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Refugiados da Síria relatam horror a uma emocionada Angelina Jolie

11 set 2012 - 11h51
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Por Suleiman Al-Khalidi

ZANTARI, Jordânia, 11 Set (Reuters) - Refugiados sírios em um acampamento tomado pela poeira na Jordânia fizeram relatos terríveis a respeito de civis incinerados na guerra civil de seu país à atriz e enviada especial da ONU Angelina Jolie nesta terça-feira, levando-a às lágrimas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) está a caminho de registrar mais de 250 mil refugiados em quatro países vizinhos em consequência do conflito de 17 meses na Síria, com mais de 100 mil chegando apenas em agosto -- 85 mil destes estão na Jordânia.

Em média, cerca de 2.000 sírios chegam a cada dia à Jordânia e o país já declarou que o influxo está além do que pode lidar e pediu ajuda internacional.

"Crianças pequenas que foram perguntadas sobre o que viram descreveram partes de corpos separadas e pessoas queimadas sendo destrinchadas como galinhas. Uma menina de 9 anos de idade disse isso", contou Jolie a repórteres, depois de uma visita de dois dias ao acampamento de Zaatari, na Jordânia.

"Tem sido uma experiência muito pesada, porque você vem algumas vezes a estes campos... e raramente quando você vem os encontra quando cruzam a fronteira, e conhece as pessoas no momento em que se tornam um refugiado", disse ela, parando para se recompor.

"Eles dizem: ''Com o passar do meses, não haverá mais de nós, nossas casas se foram, nossas famílias se foram", acrescentou.

Escapando de uma intensa campanha militar das forças do presidente Bashar al-Assad, os refugiados definham em um campo inacabado, onde as agências de auxílio e as autoridades estão lutando para fornecer abrigo e instalações mais básicas.

No campo de Zaatari, 28.000 pessoas vivem sob um calor escaldante do verão, com recursos limitados e prejudicadas ainda mais pela intensa nuvem de poeira.

"O mundo está assistindo como se quisesse humilhar o povo sírio. Nós sentimos que estamos em um grande centro de detenção e zoológico, cercados, onde todo mundo vem para capitalizar com o nosso sofrimento", disse Musa Awadat, pai de seis filhos. "Nós não fugimos da Síria para vir aqui para outra prisão."

O chefe da ONU para refugiados, António Guterres, que visitou o acampamento com Jolie e o ministro de Relações Exteriores jordaniano, Nasser Judeh, disse que a visita foi uma mensagem ao mundo "para nos ajudarem e ao governo da Jordânia, a fim de investir pesadamente na melhoria das condições de vida dos refugiados neste acampamento".

Jolie, vestida com uma camiseta preta e com o cabelo preso para trás, disse que todos os apelos por financiamento internacional para combater a crise dos refugiados "não foram alcançados".

(Reportagem adicional de Stephanie Nebehay, em Genebra)

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