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Priscila Machado busca título que Brasil não vê há mais de 40 anos

21 ago 2011 - 13h28
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Priscila Machado, 25, será a 60ª brasileira a tentar trazer para o País o título de Miss Universo, concurso que ocorre pela primeira vez no Brasil, no dia 12 de setembro de 2011, no Credicard Hall. Mas o que poucos sabem é que, não fosse o feito três conterrâneas, o último deles realizado mais de 40 anos atrás, talvez seu favoritismo sequer fosse considerado pela imprensa e especialistas na principal competição de beleza feminina do mundo.

Para brasileiro ver

Até 1952, não existia o concurso de Miss Universo como hoje o conhecemos, mas a fonte de inspiração para o seu início já ocorria a todo vapor duas décadas antes, quando era organizado o Desfile Internacional de Beleza - organizado entre os anos de 1927 e 1935. Foi nessa época que uma brasileira ficou pela primeira vez reconhecida mundialmente por sua conquista em uma competição do gênero - Yolanda Pereira foi eleita a mulher mais bela do mundo em evento realizado no Rio de Janeiro. No entanto, o fato é controverso.

É que em 1930 o Brasil se prontificou a organizar uma disputa internacional de beleza paralela ao concurso oficial norte-americano. O motivo foi a insatisfação do País com o fato de a vencedora do Miss Brasil do ano anterior, Olga Bergamini, não ter se classificado para a disputa mundial de 1929. A vencedora foi justamente a morena gaúcha supracitada, mas esse título é até hoje contestado, já que a atriz norte-americana Dorothy Dell Goff foi campeã da versão oficial do concurso no mesmo ano, realizada em Galveston, pequena cidade localizada no Estado do Texas.

Ambas as conquistas são desconsideradas pela Miss Universe Organization, de propriedade da rede de televisão NBC e do magnata Donald Trump, que ainda é responsável por organizar, além do Miss Universo e do Miss USA, o Miss Teen USA, voltado para adolescentes.

A primeira Miss Universo

Em 1963, Ieda Maria Vargas conquistou pela primeira vez o título de Miss Universo para o Brasil, numa disputa em que grande parte dos jurados parecia ter preferência por eleger a dinamarquesa Aino Korva, uma loira estonteante cujas curvas estamparam as páginas da revista Playboy cinco anos depois.

Apesar do favoritismo da concorrente, Ieda, então com 18 anos, tinha uma carta na manga no concurso realizado em Miami Beach, no litoral do Estado norte-americano da Flórida. Isso porque o ator britânico Peter Sellers, um dos jurados da 12ª edição do concurso, se enfeitiçou com a beleza da gaúcha, lhe dando nota máxima em todos as três apresentações feitas por ela na ocasião. A atração pela gaúcha foi tanta que o astro chegou a convidá-la para participar do primeiro longa da franquia de sucesso A Pantera Cor de Rosa - convite recusado pela miss.

Em uma época em que o principal concurso de beleza do planeta era visto pelos brasileiros como quase tão importante quanto a Copa do Mundo, Ieda foi recebida no País com grande festa por sua conquista e ganhou desfile festivo pelas ruas do Rio de Janeiro e Porto Alegre. Vinda de família tradicional, teve um início de mandato complicado pelo desejo de seus pais de morar com ela nos EUA, o que demandou uma cansativa negociação entre eles e a empresa organizadora do concurso.

Natural de Porto Alegre, onde vive até hoje, aos 66, a modelo teve sua beleza reconhecida já aos 17 anos, em 1962, quando foi eleita Rainha das Piscinas do Rio Grande do Sul. No ano seguinte, veio a consagração, com o Miss Porto Alegre, Miss Rio Grande do Sul e, finalmente, no dia 22 de junho, em cerimônia realizada no Maracanãzinho e transmitida em rede nacional pela TV Tupi, o Miss Brasil, no qual concorreu com outras 24 candidatas.

Durante seu ano como miss, a gaúcha passou por 21 países, viajando mais de 400 mil km através do globo terrestre. Depois de entregar a coroa à campeã do ano seguinte, a grega Corinna Tsopei, Ieda optou por voltar aos seus planos de jovem - casar-se e ter filhos. Em 1968, se tornou mulher de José Carlos Athanázio, já falecido, que lhe deu dois herdeiros.

Apesar de ter ficado para a história como uma mulher com os pés no chão, avessa à enorme fama que caiu aos seus pés - ela chegou a recusar convites tentadores para posar nua -, em entrevista à revista Época publicada 11 anos atrás Ieda desconstruiu essa imagem ao confessar ter tido um baque quando terminou seu mandato como representante mundial da beleza e inteligência feminina, além de ter chegado a uma triste conclusão: a de ter percebido ser "apenas um "objeto".

A segunda conquista

O ano de 1968 foi repleto de acontecimentos - a intensificação da investida dos EUA na guerra do Vietnã e as consequentes manifestações de jovens norte-americanos pela paz, o assassinato do ativista Martin Luther King, os conflitos entre estudantes e polícia na França. No Brasil, o clima também não era nada tranquilo, afinal, o regime militar se intensificava a cada dia e foi instaurado o AI-5 - Ato Institucional nº5 -, o mais perverso dos decretos impostos pela ditadura no País.

Aliado às notícias negativas, o mundo via também uma enorme revolução cultural. Foi em 1968, por exemplo, que surgiram algumas das bandas mais importantes da história do rock, como Led Zeppelin, Black Sabbath e Jethro Tull, que, graças ao movimento hippie, ajudaram a abrir caminho para a realização do principal festival do estilo da história, o Woodstock, acompanhado in loco por mais de 1 milhão de pessoas no mês de agosto de 1969, no Estado de Nova York.

O Brasil, que perdera de forma vexatória a Copa do Mundo dois anos antes, também precisava de uma revolução, ao menos de uma conquista. E ela veio, no dia 13 de julho, via transmissão nacional direto de Miami Beach. Enfrentando outras 64 candidatas, recorde na época, a jovem Martha Vasconcellos, de 20 anos, trazia para o País pela segunda vez o título de Miss Universo. Baiana, natural de Salvador, a bela conseguia também derrubar um mito: o de que as misses brasileiras precisavam ser gaúchas para vencer o concurso mundial.

Professora de alfabetização em sua cidade, Martha enfrentou resistência da família, bastante tradicional, ao decidir entrar nas disputas de beleza. Mesmo contrariada, a morena de 1,72m foi em frente, se inscreveu no Miss Bahia e venceu.

O caminho para a disputa nacional, no entanto, não foi nada simples. Após ter visto sua ordem desobedecida, o pai da nova rainha da beleza do Estado, um importante advogado chamado Ivo de Sá Vasconcellos, a proibiu de ir ao concurso que seria realizado em junho no Maracanãzinho, Rio de Janeiro. Foi só graças à intervenção do governador da Bahia na ocasião, Lomanto Júnior, suplicando por uma autorização para que ela pudesse viajar à capital fluminense, que Martha foi liberada, mesmo precisando ser acompanhada pela secretária da esposa do chefe do Executivo baiano, pois a mãe da miss se recusara a fazê-lo. Foi a terceira candidata do Estado a conquistar o Miss Brasil.

Assim como a eleita de cinco anos antes, Martha preferiu ficar longe dos holofotes da mídia após cumprir o seu mandato, e viver uma vida familiar - casou-se com o namorado de infância apenas seis dias depois de seu retorno ao Brasil. Diferentemente de Ieda, porém, a Miss Universo de 1968 passou a dedicar sua vida aos estudos, tornando-se uma acadêmica bem-sucedida, com mestrado em Saúde Mental e Aconselhamento pelo Cambridge College de Boston, EUA, onde vive há 40 anos.

Miss Universo 2011 no Terra

O Terra transmite ao vivo pela internet a cerimônia do 60º Miss Universo. A edição 2011 do tradicional concurso acontecerá pela primeira vez no Brasil e terá representantes de 89 países na passarela do Credicard Hall, em São Paulo, no dia 12 de setembro. A transmissão acontece em parceria com a Band, que exibirá o evento também na TV aberta.

A cobertura do Terra do Miss Universo 2011 será multimídia e interativa, também disponível em celulares e tablets. Os internautas ainda poderão enviar perguntas aos apresentadores Marcelo do Ó e Juliana Rios durante a transmissão.

As três mulheres brasileiras coroadas com o Miss Universo: Yolanda Pereira, Ieda Maria Vargas e Martha Vasconcellos
As três mulheres brasileiras coroadas com o Miss Universo: Yolanda Pereira, Ieda Maria Vargas e Martha Vasconcellos
Foto: Reprodução
Fonte: Terra
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