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Após "geladeira", Thaís de Campos comemora papel em novela

22 dez 2011 - 09h21

MÁRCIO MAIO

O jejum de 13 anos sem fazer uma novela foi quebrado com gostinho especial para Thaís de Campos. Na pele da aproveitadora Alice de Fina Estampa, a atriz comemora o fato de interpretar um papel escrito especialmente para ela pelo autor Aguinaldo Silva. Isso porque, inicialmente, nem integraria o elenco da trama, já que estava comprometida com outro projeto dele. ¿Seria realizada outra temporada de 'Lara com Z' e eu estava dentro. Mas, com o adiamento, fui pega de surpresa com essa escalação. Fico feliz porque é um sinal de que o Aguinaldo gosta do meu trabalho", avalia a atriz, que morou sete anos e meio em Portugal e, na última década, apareceu no ar apenas em séries e pequenas participações.

E a volta às novelas acontece justamente quando a Globo reprisa, no Vale a Pena Ver de Novo, um de seus principais trabalhos na tevê: Mulheres de Areia, onde interpretou a bondosa Arlete. "Foi uma época fantástica e tínhamos uma equipe que estava completamente ligada, que se ajudava em tudo. Assisto hoje com muita saudade daquele tempo", lembra, emocionada.

Você foi escalada para Fina Estampa depois da estreia da novela. Foi difícil encontrar o tom certo para a personagem tão em cima da hora?
Nunca é tranquilo no começo dos trabalhos. Mas eu já conhecia a Eva Wilma, minha primeira novela foi com ela. Fazíamos mãe e filha em Elas por Elas. De lá para cá, nunca mais tivemos contato, apenas nos encontrávamos em eventos e na própria emissora. Por isso, foi muito bom retomar essa amizade. E o fato de eu contracenar tanto com ela foi, de certa forma, um alívio. Porque somos nós duas quase sempre em cena. E ela é uma atriz dadivosa, que ajuda, ensina, troca, é muito parceira.

Por falar em parceira, o Aguinaldo chegou a explicar para vocês qual é a relação entre as duas na novela? Fica no ar a ideia de que são namoradas...
Inicialmente, o Aguinaldo falou que elas eram namoradas mesmo. Mas, depois, ele mesmo falou que não eram. Então, eu não sei direito qual é a relação que existe entre as duas.

Mas vocês combinaram algo sobre isso? Vocês interpretam com a intenção de deixar o público na dúvida?
Nós fazemos o que vem escrito. Aparecem situações meio dúbias, mas acho que são para deixar mesmo essa interrogação. Elas podem ser duas amigas, pessoas muito próximas, que andam sempre juntas. E que têm mesmo esse carinho uma pela outra, sem nenhuma ligação sexual. Assim como também podem ser, na encolha, namoradas. Mas a minha composição foi mais acentuada em relação a isso. Uso roupas que pesam, trago certo tom de masculinidade no movimento. Até porque esses traços foram definidos de acordo com as primeiras informações. Mas o que mais me instiga ali é o texto dessas personagens.

Por quê? O que o texto tem de tão especial?
A gente fala que essas duas são a consciência crítica do autor. Ele pode colocar qualquer coisa na boca da gente. E realmente coloca! Tem uma hora em que estão aplaudindo o sol e a gente fala absurdos, cria-se uma situação hilária. As duas personagens funcionam meio que como aquela voz que muita gente ouve, mas ninguém pode dizer. Ali, em Fina Estampa, essa dupla pode.

Antes de Fina Estampa, você não fazia uma novela inteira há bastante tempo. Por que decidiu deixar a carreira de lado e morar mais de sete anos em Portugal?
Eu me mudei em 2000 para desenvolver meu lado produtora e diretora. Fui para Lisboa e, lá, abri uma escola de televisão. Antes disso, fui chamada para dar cursos e sempre me receberam bem. E percebi uma lacuna sobre técnica de televisão entre os atores portugueses. Uma técnica que aprendi com meu tio, o Wolf Maya. E quando você se dispõe a trabalhar com a formação de outras pessoas, tem de fazer com seriedade. Não dava para enxergar aquilo como um negócio e ficar tentando cavar coisas na tevê, fosse lá ou aqui, no Brasil. Eu precisava me dedicar quase em tempo integral às atividades da escola e foi o que fiz. Quando senti falta de voltar a atuar, fechei e voltei. Mas minha casa continua lá, não quero abandonar Portugal completamente.