Eles acham que são heróis, diz delegado sobre torcedores presos
- Marina Novaes
- Direto de São Paulo
Os dois torcedores presos na terça-feira (21) durante o tumulto na apuração dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, Tiago Tadeu Ciro Faria, 29 anos, e Cauê Ferreira, 20 anos, não demonstraram arrependimento em seus depoimentos, segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista (Deatur). "Eles acham que são heróis, que vão ser bem recebidos pelas comunidades", afirmou.
Faria e Ferreira passaram a noite no 2º Distrito Policial (Bom Retiro) e foram encaminhados por volta das 10h15 desta quarta-feira (22) para o IML do Oeste, onde passam por exame de corpo de delito. De lá, os dois serão transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, onde ficarão por tempo indeterminado.
Faria foi flagrado ao rasgar as notas dos jurados o final da apuração, dando início à confusão, que terminou com o incêndio de carros alegóricos. Ambos vão responder por supressão de documentos e danos ao patrimônio público. O Terra ainda não conseguiu localizar os advogados dos suspeitos para comentar o caso.
Ainda de acordo com o delegado, Faria é membro da diretoria da escola Império de Casa Verde e tem passagem pela polícia por roubo a caixa eletrônico e formação de quadrilha, em 2001. Já Ferreira é membro da Gaviões da Fiel, e não tem antecedentes criminais.
A Polícia Civil de São Paulo ainda tenta identificar outros torcedores envolvidos no tumulto, já que os vídeos e imagens da confusão de ontem apontam que várias pessoas "incentivaram" a invasão do local onde estavam sendo lidas as notas das agremiações, no sambódromo do Anhembi, na cidade de São Paulo.
Entenda o caso
Uma confusão promovida por integrantes de escolas de samba interrompeu a apuração do Carnaval de São Paulo nesta terça-feira (21). Faltando apenas uma nota dez para assegurar o título para a Mocidade Alegre, Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, integrante da Império de Casa Verde, invadiu a área de apuração, tomou o último envelope das mãos do leitor e o rasgou.
O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista (Deatur), anunciou a detenção do principal responsável por todo o tumulto. Caue Santos Pereira, 20 anos, integrante da Gaviões da Fiel, também foi detido, este por atirar objetos. De acordo com o major da Polícia Militar de São Paulo, Alexandre Gaspariano, cinco integrantes de escolas de samba foram detidos.
Com isso, a confusão se tornou generalizada e a leitura das notas foi interrompida. Até este ponto, a Mocidade Alegre liderava a apuração com um total de 160 pontos. Solange Bichara, presidente da agremiação, evitou considerar a escola campeã do Carnaval de 2012. "Não posso me considerar campeã por algo que não aconteceu", afirmou.
Uma reunião extraordinária entre a Liga das Escolas de Samba e os diretores das agremiações foi montada para decidir o desfecho do Carnaval 2012. O Presidente da Liga, Paulo Sérgio Ferreira, citou o artigo 29 que diz que, quando um jurado não vota, a nota estabelecida é 10. Dessa maneira, todos os votos que não haviam sido contabilizados foram 10 e a Mocidade, que já estava liderando a contagem, se tornou a vencedora.
O tumulto se espalhou no entorno do Sambódromo. Torcedores foram vistos chutando os portões próximos à área da dispersão. Pouco depois, um carro alegórico da Pérola Negra foi incendiado por um grupo ainda não identificado. A alegoria tinha estrutura toda de palha, representando um índio gigante, e foi totalmente destruída pelo fogo.
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