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Primeira escola de samba gay de SP luta contra o preconceito

9 fev 2011 - 17h01
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Bruno Martins

"Uma escola de diversidade, feita para todos, desde que não tenham nenhum tipo de preconceito". Assim o Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Samba Arco-Íris é definido por Eduardo Corrêa, de 28 anos, presidente da agremiação. Fundada em 25 de janeiro de 2008, essa é a primeira escola de samba gay da cidade de São Paulo.

Instalada na Rua Marquês de Itu, no Largo do Arouche, a agremiação tem como principal objetivo a luta contra o preconceito em relação aos homossexuais e, apesar de ser gay, não é composta somente por integrantes cujas opções sexuais são por pessoas do mesmo gênero. "Na verdade, a escola é contra o preconceito em geral, como étnico, de classe social, orientação, etc", disse Luana Santos, 24 anos, rainha da escola e do Carnaval de São Paulo.

A Arco-Íris, que está em seu terceiro ano de vida, nasceu da junção de alguns amigos "todos gays, lésbicas, bissexuais e transexuais", contou Corrêa. Hoje, são mais de 12 mil inscritos no mailing, interessados em participar da escola e desfilar por ela.

Por enquanto, a escola ainda é um bloco. Fará seu terceiro Carnaval de rua dia 27 de fevereiro, tendo como concentração o Largo do Arouche, mas os planos para o futuro são ambiciosos. "Estamos seguindo o que a tradição manda. Todas as escolas que estão hoje no grupo de acesso passaram por esse mesmo processo no passado. Se tudo correr bem, dentro de uns cinco anos completamos todas as etapas do grupo. Temos que ir lá disputar e ganhar o Carnaval", afirmou o presidente.

Quanto às fantasias e alegorias, por enquanto a Arco-Íris não tem nada disso. "O Carnaval de rua é sem compromisso. Sem aquele compromisso do integrante da escola ser julgado, sem o compromisso de ser avaliado. É isso que forma a escola de samba. Tem que começar fazendo o Carnaval de rua para que a comunidade cresça com sustentabilidade. Então, não tem fantasia, é todo mundo livre, todos podem participar", disse Eduardo Corrêa.

Mas, para aqueles que têm interesse em participar da escola, só que sem a necessidade de se comprometer com algum departamento da agremiação, existe a Torcida Frenética do Arco-Íris. "É para o integrante que torce pelo crescimento da escola. É ele que vai para a arquibancada torcer com a gente, levantar a nossa bandeira. Esse é o objetivo da torcida organizada. Visitar as escolas de samba para passear, visitar as escolas do Rio de Janeiro. Esse é o espírito da torcida organizada", afirmou Corrêa.

"A comunidade é muito grande e precisa desse espaço. O Carnaval é feito pela comunidade gay. Em todos os barracões que você for, você vai ver carnavalesco gay, aderecista gay, diretores gays. Dentro dessa comunidade ainda existe preconceito e aqui não. Aqui a gente vem do jeito que quer, do jeito que gosta, é bem-vindo e sai feliz", disse Ioiô Vieira de Carvalho (30), passista de ouro e uma das co-fundadoras do Grêmio.

Rio de Janeiro

Não é só em São Paulo que o público GLBT tem uma escola para chamar de sua. Fundada em 7 de julho de 2007, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Arco-Íris de Amor nasceu como um tributo. "A minha intenção foi prestar uma homenagem aos verdadeiros artistas do Carnaval que são os carnavalescos, o pessoal do barracão que faz realmente a festa. Não só com a arte, mas com a alegria", explicou Rhichahs, 50 anos, presidente e fundador da agremiação.

Com três anos de vida, a Arco-Íris de Amor ainda não desfila. De acordo com o presidente, a escola ainda está se estruturando para, no Carnaval de 2012, entrar na avenida bem preparada. "Enquanto eu não puder colocar um carnaval a altura, a gente não vai desfilar. Não criei uma escola para fazer homenagem e colocar qualquer coisa na rua. Afinal de contas, o povo não é qualquer coisa e não merece qualquer coisa."

Luana Campos, de 24 anos, é Rainha do Grêmio Arco-íris
Luana Campos, de 24 anos, é Rainha do Grêmio Arco-íris
Foto: Bruno Martins / Especial para Terra
Fonte: Especial para Terra
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