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Globo dá tiro no pé ao escalar atores que ainda estão no ar

17 abr 2014 - 10h53
(atualizado às 10h53)
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<p>Giovanna Antonelli vive Clara, de 'Em Família'</p>
Giovanna Antonelli vive Clara, de 'Em Família'
Foto: AgNews

Durante décadas, a Globo aplicou a política do 'descanso de imagem' implantada por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, lendário vice-presidente da emissora. Após um trabalho marcante (novela, seriado ou minissérie), o ator ficava um período de alguns meses fora do ar antes de encarar um novo trabalho. Com isso, o público tinha a chance de se desapegar do personagem anterior antes de ver o artista novamente atuando. Essa prática foi abandonada aos poucos a partir da saída de Boni do comando do canal, em 1997.

Atualmente alguns globais vivem uma verdadeira overdose de exposição no vídeo. Emendam um trabalho no outro. São sempre disputados por autores e diretores. Tornou-se comum um ator estar no ar numa novela e ser anunciado no elenco de outra. É o caso de Gabriel Braga Nunes. No momento, ele vive o flautista Laerte de Em Família. Mas a imprensa já destaca seu próximo trabalho, como um dos protagonistas de Três Marias. A trama estreará na faixa das 21h somente em fevereiro ou março de 2015.

Acontece o mesmo com Giovanna Antonelli. A história de paixão gay de sua personagem, Clara, ainda nem emplacou na novela Em Família, e a atriz foi definida como vilã do próximo folhetim de João Emanuel Carneiro, no ar após Três Irmãs. Quase um ano e meio antes de ser apresentada aos telespectadores, a futura personagem já está sendo chamada de 'nova Carminha', em referência à inesquecível (e, por enquanto, insuperável) víbora interpretada por Adriana Esteves em Avenida Brasil (2012).

Mais um episódio de imagem superexplorada envolve Alexandre Nero. O ator foi escolhido pelo novelista Aguinaldo Silva para protagonizar Falso Brilhante, sucessora de Em Família. Mas ele estava no ar como o vilão Hermes de Além de Horizonte, que termina em duas semanas. Para que Nero pudesse se dedicar imediatamente à construção do novo personagem, a solução foi matar Hermes. O antagonista deixou a trama pateticamente, engolido por uma tal lama gulosa no meio da Floresta Amazônica.

O anúncio antecipado de um novo trabalho é ruim para o ator. O artista passa a ser questionado pela imprensa sobre o futuro personagem, e o atual pode perder importância. Além disso ele corre o risco de se repetir, por não ter o tempo necessário para se desligar de um tipo antes de criar outro. Não raro o novo personagem é parecido com o anterior, e o telespectador fica com a indesejável sensação de 'já vi ele fazendo isso antes'. 

A Globo tem quase mil contratados exclusivos. Porém um grupo reduzido de atores se reveza nos papéis principais. Autores e diretores preferem não arriscar, e costumam escalar figuras conhecidas, verdadeiras grifes da teledramaturgia, que são quase uma garantia de sucesso. Contudo essa fórmula antes infalível dá sinais de desgaste. Entediado ao ver sempre as mesmas caras, o público usa o controle remoto da TV para procurar novidade em outros canais.

Fonte: Especial para Terra
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