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Lícia Manzo é a nova aposta da Globo para a novela das 18h

21 ago 2011 - 08h26
(atualizado às 16h27)
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Regina Rito

Escalada para escrever A Vida da Gente, que estreia em setembro e vai substituir Cordel Encantado, a autora Lícia Manzo sabe que terá uma responsabilidade e tanto pela frente.

Já está sentindo o peso de ter que substituir Cordel Encantado, que é um grande sucesso (média de 30 pontos de audiência)?
Nossa, isso é uma perturbação. Quando vou ao cabeleireiro me perguntam: 'Quando vai estrear sua novela? Poxa, Cordel vai acabar?' É duro, mas o que posso fazer (risos). Tenho que lidar com isso. Com Cordel, eu vi uma relação de paixão com o público. Há uma coisa muito poética, uma excelência de produção. Mas, em tudo na vida, a gente se adapta às exigências. Temos essa capacidade de responder, de se adequar, e também tem a equipe que eu consegui formar.

Que autores você admira?
Como espectadora eu gosto de vários. Mas em especial o Manoel Carlos e o Gilberto Braga, por serem humanistas. Aguinaldo Silva também. Senhora do Destino foi um novelão maravilhoso.

Você é mais uma autora mulher no horário das seis. Acha bacana mulheres aparecerem mais agora como autoras de novelas?

Como tudo, em todos os espaços, o mundo estava devendo esse equilíbrio.

E como será A Vida da Gente?
Minha novela é basicamente urbana, de comportamento contemporâneo. A história central gira em torno de uma jovem tenista com carreira promissora, a Ana (Fernanda Vasconcellos), sua irmã rejeitada, a Manuela (Marjorie Estiano), e o irmão postiço delas, Rodrigo (Rafael Cardoso). Ana e Rodrigo foram criados durante sete anos como irmãos (dos 10 aos 17 anos). De repente, na adolescência, eles se descobrem apaixonados.

O relacionamento do casal principal vai gerar conflitos?
A mãe dela, Eva (Ana Beatriz Nogueira), e o pai do Rodrigo, Jonas (Paulo Betti), não aprovam o relacionamento dos dois. Mas Ana fica grávida e, após sofrer um acidente que a deixará em coma, a criança será criada pela irmã e pelo irmão de criação. Depois de três anos com a irmã em coma, Manuela e Rodrigo também começam a desenvolver um amor e formam uma família. Quando estão estabilizados e felizes, a irmã sai do coma.

Por que escolheu Porto Alegre para ambientar a trama?
Na verdade, a sugestão veio do Jayme Monjardim e eu a abracei com muito entusiasmo. A protagonista da novela é uma tenista, que é uma espécie de "Guga de saias". Parece que o Brasil é Rio e São Paulo só. Achei legal essa novidade, e também acho que esse ambiente do Sul, do visual mais europeu, tem a ver com o tênis e também com coisas que a trama traz.

Quando você começou a escrever a novela, pensou nos atores que iam viver os personagens?
Nada. Eu nem tinha expectativa que a sinopse fosse aprovada tão rápido. E eu sei que o processo dentro da emissora é muito moroso. Para você ter uma ideia, entreguei a sinopse no final de setembro do ano passado. Ela foi avaliada por dois meses e só fiquei certa de que iria entrar no final de fevereiro. A partir daí, eu sentei com o Jayme, agradeci a Deus e à Santa Clara, padroeira da televisão.

Quem você acha que vai cair logo no gosto do telespectador?
Acho a personagem Ana, da Fernanda Vasconcellos, muito carismática. Depois tem a irmã dela, rejeitada pela mãe. São mulheres muito fortes, humanizadas, guerreironas. A Eva, vivida por Ana Beatriz Nogueira, também. Ela é horrível na novela, manipuladora, mas é um grande personagem. E tem o Jonas, pai do Rodrigo, em crise de meia-idade. Além do próprio Rodrigo, que será muito heroico.

Como é esse mocinho?
Um menino com 17 anos se dispor a assumir uma criança, isso que eu acho que está me dá dando tesão na novela. Mas não estamos tentando fazer de uma maneira romântica ou heroica. O Rodrigo assume a filha, mas num primeiro momento ele dá uma regredida. Imagina um garoto ter que lidar com aquilo do nada? E ele vai fazer a Manuela cobrar dele uma atitude de pai sem ela ser mulher dele. Começa então a desenrolar a relação deles a partir dessa responsabilidade em comum.

Você tem algum método para escrever?
Acordo, dou minha caminhada no Jardim Botânico e ali me vem muita ideia. Aí anoto coisas em meu bloquinho, e tenho o costume maluco de ligar para casa e deixar recado gravado na secretária eletrônica. Chego lá e anoto!.

Você começou sua carreira como atriz. Desistiu de atuar?
Fui atriz profissionalmente durante 15 anos. Mas desistir é uma palavra que não uso muito, porque parece que você não conseguiu, e eu vivia disso.

Então o que aconteceu?
Me desinteressei gradualmente. Comecei muito nova, a primeira peça profissional que fiz foi aos 15 anos, e tive a sorte de parar aos 30. Guardo coisas preciosas daquela época, mas vi que muitas eram incompatíveis comigo. Estabilidade financeira em primeiro lugar, por exemplo. Depois percebi que funciono melhor sozinha, diante de um computador.

Qual a diferença de escrever para teatro e para a TV?
Os atributos pedidos para um e para outro são bastante distintos. Tiro meu chapéu para todos que fazem TV, porque é muito tempo no ar. Tem que estar sensível e num ritmo veloz. Tem que atender a jornalista, cuidar de merchandising, ver a produção. É muita coisa junto sem perder o fio e contar uma boa história. Novela dura nove meses. Teatro é o contrário. A dificuldade é contar uma história enorme em uma hora e 10 minutos.

Você faz análise?
Há 200 anos. E ainda neurótica! (risos). Não faço para buscar a cura. Busco melhorar a qualidade de relacionamento das pessoas comigo.

Lícia Manzo é a nova aposta da Globo
Lícia Manzo é a nova aposta da Globo
Foto: Walter Craveiro / Divulgação
Fonte: O Dia
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