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Na Record, João Gordo critica cultura popular e reality 'A Fazenda'

11 abr 2013 - 15h37
(atualizado às 16h25)
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João Gordo fala sobre nova fase da carreira:

Jurado do Ídolos Kids, programa da Record que chega à sua segunda temporada no dia 14 de abril, João Gordo está pleno naquela que pode ser chamada de uma fase mais calma de sua carreira. Diferente da figura polêmica que ficou famosa nos anos 1980/1990 como vocalista do Ratos de Porão e, posteriormente, como VJ da MTV, ele se diz uma excelente pessoa, modéstia à parte, conta que é um pai super presente, e lembra de casos em que se emocionou com a trajetória de alguns candidatos-mirins que se apresentaram na atração.

Depois da coletiva de apresentação do reality show, que agora passará a ser exibido aos domingos, João já estava cansado de atender a diferentes veículos de imprensa, mas se esforçou para conversar com o Terra em um corredor do estúdio L, na sede da Record em São Paulo. Entre os assuntos, ele criticou a cultura popular brasileira e aquilo que chamou de "erotização" das músicas e atrações televisivas. "Eu acho uma merda. Ainda mais essa cultura nova popular de erotização da música. Não sei como os pais deixam as crianças cantarem esse tipo de música, como sertanejo universitário que vem com letras cheias de "vem aqui, que eu faço aquilo", com coreografias também sexuais".

Sem papas na língua, ele não se importou em falar mal também de um programa da casa. "Eu não deixo meus filhos assistirem Big Brother, A Fazenda, novela, onde aprendem tudo sobre essa erotização infantil", contou, ao reforçar que é um ótimo pai, preocupado em estar perto dos filhos e em educá-los.

<p>O músico contou que se emociona com alguns candidatos e que é difícil falar 'não' para uma criança</p>
O músico contou que se emociona com alguns candidatos e que é difícil falar 'não' para uma criança
Foto: Fernando Borges / Terra

Confira a entrevista na íntegra:

Terra - Como tem sido trabalhar com crianças? Tem algo de surpreendente?

João Gordo

- Crianças causam surpresa. Tem umas que têm talentos inegáveis e outras que não têm talento, algumas que vão à seleção do programa por pressão dos pais, achando que são artistas e não são. E, para essas que acham têm talento, é mais duro falar um não. Elas choram e é chato. Mas beleza, na primeira temporada foi até meio difícil, mas agora não é tanto mais, a gente acostuma e aprende a falar de jeitos melhores. 

Terra - Qual é a repercussão do programa nas ruas?

João - Bastante repercussivo, porque eu sou bem famoso desde os anos 1980/1990 por causa de banda, depois eu entrei para a MTV, então era conhecido só por uma parcela da população, tipo jovens, alternativos. Hoje em dia, por causa da Recod, sou conhecido pela classe Z. A faxineira, a criança, o cobrador de ônibus, e o porteiro me conhecem, e na rua o assédio é bem maior. Eu não tenho muita paciência. Tem gente que quer tirar foto comigo e nem me conhece, sabe nem quem eu sou, sabe que eu sou da TV e quer tirar foto pra colocar no Facebook, só isso. Com isso eu não tenho paciência não.

Terra - Tem algum caso engraçado ou diferente que já aconteceu nos bastidores?

<p>João Gordo é um dos jurados do 'Ídolos Kids'</p>
João Gordo é um dos jurados do 'Ídolos Kids'
Foto: Francisco Cepeda / AgNews

João - Na fase que as crianças vão cantar com banda, a fase pós estúdio colorido, fica mais difícil para elas serem desclassificadas. E como o camarim é junto lá no teatro que a gente grava o programa, chega no final e as crianças desclassificadas estão ali chorando. E a gente encontra com elas, a Kelly Key (outra jurada do Ídolos Kids) é mãezona e normalmente vai lá consolar eles, e eu fujo né, para não ver crianças chorando. E um dia eu dei de cara com um moleque, que até era bom, era sambista de Ilhabela - litoral de São Paulo -, e ele veio chorar no meu ombo, apoiou a cabecinha e ficou chorando. Deixou até ranho na minha camiseta, foi foda. Daí eu falei: 'não fica assim não, a vida é assim mesmo, você tem o maior talento'. A gente tenta consolar do jeio que dá, mas não é fácil.

Terra - Você passou a ver a cultura popular de alguma forma diferente depois de entrar para o Ídolos?

João - Eu odeio a cultura popular brasileira, eu acho uma merda. Ainda mais essa cultura nova de erotização da música. Não sei como os pais deixam as crianças cantarem esse tipo de som, tipo sertanejo universitário que vem com umas letras 'vem aqui que eu faço aquilo', com coreografias também sexuais. Muita criança tenta entrar para a atração e vai na audição com uma música dessas. Eu fico indignado. Eu não deixo meus filhos assistirem Big Brother, A Fazenda, novela, onde aprendem tudo essa erotização infantil. Quando a criança vai lá cantar este tipo de música, eu falo pra cantar outra coisa.

Terra - Como é a sua relação com seus filhos?

João - É relação de pai. Eu sou paizão, eu ponho eles para dormir todo dia, eu que acordo, eu que levo na escola. Eu sou um pai ultrapresente, vi meus filhos crescerem, e isso não acontece com muito pai por aí não. Pra você ser um pai presente, você tem que ter caráter, porque tem muito pai que põe o filho no mundo e vai embora, some. Pai que trabalha demais e daí chega no fim de semana e ao invés de ficar com os filhos, vai jogar bola. Eu sou um pai presente e meus filhos sabem disso. 

Terra - Seus filhos têm vontade de seguir carreira artística?

João - Já estão, não tem como mudar isso mais. Eles já sentiram o gostinho, não tem como mudar isso. Eu não forço nada, não vou querer que eles estudem pra ser médico, advogado, porque isso aí não dá futuro pra ninguém. Então, se eles quiserem seguir música, por exemplo, têm todo o meu apoio. Meu filho tem sete anos e tem uma bateria, já está estudando em uma escola de bateria. Minha filha está aprendendo violão. Eles aprendem inglês, aprendem computação, tudo o que vai se usar na vida. Isso aí a gente usa na vida, agora matemática, português, química, isso não se usa. Lógico que eles estão estudando e eu vou fazer eles estudarem, mas isso aí não se usa. 

Terra - Tem algum projeto de carreira que ainda queira realizar?

<p>João contou que é um pai bastante presente e que cuida da educação cultural dos filhos</p>
João contou que é um pai bastante presente e que cuida da educação cultural dos filhos
Foto: Fernando Borges / Terra

João - Tem vários projetos, mas não vêm ao caso agora.

Terra - Durantes as audições da primeira temporada, exibiram um momento e que você acalmava um garoto que estava muito nervoso na hora de cantar. Você mesmo se surpreendeu com esse lado mais fraternal ou sempre foi assim?

João - Não, porque eu sou uma excelente pessoa, modéstia à parte. Eu sou uma pessoa bem querida no meio. As pessoas acham que eu sou um cafajeste, um monstro, que eu sou um drogado, que eu sou prostituído. Não sou nada disso, sou muito mais homem que um monte de coxinha por aí, que se esconde atrás de Jesus. Aí, no raio-x o cara é um filho da puta, o cara não é um pai presente, o cara trai a mulher, tem amante, é ladrão, sem-vergonha, mentiroso, safado e tudo em nome de Jesus. Eu estou aqui, corretíssimo, em nome de ninguém. 

Terra - Muda alguma coisa o fato de julgar um reality com participantes crianças? Seria diferente se fosse com adultos?

João - Muda, com certeza. Adulto a gente esculacha, e a gente não pode esculachar criança. A gente tem que fazer um comentário construtivo, mostrar outras coisas que a criança gosta de fazer e mostra que ela pode seguir outro caminho.

Fonte: Terra
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