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"Mantenho os valores da classe média", diz Matt Damon

3 ago 2013 - 08h28
(atualizado às 11h33)
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Matt Damon diz que o dinheiro não o mudou
Matt Damon diz que o dinheiro não o mudou
Foto: Getty Images

Ele é a salvação de 99% da população em Elysium e, embora seja um dos atores mais privilegiados de Hollywood, Matt Damon conta, em entrevista à Agência Efe, que o dinheiro não o mudou e que mantém "os valores da classe média" que recebeu.

Elysium é a nova aposta de ficção científica de Neill Blomkamp, que também reúne Jodie Foster, Wagner Moura, Alice Braga e o mexicano Diego Luna. O ano é 2154 e só existem dois tipos de pessoas: os extremamente ricos, que vivem em uma majestosa estação espacial desenhada para a elite mundial, e o resto, que vaga pelo que sobrou de um planeta Terra arruinado.

"Qualquer um que vive no Ocidente essencialmente vive em Elysium", diz o ator de 42 anos. "É assim quando você se compara com alguém que ganha um dólar ao dia em outras partes do mundo. Nossa vida é radicalmente diferente. Não temos dificuldade para desfrutar de necessidades básicas", analisa.

Ao ser perguntado se foi estranho interpretar um herói do povo quando na realidade faz parte do privilegiado 1%, discorda: "É o que falamos durante a filmagem: Elysium é basicamente Beverly Hills. Em qualquer caso, acho que continuo mantendo os valores da classe média com que fui criado. Nada disso mudou. Minhas circunstâncias, sim, mas não passo a vida em um country clube".

Elysium compartilha com Distrito 9 - outro filme futurista e sobre a discriminação de Blomkamp - a clara proposta de uma reflexão sobre o mundo em que vivemos e sobre questões políticas.

"A razão pela qual fiz 'Elysium' é Neill. 'Distrito 9' me pareceu fantástico. Desde que o vi quis trabalhar com ele. Tomamos um café e acho que gostou do meu entusiasmo", comentou, rindo.

No entanto, para o sul-africano Blomkamp nem sempre pareceu uma boa ideia escalar Damon. Suas primeiras opções para o papel eram um artista conterrâneo chamado Ninja e o rapper Eminem. "Ele gosta de fazer as coisas a sua maneira, e isso implica sair, dentro do possível, de Hollywood", diz Damon sobre o diretor.

"Temia que um ator de renome o obrigasse a mudar sua visão. Nos conhecemos e conversamos sobre isso. Ele tem ideias muito claras e não aceita que alterem seu planejamento. Não permitiria que um estúdio ou um ator o levassem a fazer algo que não quisesse", manifestou.

Damon se entregou totalmente às exigências do diretor, em quem baseia sempre sua decisão na hora de aceitar um projeto. "Há sede por um material original como o que Neill faz. Na primeira conversa que tive com ele me mostrou com detalhes o mundo que imaginava como se já existisse. Tudo já estava em sua mente", recordou Damon. "Há poucos cineastas capazes de fazer isso e os estúdios, às vezes, se assustam ao contar com alguém assim. Preferem alguém que poder controlar", opinou.

Elysium mostra a luta dos humanos para escapar do crime e da pobreza enquanto sonham conseguir a igualdade em ambos os mundos, um objetivo ao qual se lança Max (o personagem de Damon) quando sua vida depende disso, após um acidente de trabalho que o deixa à beira da morte.

As cenas que se passam em uma cidade de Los Angeles superpovoada e praticamente destruída estão repletas de personagens hispânicos que mesclam espanhol e inglês. Por outro lado, em Elysium não há rastro deles.

"Nem sequer me dei conta disso. Não foi de propósito, tenho certeza", reconheceu o ator. "A ideia de Neill era que Los Angeles parecesse essencialmente o Ocidente colapsado. Não há fronteiras e brancos, negros e hispânicos falam inglês, espanhol e português livremente. A Terra e Elysium são lugares internacionais que misturam culturas e a única coisa que os diferencia é a economia", disse.

O filme toca conflitos atuais como a imigração, as diferenças econômicas e o sistema de saúde universal, do que Damon se orgulha, já que considera que o cinema "deve ser mais desafiante". "Sinto falta de um cinema mais inteligente e atrevido", diz.

EFE   
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