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Moacyr Scliar lamenta a morte "do amigo" José Saramago

18 jun 2010 - 12h55
(atualizado às 20h08)
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Se nos leitores, assíduos ou não, da obra de José Saramago, a morte do escritor português despertou uma sensação de perda irreparável, aos literários o sentimento não poderia ser diferente. Que o diga Moacyr Scliar, membro da Academia Brasileira de Letras, que acompanhou a trajetória do autor de perto, principalmente pelo fato de que, além de colega, era também um grande amigo seu. Em um depoimento emocionado, dado com exclusividade ao Terra, o imortal conta um pouco sobre o triste fato e sua relação com Saramago.

O membro da Academia Brasileira de Letras Moacyr Scliar sente muito pela perda do colega
O membro da Academia Brasileira de Letras Moacyr Scliar sente muito pela perda do colega
Foto: Reprodução / Reprodução

"José Saramago, com quem convivi em muitos lugares, em Porto Alegre, em outras capitais brasileiras, no exterior, era não apenas um grande escritor, não apenas um intelectual militante, como também um ser humano. De seu trabalho literário dão testemunho o Nobel que recebeu, e que projetou o nosso idioma no mundo, como, sobretudo, a qualidade de sua obra literária. Saramago era, como Jorge Amado e Érico Veríssimo, um grande narrador, um narrador que não recusava o humor satírico e a fantasia, um exemplo disso sendo o notável Jangada de Pedra, uma história que bem poderia figurar como exemplo do realismo mágico que, numa época, caracterizou a literatura latino-americana", declarou o intelectual.

E, muito além da admiração pelo colega de profissão, ele descreve um Saramago que talvez poucos tenham tido a honra e o prazer de conhecer. "Saramago era também um comunista de carteirinha, uma posição a que chegou em grande parte por ter origem humilde (foi operário) e por ter vivido sob uma das ditaduras mais persistentes da modernidade, o regime salazarista. E, finalmente, era uma grande pessoa, um homem sensível, afetivo. Vai me deixar muitas saudades", disse, em tom de pura comoção.

Fonte: Redação Terra
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