Polícia quer ouvir diretores de todas as escolas sobre tumulto
- Marina Novaes
- Direto de São Paulo
A Polícia Civil de São Paulo quer ouvir, nos próximos dias, os diretores de todas as escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval paulista, informou nesta quarta-feira (22) o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista (Deatur). A corporação investiga o tumulto ocorrido ontem durante a apuração do desfile, no sambódromo do Anhembi, quando alguns torcedores invadiram a área exclusiva dos jurados, rasgaram as notas finais e atearam fogo em um carro alegórico.
Infográfico: Quem devem ser as musas de São Paulo e do Rio de Janeiro? Vote
Infográfico: Axé, frevo, samba e mais; veja musas do Carnaval pelo País
Infográfico: Saiba tudo o que rolou nos desfiles das escolas de SP e do Rio
O delegado disse que o objetivo dos depoimentos é descobrir se houve uma ação orquestrada para interromper a apuração e se os diretores reconhecem algum participante envolvido na confusão. Os depoimentos estão marcados para a semana que vem. A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo marcou para esta tarde uma entrevista coletiva sobre o caso.
Ontem, dois homens foram presos em flagrante: Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, integrante da Império da Casa Verde, e Cauê Santos Ferreira, 20 anos, membro da Gaviões da Fiel. Eles foram encaminhados hoje para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros e devem responder pelos crimes de supressão de documentos e dano ao patrimônio público.
De acordo com o delegado, as imagens da confusão revelaram que pelo menos outras seis pessoas estariam envolvidas no caso, mas a polícia ainda tenta identificá-los. "Temos imagens muito nítidas de três pessoas jogando uma espécie de coquetel no carro alegórico, pouco antes de ele pegar fogo", disse o delegado.
Ainda segundo Gonçalves, os três suspeitos flagrados nos vídeos ateando fogo ao carro alegórico usavam camisas da escola de samba Gaviões da Fiel, mas a polícia investiga ainda o envolvimento de integrantes de outras agremiações no tumulto, entre elas a Vai-Vai, a Império de Casa Verde e a Camisa Verde.
Mais cedo, o vice-presidente da Império, Paulo Ferreira, reforçou que Tiago não estava no local com conhecimento ou permissão da diretoria. Eles alegam ter recebido apenas oito pulseiras que davam acesso à apuração. "Era o nono integrante da mesa porque não sabemos onde ele conseguiu essa pulseira". No entanto, a informação não convenceu a polícia. "Ele estava em uma área restrita para a diretoria, mas é claro que iriam negar", disse o delegado.
Entenda o caso
Uma confusão promovida por integrantes de escolas de samba interrompeu a apuração do Carnaval de São Paulo nesta terça-feira (21). Faltando apenas uma nota dez para assegurar o título para a Mocidade Alegre, Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, integrante da Império de Casa Verde, invadiu a área de apuração, tomou o último envelope das mãos do leitor e o rasgou.
O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, da Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista (Deatur), anunciou a detenção do principal responsável por todo o tumulto. Caue Santos Pereira, 20 anos, integrante da Gaviões da Fiel, também foi detido, este por atirar objetos. De acordo com o major da Polícia Militar de São Paulo, Alexandre Gaspariano, cinco integrantes de escolas de samba foram detidos.
Com isso, a confusão se tornou generalizada e a leitura das notas foi interrompida. Até este ponto, a Mocidade Alegre liderava a apuração com um total de 160 pontos. Solange Bichara, presidente da agremiação, evitou considerar a escola campeã do Carnaval de 2012. "Não posso me considerar campeã por algo que não aconteceu", afirmou.
Uma reunião extraordinária entre a Liga das Esclas de Samba e os diretores das agremiações foi montada para decidir o desfecho do Carnaval 2012.
O tumulto se espalhou no entorno do Sambódromo. Torcedores foram vistos chutando os portões próximos à área da dispersão. Pouco depois, um carro alegórico da Pérola Negra foi incendiado por um grupo ainda não identificado. A alegoria tinha estrutura toda de palha, representando um índio gigante, e foi totalmente destruída pelo fogo.