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Sacrificar os seios para prevenir o câncer

14 mai 2013 - 17h43
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Entre 5% e 10% dos casos de câncer de mama são hereditários, segundo especialistas, o que indica que nestes casos a probabilidade da doença se desenvolver ao longo da vida é de 70%, e por isso a mastectomia profilática é recomendada.

Foi essa a intervenção feita pela atriz Angelina Jolie, que anunciou nesta terça-feira que se submeteu a uma dupla mastectomia preventiva do câncer de mama, por ter 87% de possibilidades de desenvolver esta doença e 50% de ter um câncer no ovário.

"Ela viveu o suficiente para conhecer seus primeiros netos e segurá-los nos braços. Mas meus outros filhos nunca terão a chance de conhecê-la e sentir quão amável e graciosa ela era", declarou a atriz.

Esta cirurgia profilática diminui em mais de 95% a probabilidade do desenvolvimento de uma câncer de mama, explicou a oncologista da Unidade de Conselho Genético em Câncer Hereditário do MD Anderson Cancer Center Madrid, Raquel Bratos à Agência Efe.

A mastectomia, no entanto, não elimina em 100% a chance de desenvolvimento de tumores ocultos quando há afetação axilar ou falta parte do parênquima mamário ectópico, mas o nível de risco é reduzido de forma significativa. "Se pudermos prevenir, melhor", afirmou.

Para realizar a cirurgia, Bratos recomenda, do ponto de vista oncológico, uma mastectomia simples ou uma mastectomia poupadora de pele "que exige reconstrução mamária imediata".

"Nos dias de hoje não podemos recomendar as mastectomias que preservem o complexo auréola-mamilo, já que apesar de que em nível estético possam parecer um pouco melhores, falta parênquima mamária, e isso pode ser problemático", disse.

Isso provoca um impacto psicológico "importantíssimo" na mulher. É preciso internar as pacientes em uma unidade multidisciplinar na qual também haja "psico-oncólogos", pois pode haver tanto um impacto físico como emocional, e são cirurgias que têm risco de complicações. Deve-se trabalhar os medos e outros parâmetros", declarou.

Por isso, as pacientes dessa cirurgia devem ter "uma altíssima probabilidade de desenvolver um câncer de mama", como é o caso da atriz americana, portadora de uma mutação patogénica no gene supressor BRCA 1.

Nestes casos "claro que é recomendada, porque na balança risco-benefício, o benefício compensa os potenciais riscos", comentou a especialista.

Para determinar se uma paciente é portadora deste gene, é necessário realizar um exame de sangue e, aplicando uma metodologia muito complexa, sequenciar o material genético, um teste que demora de em média quatro semanas para dar os resultados e que é feito nas unidades de câncer hereditário dos hospitais.

"Decidi não manter minha história em segredo porque há muitas mulheres que não sabem que podem estar vivendo sob a sombra do câncer. Tenho a esperança de que elas também façam os exames e, se tiverem um alto risco, saibam que têm opções", afirmou Jolie no artigo "Minha escolha médica", publicado nesta terça-feira pelo jornal "The New York Times".

EFE   
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