei muito, gostava demais, chegava em casa Quarta-feira de Cinzas chorando, porque achava que tudo demorava, menos o Carnaval... E hoje eu peço pra ele acabar logo (risos). Mas meu primeiro Carnaval aqui não era Carnaval. Tava chegando Marta Vasconcelos como Miss Universo, e aí a gente foi pra rua, pra Avenida Sete. E mesmo nesse dia foram as pessoas de mortalha na rua celebrar. Depois, aquela coisa, mesmo, do Carnaval em si, que passei a conhecer, foi maravilhoso. E me apaixonei, mesmo. Saía num bloco chamado Saco Cheio, mas corria para ver Os Internacionais, que era uma coisa maravilhosa, deslumbrante! Teve um ano que eles vieram de gladiadores, ou foi de César... Pense bem, um calor e eles todos vestidos daquilo, cada homem bonito, né. Depois, Tinha o Jacu, que era um clássico. Uma desorganização eterna! Um tava aqui, outro ali... Brinquei muito! Ia ainda pra Praça da Sé, que tinha aquelas barracas ótimas. Porque as de agora eu não gosto. Gostava daquele tempo que tinha a barraca do Juvená, na Carlos Gomes, que tinha o Clube de Engenharia, que todo mundo ficava ali. Era bom demais!
Terra – E como foi a passagem de foliã a empresária do Carnaval?
Licia – Comecei a fazer pequenos eventos a pedido de Washington Olivetto (publicitário paulista). Isso eu acho que tem uns 24 anos. Aí, comecei a receber pessoas que vinham à Bahia, porque Washington foi casado como uma grande amiga-irmã minha, Ana Luiza. Depois, teve a guerra das cervejas - que era Brahma contra Antártica - e comecei a fazer eventos com este motivo. Fiz aqui o Carnaval da Antártica com o pessoal de São Paulo, aí já era Nizan (Guanaes), que hoje é um filho, mas me foi apresentado por Washington Olivetto. Já fiz festa de todas as cervejas que você possa imaginar. Teve dois ou três anos que a gente fez o Carnaval do Extra, que tinha o camarote também aqui; o Bompreço fazia o Carnaval fora de época, que era lá no Comércio. Depois, fiz uma festa e acho que foi a partir dela que as pessoas passaram a ter confiança em mim. Foi uma festa grande, que as pessoas não imaginavam que eu ia dar conta, que foi o Grito no. 1, um evento que virou um case da Brahma e foi produzido para as pessoas de alto nível. Fizemos uma festa linda. A partir daí inventamos o camarote de Daniela e começamos a fazer juntas. Fomos sócias durante 18 anos e, nesse ano, estou fazendo o meu.
Terra – Como foi essa transição de Daniela para o seu? Vocês se separaram amigavelmente?
Licia – Lógico, Ave Maria! Daniela, na verdade, não queria mais fazer, e ela explicou isso. Porque o nosso camarote é uma coisa que você tem que construir ele, então tem um custo ‘brabo’. Ele é um estacionamento onde você levanta uma casa. Aí, ela não quis fazer pelo custo, mas encontrou, depois, um lugar bacana, o que é muito bom, porque ela não pode sair do Carnaval. Ela é a expressão do Carnaval.
Terra – E vocês pensam em reatar a parceria para o ano que vem?
Licia – Estamos abertas para isso. Na vida, a gente nunca diz não. Estamos aí! Foi muito gostoso, tanto pra mim quanto pra ela. Vou lá vê-la no dia que eu puder porque, você sabe, eu fico no camarote, vendo tudo. Realmente, Carnaval pra mim é trabalho, não é diversão.
Terra – O camarote deste ano teve por temática a Copa...
Licia – Sim, fazendo homenagem aos cinco títulos da Seleção Brasileira, que ganhou na Suécia, Chile, México, EUA e Japão/Coreia. Então, como a gente não pode falar de Copa, a gente fala desses títulos, porque a Copa é uma coisa da Fifa e a gente não pode falar. Rodrigo Andrade foi o design, pegou os gomos da bola de futebol e trabalhou tudo em cima, e tudo foi da cor do Brasil para, além de homenagear, lançarmos a esperança de sermos campeões.
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