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Minissérie 'Boca do Lixo' faz aniversário de 20 anos

3 jul 2010 - 08h00
(atualizado às 08h02)
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Márcio Maio

Silvio de Abreu estava confortável no horário das 19h da Globo quando foi sondado para migrar para a faixa nobre da emissora, no fim da década de 80. Mesmo sem grande entusiasmo, se sentiu no dever de aceitar. Mas fez um pedido: experimentar um texto que fugisse da comicidade de seus trabalhos na emissora em poucos capítulos, através de uma minissérie. Daí nasceu Boca do Lixo, sua primeira história policial, escrita em 1989 e apresentada há exatos 20 anos. "Era um trabalho sério, pesado, intrigante e completamente diferente dos que apresentei às 19 horas. Escolhi o gênero policial porque gosto muito e, dentro dele, o 'noir', já que não permite comédia", lembrou Silvio, que atualmente escreve Passione.

Na história, Reginaldo Faria interpretou o ricaço Henrique, um homem que mora fora do Brasil e é obrigado a voltar depois da morte do pai. Para não assumir ser gay, se casa com a atriz de pornochanchadas Cláudia, estreia de Sílvia Pfeifer na TV. Mas, como se sente frustrada por não entender o comportamento distante do marido, ela se entrega ao pedreiro Tomás, de Alexandre Frota, sem saber que tudo não passa de um plano armado pelos dois para que Henrique desapareça depois de ter dado um golpe na praça. "O texto era extremamente envolvente, fui seduzida assim que li. E tive pouco tempo para aceitar. Recebi em um dia e tinha de dar a resposta no outro, para começar a gravar logo em seguida", recordou Sílvia, que foi massacrada pelas críticas. "Todas injustas. O tempo provou que Silvia é uma atriz de talento", defendeu Silvio, que voltou a trabalhar com a ex-modelo em Torre de Babel, oito anos depois, na trama que novamente abordava o homossexualismo. Sílvia viveu a lésbica Leila e, posteriormente, sua irmã, Leda.

A escalação de Sílvia para o papel da interesseira Cláudia não foi à toa. Ele seria de Christiane Torloni, mas a atriz não pôde aceitar. Como a intenção era fugir da vulgaridade, optou-se por entregar o posto de protagonista para uma mulher, como Sílvio mesmo se refere, "classuda, bonita e elegante". "Queríamos dar um toque de classe na personagem e em todo o projeto", justificou ele. E foi esse um dos motivos de maior ansiedade para a então modelo. Sílvia era conhecida por seus trabalhos no exterior, trabalhando para marcas como Giorgio Armani, Christian Dior e Chanel. "Eu era uma estreante, mas não desconhecida. Sabia que o que eu fizesse ali ficaria marcado. Mas hoje vejo que fiz bem em aceitar o convite", argumentou ela, que logo depois da exibição de Boca do Lixo ganhou o papel de protagonista da novela Meu Bem, Meu Mal, de Cassiano Gabus Mendes.

As gravações começaram na capital de São Paulo e, depois, passaram para o interior do estado, no município de Avaré. Um trabalho de meses de produção que, no ar, ganhou apenas oito capítulos. "Moramos ali algumas semanas, o que fez com que rolasse uma dedicação intensa de todos", explicou Alexandre Frota, que considera a minissérie um de seus trabalhos mais fortes. Não só pelo texto de Silvio de Abreu, mas também pela direção de Roberto Talma. "Lembro que a cena mais difícil que tive foi a da primeira transa do Tomás e da Cláudia, em um ferro-velho. Ensaiamos demais, esperamos o pôr do sol e, então, gravamos", rememorou Frota.

Na época em que foi escrita, a ideia era que Boca do Lixo tivesse dez episódios. Mas Sílvio de Abreu precisou eliminar dois deles para que a minissérie pudesse terminar em uma sexta-feira sem prejudicar as exibições da tradicional faixa de filmes de segunda-feira da Globo, a Tela Quente. "Os cortes foram feitos por mim, não houve traumas", resumiu. O mais curioso é que, mesmo sendo uma espécie de laboratório para o autor escrever para o horário nobre, o projeto foi exibido ao mesmo tempo em que a primeira novela de Sílvio às oito da noite, Rainha da Sucata. Para completar a superexposição, o Vale a Pena Ver de Novo reprisava naquela época o sucesso Sassaricando, também assinado por ele. Fato que hoje é motivo de orgulho. "Me senti honrado por ocupar três dos principais horários da emissora", valorizou.

Na história, Reginaldo Faria interpretou o ricaço Henrique, um homem que mora fora do Brasil e é obrigado a voltar depois da morte do pai.
Na história, Reginaldo Faria interpretou o ricaço Henrique, um homem que mora fora do Brasil e é obrigado a voltar depois da morte do pai.
Foto: Reprodução
Fonte: TV Press
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