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A onda de compras das redes de TV aberta dos EUA

17 mai 2010 - 12h09
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Bill Carter e Brian Stelter

Depois de uma temporada de receita publicitária decepcionante, de uma perda ainda maior de telespectadores (e prestígio) diante das redes de TV a cabo, do final de séries populares como Lost e 24 e do desastre com Jay Leno na NBC, as redes norte-americanas de TV aberta estão de volta à prancheta de desenho, e parecem dispostos a gastar dinheiro.

Cena dos episódios finais de 'Lost'
Cena dos episódios finais de 'Lost'
Foto: ABC / Divulgação

Enquanto se revezam esta semana nos anúncios de programas para suas novas temporadas, os executivos não devem fazer as promessas de austeridade que vinham se repetindo desde a greve dos roteiristas alguns anos atrás. Em lugar disso, as redes aceleraram seus esforços de desenvolvimento para a próxima temporada -o que significa ampliar investimentos durante uma era de lucros em queda. O número de pilotos das redes está subindo pelo terceiro ano consecutivo, nesta temporada, e isso prejudicou as margens de lucro das empresas controladoras das redes no primeiro trimestre.

Anthony DiClemente, analista de mídia do Barclays Capital, diz que o risco financeiro ampliado é essencial. "As redes precisam criar sucessos a fim de cumprir suas garantias de audiência aos anunciantes", afirmou.

Isso é boa notícia para os telespectadores, que verão maior número de programas novos, de modo geral, com a redução do número de reprises da temporada em curso, já que esse tipo de estratégia não oferece mais qualquer valor.

"É preciso arriscar mais", disse Jeff Gaspin, presidente do conselho da NBC Universal Entertainment. "É preciso colocar mais produtos no mercado. Não se pode viver de reprises".

As redes de TV aberta anunciarão sua programação para a nova temporada, que começa em setembro, em diversos eventos durante a chamada "upfront week", em Manhattan. NBC e Fox apresentarão sua grade de programação aos anunciantes na segunda-feira; a ABC o fará na terça e a CBS na quarta, seguidas pela CW na quinta. Canais de TV a cabo como a TNT e a ESPN também realizarão apresentações durante a semana.

Os analistas preveem que o mercado antecipado para a temporada 2010/2011 será muito mais robusto que o do ano passado, com receita publicitária até 15% a 20% superior à de 2009, para as redes, ainda que isso apenas reconduza as verbas ao patamar de 2008, a última temporada lançada antes que a recessão chegasse ao seu pico.

E embora as dolorosas memórias de 2009 ainda sejam recentes, as redes estão pelo menos otimistas quanto aos sinais de recuperação econômica. "No ano passado, a economia foi mencionada em todas as reuniões" com potenciais anunciantes, disse Mike Rodriguez, vice-presidente sênior de vendas e marketing da Telemundo, uma divisão da NBC Universal. Este ano, "ela não foi mencionada nenhuma vez".

A ousadia maior quanto aos riscos é perceptível especialmente na NBC, que na noite de domingo anunciou número recorde de séries novas -o equivalente a 11 horas de novos programas por semana. Isso representa uma virada importante para uma rede que, no ano passado, tentou reduzir ao máximo seu número de novos lançamentos. A NBC precisa de toda ajuda que puder devido à rápida implosão de sua decisão de transferir o programa de Jay Leno para o horário das 22h. A rede terá programas novos em quatro dos cinco dias de semana, no horário das 22h, quando começar a nova temporada.

A NBC destaca dois novos dramas, The Event e Chase, ambos séries policiais intensas que serão exibidas na segunda-feira para tentar aproveitar as oportunidades promocionais que a rede terá ao exibir o futebol americano nas noites de domingo. Outra série que agrada à rede é a comédia Outsourced, sobre um jovem cuja empresa é transferida para a Índia; a rede gostou tanto do piloto da nova série que decidiu adiar para a metade da nova temporada a estreia dos novos episódios de uma de suas séries em cartaz, Parks and Recreation.

A NBC confirmou no domingo o cancelamento de Heroes, série que tinha grande popularidade na sua temporada inicial.

Além da NBC, DiClemente disse que a Fox também estava sob pressão, porque 24, um de seus sucessos há mais tempo em cartaz, vai acabar no final desta temporada, e American Idol, o programa musical líder de audiência da rede, está perdendo público lentamente, e seu principal astro, Simon Cowell, está para deixar o júri.

A Fox, que anunciou que o desenvolvimento de novas séries cômicas é sua maior prioridade na nova temporada, encomendou três delas ¿Traffic Light, comédia romântica que gira em torno de três rapazes; Keep Hope Alive, sobre um pai solteiro que mora com seus pais; e Running Wilde, com Will Arnett and Keri Russell. (Os títulos são provisórios.) A Fox poderia combinar duas das séries com Glee, sucesso musical sobre um grupo escolar de canto.

Tanto a CBS quanto a ABC, cuja programação inclui sucessos envelhecidos como CSI e Grey's Anatomy, conquistaram sucesso com novas séries de humor na última temporada. Na CBS, The Big Bang Theory se tornou a série com mais audiência entre os jovens, nesta temporada, e na ABC uma estreia, Modern Family, está recebendo crédito por promover uma retomada do interesse do público por esse gênero.

"Isso é muito animador", disse Dana Walden, presidente do conselho da 20th Century Fox Television. "Que uma série realmente boa estreie e o público acompanhe é excelente para todo o setor".

A CBS acredita que pode conquistar novo sucesso com Mike and Molly, a nova produção de Chuck Lorre, criador de Two and a Half Men e The Big Bang Theory. A rede também está destacando uma versão repaginada do velho sucesso Hawaii Five-O.

E a ABC, com uma verdadeira noite de humor enfim na sua grade, deve lançar três ou mais séries novas, entre as quais Mr. Sunshine, que traz de volta Matthew Perry (de Friends) como um executivo de ginásio de esportes enfrentando uma crise de meia-idade.

The New York Times
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