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Autora quer mostrar Dercy Gonçalves além dos palavrões

25 dez 2011 - 13h06
(atualizado às 13h07)
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Geraldo Bessa

A exigência de Maria Adelaide Amaral com seus trabalhos na tevê é alta. Dessa forma, com oito minisséries e duas novelas, ela conquistou um dos currículos mais autorais da Globo. "Todas as minisséries que escrevi foram propostas por mim. Assim consigo manter o prazer de escrever sobre o que quero e entendo", ressalta a autora de 59 anos. Longe da tevê desde o fim de Ti-Ti-Ti, de 2010, Maria Adelaide curtiu pouco suas férias.

De volta ao Brasil, depois de uma semana em Nova York, ela teve a ideia de adaptar para a tevê a história da atriz Dercy Gonçalves, que morreu em 2008, aos 101 anos de idade. Amiga pessoal da personagem ¿ e responsável pela biografia Dercy de Cabo a Rabo, lançada em 1994 ¿, a autora não esconde a emoção ao conferir as primeiras cenas da microssérie Dercy de Verdade, com lançamento previsto para o dia 10 de janeiro. "Tenho muito orgulho de reapresentar a Dercy para o Brasil. Ela é muito mais do que 'aquela mulher que fala palavrão'", derrete-se.

Protagonizada por Heloísa Périssé e Fafy Siqueira, que interpretam Dercy em fases diferentes, a microssérie de quatro episódios conta os amores, alegrias e desventuras da vida da atriz natural de Santa Maria Madalena, cidade do interior do Rio de Janeiro. "A história é cativante e contada com muita realidade. Além disso, conseguimos uma equipe ótima", elogia.

O livro Dercy de Cabo a Rabo foi publicado em 1994. Como surgiu a vontade de adaptá-lo para a tevê 18 anos depois?

Maria Adelaide Amaral - Quando terminei Dalva e Herivelto, vi que o formato de poucos episódios seria interessante para um projeto de resgate de histórias de pessoas importantes para a cultura do país. Minha ideia é jogar luz em figuras que foram muito populares. No caso da microssérie anterior, eles estavam quase desconhecidos do público mais jovem. Já a Dercy ainda permeia o inconsciente coletivo. Falei com a direção da emissora sobre a minha ideia de fazer a microssérie e eles toparam na hora

A Dercy viveu até os 101 anos de idade e a microssérie tem quatro episódios. Como foi o processo para resumir a história e adaptá-la ao formato?

Maria Adelaide Amaral - Tenho bastante autonomia nos meus trabalhos na Globo. Eu sugeri a duração, pois esse projeto foi escrito e pensando para gerar um filme também. Por isso, a história tinha de ser sintética, já que um longa tem, em média, duas horas. Pensei no que seria mais fundamental na vida dela, nos acontecimentos mais fortes dessa trajetória. Não foi fácil. O trabalho de revisitar e atualizar o que já estava no livro foi emocionante. Lembrei dos momentos engraçados que tive com a Dercy

Você e Dercy eram amigas íntimas. Isso dificultou na hora de revelar passagens polêmicas da vida dela?

Maria Adelaide Amaral - Acho que isso ajudou, pois pude falar com propriedade. Nos conhecemos no início dos anos 90. De cara, tive a impressão de que ela era uma velha dama muito digna. Extremamente sóbria, moralista e puritana. Que mantinha uma "persona" pública e outra privada. Com a microssérie, as pessoas terão a chance de ver uma Dercy que nunca foi mostrada. O palavrão era apenas o marketing dela

Sua estreia na tevê foi em 1990, como colaboradora do Cassiano Gabus Mendes em "Meu Bem, Meu Mau". Depois de anos dedicada somente ao teatro e à literatura, o que a fez entrar e permanecer na televisão?

Maria Adelaide Amaral - É que eu estou sempre com algum projeto na cabeça. E na televisão as coisas andam de forma mais rápida e industrial. Sinto falta de escrever peças. Minha origem é o palco, mas não me sinto emprestada para a tevê. Pois no fim, tudo é diálogo e dramaturgia

Seu último trabalho na tevê foi o "remake" de Ti-Ti-Ti. No entanto, você é mais conhecida como autora de minisséries do que novelas. Se interessa mais por trabalhos de curta duração?

Maria Adelaide Amaral - A verdade é que eu gosto de projetos especiais. Colaborei com muitas novelas, mas assinei a autoria principal de apenas duas, que foram adaptações de tramas do Cassiano, o sujeito que me trouxe para a tevê. Ou seja, foram trabalhos de caráter emocional. Escrevi muitas minisséries na Globo e me orgulho do padrão de qualidade delas. Se me derem condições de fazer uma novela com o mesmo padrão, vou fazer. E já está quase tudo certo para eu escrever meu primeiro texto inédito para o horário das sete, deve estrear em 2013

Dercy de Verdade - Globo, estreia prevista para o dia 10 de janeiro.

Maria Adelaide Amaral era amiga pessoal de Dercy Gonçalves
Maria Adelaide Amaral era amiga pessoal de Dercy Gonçalves
Foto: PEDRO PAULO FIGUEIREDO/CARTA Z NOTÍCIAS / TV Press
Fonte: TV Press
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