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Elizabeth Savalla exalta tom leve de 'Alto Astral'

"Trato cada trama como se fosse única e não coloco meu ego na frente do trabalho"

17 dez 2014 - 20h53
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Despachada e extrovertida, Elizabeth Savalla usa a simplicidade a seu favor. Intérprete das mais competentes e com muitos papéis de destaque no currículo, aos 60 anos recém-completados, a Tina de Alto Astral vai na contramão de muitas atrizes de sua geração, que reclamam da falta de bons papéis femininos. E brinca ao analisar a diversidade e boas oportunidades que sempre pautaram sua carreira. "Não é questão de talento, pois existem atrizes muito melhores do que eu. Nessa profissão, muito mais que capacidade, é preciso ter sorte. Estar no lugar certo, na hora certa e com uma boa equipe. Depois vêm disciplina e vontade de trabalhar. E isso não me falta", destaca. Fora do ar desde janeiro deste ano, quando Amor à Vida chegou ao fim, Savalla não esperava voltar à tevê ainda em 2014. Mas o convite do diretor Jorge Fernando, a temática espírita da trama e a leveza cômica de seu núcleo a conquistaram. "Já conheço toda a equipe e a novela carrega uma mensagem de esperança muito forte. Achei que seria uma boa oportunidade de voltar aos estúdios", explica.

Alto Astral é a 22ª novela de Savalla na Globo, onde estreou em 1975, na pele da moderna Malvina, de Gabriela. "Foi um belo cartão de visitas e é um trabalho lembrado até hoje", valoriza. Seus traços finos e delicados serviam perfeitamente para o papel de mocinha, posto que assumiu em tramas como Pai Herói e Plumas & Paetês. Mas, na busca por novas possibilidades artísticas, ao longo dos quase 40 anos na emissora, encarou diversos tipos cômicos, passeou por trabalhos densos e se divertiu com vilãs ardilosas, se destacando em trabalhos como Quatro por Quatro, A Padroeira e Chocolate com Pimenta. "Trato cada trama como se fosse única e não coloco meu ego na frente do trabalho. Nem toda personagem será marcante. É preciso lidar com essas variáveis. Mas, quando se torna especial, dá um orgulho enorme", ressalta.

Você foi um dos grandes destaques de Amor à Vida, que terminou no início de 2014. Já estava ansiosa para voltar ao vídeo?

Elizabeth Savalla - Assim como todos os trabalhos que fiz com Walcyr (Carrasco), Amor à Vida foi uma experiência maravilhosa. E ainda contou com a repercussão que o horário das nove acarreta. Como a gente fica muito marcado e a Márcia era um furacão, achei que fosse demorar para ser escalada. Mas existem convites e convites. No caso de Alto Astral, a minha confiança no trabalho do Jorge Fernando pesou.

Como assim?

Elizabeth Savalla - Acho que, quando você gosta do projeto e existe uma identificação com as pessoas que estão à frente da empreitada, surge uma motivação para topar o convite e voltar ao ar. Eu fiquei 10 anos direto trabalhando no núcleo do Jorge Fernando. E é claro que isso é levado em consideração e deixa os bastidores da trama muito mais confortáveis e divertidos para mim. Gosto dos câmeras, converso muito com as meninas da caracterização, brinco com a continuísta. Fica um clima ótimo. Fora que, aos poucos, a personagem está surgindo, estou me sentindo mais segura. Acho que foi um bom momento de voltar.

Os dilemas e o tom de comédia da personagem a instigaram?

Elizabeth Savalla - Eu entrei sem saber muita coisa. Quando fui convidada, o autor me falou que esta personagem carrega um segredo, mas não quis me contar para que essa informação não influenciasse no desempenho. Como na vida é assim, as coisas vão acontecendo sem que a gente tenha conhecimento prévio, decidi não me precipitar. Enquanto o segredo da Tina não é revelado, eu vou me divertindo com essa família louca. Fora que adoro essa "pegada" sobrenatural que a trama aborda.

É algo em que você acredita?

Elizabeth Savalla - Sim. O espiritismo sempre me atraiu muito. E a forma como a temática é encarada pelo autor é fascinante, de uma leveza maravilhosa. Apenas acreditando que exista um mundo espiritual. Eu acredito, até porque não acho que a gente está aqui à toa, só para pegar trânsito e pagar caro pelas coisas.

Tina tem tintas bem populares e é carregada de humor, duas características que também eram fortes na Márcia de Amor à Vida. Essa semelhança entre personagens próximas chegou a preocupá-la?

Elizabeth Savalla - 

Não, mas muito pela abordagem das duas. A base dramática e densa da Márcia a torna única. Já a Tina, além do segredo, tem uma concepção mais leve. Ela está com o homem que ama e cuida dos quatro filhos dele em uma relação familiar bem caótica. Em 2015, completo 40 anos de Globo, essa coisa de ter personagens com características parecidas é comum na carreira de qualquer atriz, vai da gente procurar e distanciar cada trabalho. Uma coisa que me ajuda muito, por exemplo, é a caracterização da Tina.

É extremamente básica, não?

Elizabeth Savalla - Muito. É chegar no camarim, prender um cabelo com um grampo e estou pronta. Bem diferente do processo em Amor à Vida, onde eu tinha de chegar uma hora e meia antes de gravar para fazer os cachos. Ficar sentada durante tanto tempo me deixou meio traumatizada (risos).

Por quê?

Elizabeth Savalla - A caracterização da Márcia foi uma escolha minha. Eu achei que aquele cabelo seria perfeito para contar a história. Mas sou muito agitada e é difícil ficar parada, tive até de usar um creme para assaduras por ficar sentada durante tanto tempo. Mas o importante é que valeu a pena (risos).

Alto Astral é seu primeiro trabalho com um autor diferente depois de 13 anos fazendo apenas novelas do Walcyr Carrasco. Em algum momento você se sentiu limitada artisticamente?

Elizabeth Savalla -

Pelo contrário. Se minha próxima novela fosse com o Walcyr, eu ficaria muito feliz. É um autor dos mais talentosos, que conhece seu elenco e sabe muito bem o que fazer com ele. Tivemos momentos maravilhosos nesses anos todos, desde trabalhos mais densos e complexos como

Alma Gêmea

, passando por vilãs malucas como em

Chocolate com Pimenta

.

Você teve de recusar muitos convites de outros núcleos de produção por conta dessa "fidelidade" artística?

Elizabeth Savalla - Como eu já estava reservada previamente, as pessoas acabavam nem tentando me escalar. Mas ouvi de diversos autores e diretores coisas como: "O Walcyr não te larga!" ou "Tenho um personagem feito para você, mas você já está comprometida" (risos). O mais irônico é que essa amizade e vontade de trabalhar junto surgiu de algo triste.

A morte do diretor Walter Avancini na época de A Padroeira (2001)?

Elizabeth Savalla - Exatamente. O Walter tem importância fundamental na minha trajetória. Foi ele que me escalou, por exemplo, para viver a Malvina na primeira versão de Gabriela, lá em 1975. De uma certa forma, eu e Walcyr ficamos meio órfãos. O que acabou por nos aproximar e fortalecer essa relação profissional. Tanto que ele foi um grande incentivador para eu dizer "sim" ao convite de Alto Astral.

Elizabeth Savalla
Elizabeth Savalla
Foto: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias / TV Press

Você estará em Verdades Secretas, folhetim que Walcyr escreve para as 23h e que tem previsão de estreia para 2015?

Elizabeth Savalla -

Só terei certeza quando já estiver gravando. Mas existe essa possibilidade sim e espero que tudo dê certo.

Na maldade

Elizabeth Savalla fez mocinhas com muitas propriedades, mas se descobriu mesmo foi nas vilãs. Depois de uma série de heroínas boas e destemidas, a atriz chegou a pedir para a direção da Globo que mudasse um pouco de lado. Foi dessa forma que conseguiu sua primeira vilã, a Bruna de Pão, Pão, Beijo, Beijo, de 1983. "Naquela época, as pessoas chegaram a duvidar que eu poderia interpretar uma personagem má. E foi um sucesso, queriam me agredir nas ruas", relembra.

Nos últimos anos, Elizabeth tem alternado personagens boas e más. Da leva de trabalhos com Walcyr Carrasco, por exemplo, ela pode novamente mostrar que consegue movimentar uma trama de forma ardilosa em A Padroeira, Morde & Assopra e, especialmente, Chocolate com Pimenta, sucesso exibido em 2003, onde deu vida a Jezebel. "Ela era completamente cega pelo poder e ainda era extremamente fogosa. Foi uma personagem muito expressiva em uma novela de sucesso. Entendo o fanatismo do público pelas vilãs, elas são muito mais interessantes", justifica.

Palco popular

A paixão pelo teatro move Elizabeth Savalla. Quando não está envolvida com alguma produção televisiva, é nos palcos do Brasil que a atriz se realiza. Neste contexto, é com orgulho que ela fala sobre o Teatro de Graça na Praça, projeto ao qual se dedica há anos e que a fez conhecer muitas cidades do interior do Brasil. "É a possibilidade de me apresentar para pessoas que nunca sequer tiveram a chance de ver um espetáculo teatral. Por isso, levo este trabalho muito a sério. A resposta do público é maravilhosa", emociona-se. 

Fonte: TV Press
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