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Com carisma do elenco, 'Cheias de Charme' foca na nova classe C

24 abr 2012 - 14h12
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Mariana Trigo

De olho na audiência da nova classe C, que engloba 110 milhões de brasileiros, a Rede Globo mais uma vez dá sinais de que cada vez mais foca suas produções nesse público-alvo com a estreia de Cheias de Charme, nova trama das 19h da emissora. Prova disso é tirar a figura da empregada doméstica dos personagens de apoio e quase figurações para elevá-las a protagonistas. Com isso, cria-se ainda mais uma identificação de parte dessa nova faixa de consumo estável com as histórias da teledramaturgia.

Nesse caso, três belas e inverossímeis mulheres ¿ bem tratadas demais para quem passa o dia atrás de um tanque. Isabelle Drummond, como a estudante e arrumadeira Maria Aparecida, Taís Araújo, na pele macia da sofrida doméstica Maria da Penha e a serelepe Maria do Rosário, vivida por Leandra Leal.

Com um carisma hipnotizante desde o primeiro capítulo, que rendeu 34 pontos de média, o trio se une no xadrez de uma delegacia após protagonizar várias confusões - o que parece ter sido inspirado no início da trama Quatro por Quatro, de Carlos Lombardi, onde as quatro protagonistas também se reuniam com um grito de guerra em uma cela. Coincidências à parte, o exagero dá o tom de cada frame da trama assinada pelos estreantes Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. Conduzida pela direção correta, mas pouco inovadora de Denise Saraceni, a trama diz a que veio com seus exuberantes figurinos, cenários espalhafatosos e gostos para lá de duvidosos.

Outro personagem de destaque da história é a própria trilha sonora, que embala as cenas em shows da decadente e purpurinada Chayene, mais uma vilã sedutora da teledramaturgia, que promete entrar para a história com o deboche interpretativo de Claudia Abreu. Conduzida pela mistura dos ritmos axé, forró, brega, sertanejo universitário e hip hop, cada núcleo é pincelado com tons fortes, com uma comédia enxuta, de fácil entendimento, o que atrai ainda mais o público da trama e se encaixa perfeitamente no ritmo das histórias das 19h.

As tomadas de favelas, churrascos na laje e cenas dos trens suburbanos, por sua vez, fincam o objetivo cada vez mais declarado da emissora em valorizar os cenários menos favorecidos, especialmente em produções que se sobressaem na audiência. Como é o caso de A Grande Família, Tapas & Beijos e Avenida Brasil, que ainda tem como protagonista um ex-jogador de futebol e conta com um lixão como um de seus principais cenários. Nesta exaltação dos clichês e dos modismos musicais mais efêmeros, a novela transborda em simpatia e prova que o único oásis distante dessa avalanche de subcultura fast food teledramatúrgica cada vez mais se isola nas TVs por assinatura.

Conduzida pela mistura dos ritmos regionalistas, 'Cheias de Charme' é uma comédia de fácil entendimento
Conduzida pela mistura dos ritmos regionalistas, 'Cheias de Charme' é uma comédia de fácil entendimento
Foto: Rede Globo / Divulgação
Fonte: TV Press
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