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Bruno Gagliasso desiste de novela para viver serial killer

Ator viverá Edu em 'Dupla Identidade'

18 set 2014 - 18h42
(atualizado às 18h43)
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Bruno Gagliasso desiste de novela para viver serial killer em Dupla Identidade
Bruno Gagliasso desiste de novela para viver serial killer em Dupla Identidade
Foto: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias / TV Press

Depois de protagonistas e papéis de destaque, alguns atores conseguem a proeza de trabalhar apenas por convites em personagens pensados para eles. Bruno Gagliasso se encaixa perfeitamente neste caso. Disputado por núcleos dentro da Globo, seria fácil e até bem produtivo para ele esperar sempre pelo próximo chamado. No entanto, de olhos vivos e atento aos sinais, o ator parece não querer ficar deitado em berço esplêndido. A prova disso é que, mesmo com alguns impedimentos, Bruno fez de tudo para conseguir o papel principal de Dupla Identidade , série que estreia na próxima sexta, dia 19 de setembro. Escrita por Glória Perez, a produção descortina os crimes do serial killer Edu, jovem de classe média acima de qualquer suspeita. Tudo pesava contra. O papel foi feito para um ator bem mais velho e eu já estava escalado para outro produto da emissora. Mas, ao ler o roteiro, senti que deveria me esforçar para viver esse personagem e comecei a insistir com a Glória, diretores, todo mundo. Queria ao menos fazer o teste. Fiz e passei, conta, entre risos.

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Aos 32 anos, o ator carioca sentia necessidade de uma renovação na carreira. Não que as coisas estivessem na mesmice. Até porque Bruno vem de uma leva de bons e diversificados personagens, que incluem o bem-humorado Berillo, de Passione , o vilão Timóteo, de Cordel Encantado , e o mocinho Franz, de Joia Rara . No entanto, interpretar Edu é uma forma de entrar em um processo de trabalho mais intenso e sair um pouco do esquema de produção industrial das novelas. Há cerca de 4 meses, ele está imerso em referências e inspirações para Dupla Identidade. A grande dificuldade desse papel são os detalhes. É preciso passar as reais intenções do Edu, mesmo ele tendo cara de bonzinho e gente boa. É um exercício e tanto, analisa.

Histórias de assassinos em série não são comuns na teledramaturgia nacional. De que forma essa temática chamou sua atenção?

Bruno Gagliasso

- Eu gosto do que não está tão evidente. Edu é um cara bacana e que foge de qualquer estereótipo. É do tipo que poderia estar em qualquer lugar, interagindo e conversando com as pessoas. No entanto, ele gosta de matar, sente prazer em ter em mãos o poder sobre a vida e a morte. Ele gosta de se sentir uma espécie de Deus. Esse perfil de personagem é um sonho para qualquer ator.

Na contramão de seus trabalhos mais recentes, você ganhou o papel principal depois de participar dos testes para o projeto. Como foi este processo?

Bruno Gagliasso

- Soube nos corredores do Projac que a série tinha sido aprovada e que o protagonista seria feito através de teste. Eu adoro o formato de série, sou viciado em suspense. Pedi para ler a sinopse e fiquei fascinando com a linguagem e a intensidade dos acontecimentos. Aí, comecei a encher o saco da produção para ser avaliado também. Fui o último a fazer teste para viver o Edu. Na hora, não pensava em nervosismo ou na

ansiedade

de ter o papel, fiz com a certeza de estar dando o melhor do meu trabalho. Dias depois, fiquei sabendo que o papel era meu.

Como você acha que conseguiu convencer a direção para assumir um papel escrito para um ator mais velho?

Bruno Gagliasso

- Gostei do personagem, achei que eu já estava mais maduro para enfrentar o tipo de complexidade que o papel exigia. Eu sabia que o roteiro tinha sido escrito para um ator mais experiente, mas pensei que poderia funcionar independentemente da faixa etária. A psicopatia pode afetar qualquer um. E tenho um rosto normal, daria para convencer. O Edu é aquele personagem que todo ator quer fazer quando se sente mais maduro na profissão. Gosto de mexer com quem me assiste, de problematizar, levantar questões. Acho que essa é uma das funções da carreira de ator.

Como assim?

Bruno Gagliasso - A teledramaturgia tem um impacto enorme no Brasil. Acontecem atrocidades nas notícias dos jornais, mas uma cena de novela consegue mobilizar mais o Brasil do que a própria realidade. Ou seja, tem muita gente de olho na ficção. Acho válido trazer discussões para o público. É por isso que me envolvo em projetos desse tipo. Não é a primeira vez que empresto minha atuação para um personagem não apenas porque gostei dele, mas pelo que ele poderia gerar de repercussão nas famílias.

O Júnior, de América , e o Tarso, de Caminho das Índias , são dois tipos que levantaram questões acerca da afirmação da sexualidade e da esquizofrenia, respectivamente. Como foi a resposta do público a esses papéis?

Bruno Gagliasso - Tão boa que são lembrados até hoje. A esquizofrenia, infelizmente, é um assunto meio à margem da sociedade em geral e que precisou dessa visibilidade, pois é algo sério e que precisa ser analisado. América é, possivelmente, um dos trabalhos que me dá mais orgulho. Mesmo sem o beijo gay no último capítulo, acho que a história do Júnior ajudou um pouco a desmitificar a questão gay nas novelas.

Bruno Gagliasso desiste de novela para viver serial killer em Dupla Identidade
Bruno Gagliasso desiste de novela para viver serial killer em Dupla Identidade
Foto: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias / TV Press

Depois de tantos personagens de destaque e protagonistas, como você encara voltar a fazer testes para conseguir um papel?

Bruno Gagliasso - Não tenho a vaidade de ser apenas convidado para trabalhar. Se o projeto é importante e me instiga de alguma forma mais intensa, é claro que eu posso e devo correr atrás. Se o ator começa a se acomodar, pode acreditar que só vão surgir papéis parecidos para ele fazer. Sinceramente, eu gostei de ser testado.

Por quê?

Bruno Gagliasso - Lembrou o início da minha carreira. E reafirmou a importância de mostrar que eu consigo fazer o personagem que aparecer, basta ter foco e determinação. Não vou citar nomes, mas outros atores muito bons fizeram o teste. Então, para mim, a vaidade deste trabalho consiste em ser reconhecido para fazer esse personagem tão forte.

Onde você buscou referências e inspirações para interpretar Edu?

Bruno Gagliasso

- Vi muitos filmes de suspense e que traçam perfis de serial killers. Esse tipo de assassino é muito mais comum em Hollywood do que na produção audiovisual brasileira. A série

Dexter

tornou-se o ponto de partida para o elenco entender e buscar outras inspirações independentes. No mais, o processo da série foi se firmando mesmo no estudo do texto. Foram dois meses de ensaios exaustivos até que o diretor viu que todos nós estávamos prontos para iniciar as gravações.

Esse tipo de processo mais intenso é usual nas séries e em outros formatos de menor duração. Você estava um pouco cansado do esquema industrial das novelas?

Bruno Gagliasso

- Acho que o legal é diversificar. Realmente, em séries é possível aprofundar mais o trabalho, grava-se de forma fechada, sem surpresas no caminho. Mas, se hoje tenho mais versatilidade como ator, devo às novelas. Eu não tenho essa coisa de dar um tempo. Se surge um trabalho interessante na sequência de sair de uma trama, eu faço. Sou novo, preciso e gosto de experimentar. Mas é claro que é interessante sair desse esquema. Continuo adorando fazer novelas e estou aberto a convites. Mas, se aparecer algo parecido com Dupla Identidade, não vou hesitar em insistir para participar. 

 Dupla Identidade – Globo – Quinta, às 23:30 h.

Hora de ousar

Além de escrever novelas, Glória Perez é também uma ávida telespectadora. Zapeando entre canais abertos e fechados, a autora se deu conta de que, apesar dos grandes investimentos das emissoras e produtoras em seriados, o Brasil nada investia em séries de suspense. Sendo assim, Dupla Identidade nasce do desejo de Glória de fazer um suspense com ares bem brasileiros. A última vez que vi uma história semelhante a que quero contar foi em Noivas de Copacabana, uma produção que se tornou clássica, mas que já tem 22 anos, justifica.

Com direção de Mauro Mendonça Filho, em 13 episódios, Dupla Identidade entrelaça assassinatos em série por puro prazer com a vida normal e pacata do jovem advogado Eduardo, de Bruno Gagliasso. O personagem é assessor de um famoso político que tenta a reeleição e namorado da sensível Ray, de Débora Falabella. Meu papel serve como uma máscara social para todas as atrocidades que o Edu comete, resume a atriz.

Ambientada em um Rio de Janeiro que contrasta o clima solar e as sombras da noite, a série tem no bairro de Copacabana um personagem forte. A gente precisava de um ambiente real para contar a história. Copacabana tem essa mistura da elegância com o submundo, analisa o diretor Mauro Mendonça Filho. Quem vai correr atrás das pistas e dos possíveis próximos assassinatos de Edu é a psicóloga Forense Vera, de Luana Piovani, e o delegado Dias, de Marcello Novaes. É um jogo de gato e rato muito interessante. Edu é frio, calculista e sabe bem o que faz, é muito complexo para a polícia chegar até ele, ressalta Marcello.

Imerso neste projeto desde abril deste ano, Mauro celebra a parceria com o texto de Glória Perez como uma ousadia dentro da emissora, tanto pela força do tema quanto pela tecnologia utilizada para a captação das imagens. Dupla Identidade é a primeira produção da Globo toda gravada com câmaras com definição 4K, que resulta em uma imagem de qualidade quatro vezes maior do que o HD. Para o diretor, a grande diferença em trabalhar com essa nova tecnologia é a facilidade de manipular a imagem na pós-produção. A câmara capta mais informações e revela todos os detalhes da gravação. Das cores ao acabamento do estúdio, passando pelos cenários e figurinos. Sendo assim, tenho muito mais liberdade de mudar alguma coisa na edição, explica o diretor.

Quem é Quem

Eduardo (Bruno Gagliasso) – Aos olhos de todos, Edu é um jovem alegre, carinhoso e sensível. Coleciona tantas qualidades para esconder a verdade: é um criminoso sádico.

Ray (Débora Falabella) – Namorada de Edu. Mostra-se muito vulnerável pela instabilidade emocional causada pelo transtorno de personalidade borderline e acaba sendo manipulada através dessa vulnerabilidade.

Vera (Luana Piovani) – Psicóloga forense, se especializou no FBI em Ciência Comportamental e foi chamada para reforçar a equipe no caso dos assassinatos em série.

Dias (Marcelo Novaes) – Delegado responsável pelos casos dos assassinatos em série. Introvertido, dedicado e sério, deseja chegar ao cargo de Secretário de Segurança.

Oto Veiga (Aderbal Freire Filho) – Velha raposa do universo político, o senador dança conforme a música e faz de tudo para conseguir se reeleger.

Sylvia (Marisa Orth) – Casada com Oto, está exausta por desempenhar o papel de esposa de político.

Coisa de cinema

Bruno Gagliasso está longe de se aposentar como ator. Mas já tem um plano B caso queria dar um tempo da atuação: a produtora de cinema Escambo. O projeto idealizado entre o final de 2013 e o início deste ano já começa a dar frutos. A partir do dia 18 de setembro, estreia Isolados, filme que flerta com gêneros pouco usuais no cinema brasileiro: suspense e terror. Meu comprometimento por ser ator ainda é prioridade. Mas acho bacana ter outras possibilidades. A produção e criação audiovisual são coisas que me interessam muito, explica.

Trajetória 

- Chiquititas (SBT, 2000) – Rodrigo.

- As Filhas da Mãe (Globo, 2001) – José.

- Desejos de Mulher (Globo, 2002) – Saulo.

- A Casa das Sete Mulheres (Globo, 2003) – Caetano.

- Celebridade (Globo, 2003) – Inácio.

- América (Globo, 2005) – Júnior.

- Sinhá Moça (Globo, 2006) – Ricardo.

- Dom (Globo, 2006) – Théo.

- Paraíso Tropical (Globo, 2007) – Ivan.

- Ciranda de Pedra (Globo, 2008) – Eduardo.

- Caminho das Índias (Globo, 2009) – Tarso.

- Passione (Globo, 2010) – Berillo.

- Cordel Encantado (Globo, 2011) – Timóteo.

- As Brasileiras (Globo, 2012) – Zé Sereno.

- Joia Rara (Globo, 2013) – Franz.

- Dupla Identidade (Globo, 2014) – Eduardo.

Fonte: TV Press
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