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Tribunal russo condena integrantes do Pussy Riot a dois anos de prisão

Um tribunal de Moscou condenou nesta sexta-feira a dois anos de prisão as três integrantes do grupo de punk rock Pussy Riot, que enfureceram o Kremlin e atraíram as atenções do mundo todo por fazer uma "oração" ridicularizando o presidente Vladimir Putin n

17 ago 2012 - 15h12
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MOSCOU, 17 Ago 2012 (AFP) -Um tribunal de Moscou condenou nesta sexta-feira a dois anos de prisão as três integrantes do grupo de punk rock Pussy Riot, que enfureceram o Kremlin e atraíram as atenções do mundo todo por fazer uma "oração" ridicularizando o presidente Vladimir Putin na principal igreja da Rússia.A juíza Marina Syrova anunciou sua sentença depois de considerar Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich culpadas de "vandalismo motivado por ódio religioso" por sua performance do dia 21 de fevereiro. "Considerando a natureza e o nível de perigo representado pelo que foi feito, a correção dos réus só é possível através de uma punição real", afirmou Syrova perante o tribunal lotado.Ela então atribuiu a cada uma das integrantes dois anos de trabalhos corretivos em uma colônia penal, as condições mais severas possíveis para réus primários do sexo feminino.Manifestações a favor das artistas já foram realizadas na Rússia e outras estão previstas em muitas cidades do exterior, de Paris a Sydney, passando por Varsóvia ou Nova York.Após o anúncio da sentença, os Estados Unidos pediram à Rússia que reconsidere a decisão."Os Estados Unidos estão preocupados tanto com o veredicto, pelas desproporcionais sentenças ditadas por um tribunal de Moscou no caso contra os membros da banda Pussy Riot, como com seu impacto negativo sobre a liberdade de expressão na Rússia", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, em um comunicado.A União Europeia também condenou a decisão "desproporcional" da justiça russa, segundo um comunicado da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.No comunicado, Ashton afirmou estar "muito decepcionada com a decisão da justiça russa".Ao anunciar, mais cedo, a sentença, a juíza Marina Syrova retomou em grande parte os argumentos da promotoria, que havia pedido três anos de prisão para as integrantes do grupo por terem cantado uma "oração punk" na catedral do Cristo Salvador, em Moscou, no dia 21 de fevereiro. Na ocasião, elas estavam com os rostos cobertos, tocando guitarras e com um equipamento de som, e pediram à Virgem que "livrasse" os russos de Putin no poder.A juíza ressaltou que as acusadas "não expressaram arrependimento", "violaram a ordem pública" e "ofenderam os sentimentos dos fiéis", mas disse posteriormente ter levado circunstâncias atenuantes em conta na hora de estabelecer a pena, incluindo o fato de Alyokhina e Tolokonnikova terem filhos pequenos.Os advogados das Pussy Riot pediram a absolvição das cantoras, enquanto a promotoria havia solicitado três anos de prisão. A pena máxima por "vandalismo" é de sete anos de prisão. Igreja Ortodoxa Russa pede clemência para as Pussy Riot --------------------------------------------------------As autoridades mobilizaram um grande aparato policial nos arredores do tribunal e colocaram barreiras metálicas em ambos os lados da rua para impedir grandes concentrações.Partidários e opositores das jovens se deslocaram para o tribunal antes do início do julgamento.O caso dividiu profundamente a sociedade russa. Muitos bispos e fiéis denunciaram a profanação da catedral e o ataque contra a Igreja. Mas outros, incluídos no seio da Igreja, também consideraram o julgamento desproporcional.Em função disso, a Igreja Ortodoxa Russa pediu que as autoridades mostrem "clemência" com as três integrantes do grupo."Sem questionar a legitimidade da decisão judicial, pedimos que as autoridades estatais mostrem clemência nos quadros da lei", afirmou o conselho de mais alto escalão da Igreja em um comunicado citado pela agência de notícias estatal RIA Novosti.A atitude intransigente de parte da hierarquia ortodoxa russa no caso Pussy Riot afetou a imagem da Igreja na sociedade e perturbou alguns fiéis, incluindo sacerdotes, para quem perdoar as jovens teria sido mais compatível com os valores cristãos.Grupos ultranacionalistas e ortodoxos, no entanto, protestaram diante do prédio do tribunal. "Quero que as Pussy e aqueles que as apoiam queimem no inferno", declarou um deles.Cerca de cem de pessoas gritavam, por sua vez, "Liberdade para as Pussy Riot", "Liberdade para os prisioneiros políticos".Entre as figuras do protesto contra o governo do presidente Vladimir Putin, o blogueiro e grande crítico da corrupção na política Alexei Navalny conseguiu entrar no tribunal, constataram jornalistas da AFP.Já o líder da Frente de Esquerda, Sergei Udaltsov, foi parado quando tentava se aproximar do edifício, assim como outros partidários das Pussy Riot.Em Ekaterinburgo, nos Urais, cerca de 30 pessoas se reuniram para apoiar as Pussy Riot, informou a agência de notícias Interfax.Em Samara, na região do Volga, nove pessoas foram detidas durante um protesto, segundo a mesma fonte.O caso adquiriu dimensão internacional e as três mulheres receberam nas últimas semanas uma enorme quantidade de apoios procedentes do mundo inteiro. Vários artistas, como Paul McCartney, Madonna, Sting e Yoko Ono, expressaram sua solidariedade. mrm/af/js/ma/cn/dm

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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