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Mara Maravilha quer voltar à TV e diz conhecer a depressão

A ex-apresentadora fala sobre as perdas que sofreu, a insegurança com a aparência e garante que voltaria para a TV em um reality show

18 jun 2014 - 10h38
(atualizado às 10h58)
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<p>Do alto da cobertura na ZN de São Paulo, Mara falou sobre o passado na TV e que aguarda a sua chance para voltar ao estrelato</p>
Do alto da cobertura na ZN de São Paulo, Mara falou sobre o passado na TV e que aguarda a sua chance para voltar ao estrelato
Foto: Alan Morici / Terra

A manhã do dia em que recebeu a reportagem do Terra não tinha sido das melhores para Mara Maravilha. “Essa noite eu tive um sonho com a minha mãe”, desabafou antes mesmo de começar a conversar. A morte de Dona Marileide, em janeiro de 2013, ainda é um assunto delicado para a ex-apresentadora, que mora sozinha em uma cobertura na Zona Norte de São Paulo, mas tem planos de se mudar com seu “companheiro”, o empresário do ramo de transportes Augusto Vicente. Casamento ainda é palavra que evita, mas o anel brilhante no dedo não deixa dúvidas. Com ou sem cerimônia, Mara está de malas prontas para sua 14ª mudança, segundo suas contas. “Sou uma nômade”, se conforma.

A casa tem poucas fotos aparentes. Mara guarda seu arquivo em um baú cheio de álbuns e aparece posando em quadros nas paredes. Na sala, um porta-retrato mostra as três gerações da família: Mara, sua mãe e sua avó. Ao lado, um registro de Augusto. “É esse aqui meu gordinho”, mostra. Para a nossa entrevista, a cantora gospel – papel que assumiu desde que se converteu à Igreja Evangélica – escolheu um sofá confortável, mas não sem antes se preparar impecavelmente para a sessão de fotos.

“Minha franja está boa?”, “Está pegando aquela luz ali no fundo?”, perguntava, dirigindo o fotógrafo. Vaidosa, Mara ainda não se diz totalmente à vontade com seu corpo, mas hoje toma medidas menos radicais para controlar o peso. A época mais difícil foi marcada por distúrbios alimentares e um vício em moderadores de apetite. “Quando eu parei de tomar, eu sentia uma dor insuportável na coluna, eu vivia consumida por dor”, lembra. Hoje, sua aposta é na dieta vegana e na hidroginástica, além de procedimentos estéticos como botox e preenchimento. Uma plástica, no entanto, está fora dos planos por enquanto. “Tenho medo de mudar meus traços”.

Crescendo na TV

A fama veio cedo, aos oito anos Mara começou a trabalhar na televisão. Precisou amadurecer rápido, sempre sob os olhos da mãe exigente. “Quando eu saí da TV, eu sabia que viria uma nova fase, mas ela achava que eu ainda continuava sendo a estrela. Ela sofreu muito”, recorda. Foi Dona Marileide, ao lado de Silvio Santos, que incentivou a filha a posar nua para a Playboy, em 1990. Mas o arrependimento veio junto com o cachê. “Eu não sabia o que era dinheiro, eu sabia o que era cantar, gravar”. Apesar do trabalho precoce, diz que sempre foi mimada. “Até hoje eu tomo café na cama, nunca lavei uma calcinha minha, não sei cozinhar”, confessa.

"Eu não estou famosa, eu sou famosa", diz Mara Maravilha:

Quando fala da mãe, Mara demonstra seu lado menos ingênuo, exatamente o que Dona Marileide cobrava na cantora. Foi ela quem alertou Mara a respeito da infidelidade de seu segundo marido, o cirurgião dentista Alessander Vigna, com quem se arrepende de ter casado. “Já pensei que eu me garantia, mas não é bem assim”. Sempre romântica, Mara afirma que nunca teve dificuldades para encontrar um namorado, mas que estava longe de ser a “leoa” que todos pensavam, além de ter lidado sempre com a solidão. “Terminava meus programas e ia chorar. Eu conheço a cara da depressão, mas ela nunca me venceu. Nunca fiquei sem tomar banho, sem comer”. Quem diria que o hit Não Faz Mal (Eu Tô Carente Mas Eu Tô Legal) dizia a verdade?

Na época de maior sucesso, ela era reconhecida por ser a apresentadora mais “brasileira” no ar, em comparação às colegas Xuxa, Eliana e Angélica, pela origem baiana e cabelo negro, que cita na letra de Curumim Ie Ie e não abandona até hoje. Todas se mantiveram na TV, mas Mara garante não se arrepender de não ter traçado o mesmo caminho. “Eu não estou famosa, mas eu sou famosa”, explica, valorizando o passado. Na maioria das vezes, Mara diz se sentir ainda querida pelo público, de quem ela sente proximidade. "Sempre me encontram e dizem que pareço com alguém, um familiar, um amigo. Acho chique ser popular", comemora. Mas Mara também sabe o que é a rejeição. “Os que gostam me amam, mas os que não gostam me promovem”, diz confiante. A afirmação poderia estar em uma letra de Valesca Popozuda, apesar de Mara repudiar o hit Beiijinho no Ombro, mas sai por acidente.

Foto: Alan Morici / Terra

Temperamento sob controle

Mara gosta de medir as palavras e tenta manter a serenidade, mas o controle nem sempre é possível. “No dia em que minha mãe faleceu, uma jornalista escreveu num blog que o motivo teria sido falta de cuidados. Isso depois de eu ter ficado cinco anos viajando e cuidando dela. Ela faleceu na UTI, no hospital, assistida por médicos. Eu tive um sentimento tão ruim, que eu liguei pra essa jornalista e disse que ia matá-la”, diz, ainda ressentida.

Ao longo da entrevista, Mara cita passagens bíblicas nas suas respostas, mas quando precisa ser mais objetiva, não hesita: “eu sou taxada de homofóbica, mas eu me dou muito bem com os homossexuais. Em uma roda de pessoas, com certeza eu vou me dar melhor com um deles”. Segundo a cantora, o julgamento não é parte do seu script. “Eu discordo, por exemplo, do Pastor Eurico (PSB-PE), que atacou a Xuxa na Câmara [falando do filme Amor Estranho Amor]. Se fosse assim, eu não poderia subir num altar. Eu já fiz uma Playboy, como eu posso pregar num altar agora?”, sai em defesa da apresentadora.

Aos 46 anos, Mara ainda se recusa a fazer o que muitos de seus ex-colegas nos anos 80 viram como oportunidade. Shows nostálgicos com os antigos sucessos? Nem pensar. “Eu tenho orgulho da minha obra, mas também tenho sede de fazer coisas novas”, explica. A vontade de voltar para a televisão é aparente, Mara está esperando a sua chance e hoje admite que aceitaria participar de um reality nos moldes de A Fazenda, apesar de achar que não faz o “tipo” do programa da Record. “Mas eu já fui de barraco, de dar na cara. Infelizmente eu tenho meus cinco minutos, e eles são fatais. Quando me provocam, eu revido”, afirma.

Aposta no futuro

Enquanto não volta para a TV, Mara aproveita a boa fase com Augusto Vicente. “Ele me faz feliz. Ao mesmo tempo em que ele me leva ao restaurante mais caro do mundo no pico da Torre Eiffel e não me deixa pagar uma conta, ele me leva pra dançar quadrilha. Essa é a melhor definição da nossa relação”. O casal pensa em ter filhos, afinal Mara sempre teve o sonho de ser mãe, mas sofreu um aborto há mais de 20 anos. O “partidão” ela já encontrou, mesmo achando que sua mãe não aprovaria ("Ela não aprovaria ninguém"). Em resposta a quem acha que sua vida está ganha com a nova união, ela garante: “minha prioridade é minha carreira, vou continuar trabalhando. Já tive fábrica, loja, produtora, e agora também vou entrar no ramo imobiliário”.

Mara parece ansiosa para começar uma nova fase na vida. Para a carreira, ela garante ter “ideias”, mesmo fora do mundo gospel, mas ainda reluta em resgatar suas músicas antigas. Por enquanto, seus mais de 400 mil fãs no Facebook se contentam com um canal de vídeos, mas pedem o retorno da cantora. Como ele será? Isso depende de como Mara quiser aproveitar seu passado.

Fonte: Terra
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