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Tadeu Schmidt ganha mais espaço no 'Fantástico'

5 dez 2010 - 19h58
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Márcio Maio

O jornalista Tadeu Schmidt sempre quis trabalhar com esportes. Mas o responsável pelas exibições descontraídas e bem humoradas dos gols da semana no Fantástico sonhava mesmo era ser atleta. Hoje, quase vinte anos depois que o irmão do jogador de basquete Oscar Schmidt decidiu largar o vôlei para estudar Jornalismo - após ser cortado da seleção infanto-juvenil brasileira -, ele é até capaz de assumir que a interrupção da carreira esportiva foi um trauma. Contudo a popularidade em alta no dominical da Globo o ajudaram a superar o passado. "O Fantástico mudou a minha vida. É uma exposição bem maior do que qualquer outra que eu tenha tido. Acho difícil que a vida de atleta me desse mais satisfação do que a televisão me dá", explicou.

Em cerca de uma hora de conversa, são várias as vezes que Tadeu diz querer sempre inovar. Mas o orgulho por ter mudado a forma de exibição dos resultados do futebol na emissora, embora evidente, transparece sem qualquer arrogância. A ponto de o jornalista assumir que, em breve, isso poderá deixar de ser um diferencial. "A gente tenta sempre inserir uma novidade. Quero muito pensar em algo brilhante para transformar esse trabalho mais uma vez. Só que ideia é um problema, não é todo dia que aparece uma boa", lamentou.

Você começou como repórter de cidade em Brasília e direcionou sua carreira para trabalhar com esportes. O que o faz, agora, querer explorar outras editorias no Fantástico?

Quando comecei no jornalismo, eu não queria - e nem podia - escolher. Só pensava em trabalhar e garantir meu emprego. Agora, acho que é um caminho natural fazer outras coisas. Ainda mais que eu continuo no esporte. Na própria Globo temos diversos exemplos de pessoas que mudaram de área. O Marcos Uchôa virou correspondente, hoje muita gente nem lembra mais que ele era do esporte. Já fiz muitas coisas das quais me orgulho e é sempre bom diversificar. Só que adoro fazer os gols no domingo. Não fico irritado por trabalhar em todos os finais de semana. Por isso, não penso em sair tão cedo.

Você já apresentava a rodada de gols no Bom Dia Brasil. Qual foi a principal diferença no seu trabalho quando passou a fazer isso no Fantástico?

Demos um passo a mais na evolução da linguagem. Liberdade não era um problema, até porque é impossível ter mais liberdade que no Bom Dia. O Renato Machado sempre me ajudou e gostou das coisas que fiz. Embora ele seja o jornalista sério, de cabelos brancos, o nosso decano tradicional, ele adora as novidades e sempre gostou do que eu fazia de diferente. Como não era viável ver tudo antes de entrar no ar, eu tinha liberdade até de tempo. Se fazia algo que não caia bem, vinha depois a recomendação para não repetir. Antes, eu tinha mais liberdade. No Fantástico, isso é mais difícil. Mas a gente tem mais qualidade de edição, muita arte gráfica - que a gente já usava no Bom Dia, mas tem mais presença, força e ousadia. A proposta sempre foi ter uma apresentação bem-humorada, mas o Fantástico se aproxima bem mais do humor propriamente dito do que o Bom Dia.

Chegou a sentir receio de ameaçar sua credibilidade como jornalista em função desse humor?

Não. O público consegue entender quando é hora da gente brincar ou de dar uma notícia séria. E a maioria das pessoas já viu ou ouviu os gols quando eles entram no ar. Se não tivermos uma outra forma de contar aquilo, fica chato. Eu sempre quis mostrar o gol não só para o homem que já sabe como ficou aquela rodada, mas para o público que está ali, na frente da TV. Me dá prazer receber o retorno de gente que não curtia futebol, que mudava de canal ou ia à cozinha quando chegava essa hora, e, agora, assiste. O humor trouxe isso.

Como telespectador, você se incomodava com a exibição das rodadas de gols?

Muito. Lembro até de um dia em que pensei demais sobre isso. Sempre achei chato porque era só um registro. Colocavam a imagem e faziam uma descrição daquilo. Tenho problemas de memória, então anoto minhas ideias. E tenho escrito num caderno: "VT (videoteipe) Gols é muito chato. Pensar em algo melhor". Isso foi em 2003. Teve uma reunião do Esporte Espetacular e eu falei isso. Os primeiros testes que fizemos foram ali, nos domingos em que apresentei no lugar do Tino Marcos. Aí, quando fui para o Bom Dia Brasil, pude fazer isso todas as semanas.

Você ganhou mais projeção com os gols, mas isso também traz efeitos negativos. Na Copa, chegou ao topo dos trending topics - assuntos mais comentados - do Twitter depois de uma reportagem sobre o comportamento do Dunga. Como lidou com o Cala a boca, Tadeu Schmidt?

Não procuro nada que possa me fazer mal. Eu tinha um Twitter e parei de usar. Não vou ficar entrando para ver gente grosseira. Nunca recebo críticas de pessoas nas ruas ou na internet, ao contrário. Ensino para minhas filhas que dizer "cala a boca" é falta de educação. Não sei como as pessoas encaram isso, mas na minha família, um comportamento desses é errado. Ali, escrevem isso como se fosse normal. Acho baixo demais.

Você começou a estudar jornalismo depois de ser cortado da seleção de vôlei. Como isso aconteceu?

Era uma seleção infanto-juvenil e iam 12 para uma viagem. Fiquei entre os 15, mas não entre os 12. Éramos três levantadores e só iriam dois. Eu sobrei. Olha, eu sei que já disse que me arrependia muito de ter largado o esporte. Mas hoje em dia, estou bem feliz com a vida que tenho e com o que eu faço. Vejo que dificilmente eu seria tão realizado jogando vôlei como sou no jornalismo.

Então foi um trauma superado no Fantástico?

Sim, podemos colocar dessa forma. Nas primeiras reportagens que fiz sobre vôlei, fiquei deprimido. Eu queria estar lá e não onde eu estava. Mas hoje é diferente. Não que eu não quisesse estar lá também, mas sei que sou muito feliz na posição que ocupo. Passei anos sofrendo por ter parado de jogar. Eu tinha 17 anos, uma idade em que os garotos não devem parar nada, mas sim começar. E eu parei, desisti muito cedo. Para quem gosta de esporte, tudo é muito gostoso. A vida em torno de uma competição, viajar com companheiros de time, entrar no campeonato, vestir um uniforme, ouvir o juiz apitar e começar uma partida, essas coisas não têm preço. Mas o vôlei talvez não me desse a satisfação que hoje eu tenho.

Você bate muito na tecla de querer sempre fazer o novo. Ainda considera os gols do Fantástico uma novidade?

Olha, esse é um ponto interessante. Eu sei que vai chegar a hora em que aquilo que eu faço não vai bastar, é claro que vai. E acho até que pode ser uma coisa muito mais minha do que dos outros. O que a gente tenta é sempre ter uma coisa nova dentro daquele formato que já - e ao mesmo tempo, ainda - é um diferencial hoje. Mas nunca me basta. Estou satisfeito, realizado, orgulhoso por ter ajudado a trazer um novo paradigma, fazer surgir um novo formato, mas o tempo todo quero mais. Não há um dia em que não pense no que posso fazer para mudar, de novo, tudo isso.

Já tem algo em vista?

Ideia é um problema. Não é todo dia que pinta. Nem tenho certeza se um dia vou ter uma nova sobre isso. Não uma que seja tão eficiente e bacana como essa já foi, ou como foi o "Bola Cheia" e o "Bola Murcha".

É difícil trabalhar com conteúdo vindo dos telespectadores, como no "Bola Cheia" e "Bola Murcha"?

Não, esse é o melhor custo-benefício daqui. As pessoas nos mandam vídeos que são maravilhosos, com qualidade cada vez melhor. Dá pouquíssimo trabalho porque a gente só tem que escolher os lances bons. Não é como a rodada dos gols, que dá uma adrenalina. Às vezes a gente está no ar e o material ainda não saiu do computador para ser exibido.

Qual foi a pior situação que você já enfrentou em razão desse tempo curto?

Já aconteceu do computador travar bem na hora. Era uma reportagem excelente, muito bem editada, mas não deu para exibir. Fiz ao vivo, do jeito que era feito antes. Improvisei um pouco, mas não foi a mesma coisa. Nossa, isso é muito frustrante. Mas pode acontecer. Foi só uma vez e foi um dia muito tenso. Isso faz uns dois anos já.

Fantástico - Globo - Domingo, às 20h45, na Globo.

Passos largos

Quando Tadeu nasceu, Oscar, que é 16 anos mais velho que o irmão, já era uma das grandes apostas brasileiras no basquete. Não demorou para que o caçula tentasse também se destacar nas quadras, mas ainda aos cinco anos de idade percebeu que seria sempre o "irmão do Oscar" se tentasse. Até no início da década de 80, impulsionado pelo sucesso que a seleção masculina de vôlei fazia, passou a se dedicar ao esporte. "Se eu fosse uns 10 anos mais jovem, poderia ter ido jogar tênis", supôs.

Com o corte na seleção e a desistência, Tadeu começou a trilhar seu caminho no jornalismo. Prestou vestibular, passou e estagiou em rádio e TV até ser contratado pela Globo como repórter do DF TV, em Brasília. Mas a proximidade com o esporte fez com que o jornalista abrisse espaço para fazer matérias para o Globo Esporte, Esporte Espetacular e até outros programas que, por algum motivo, abordassem essa editoria. "Era onde eu tinha mais conhecimento, foi um caminho natural", recordou.

A credibilidade aumentou mesmo quando começou a apresentar os resultados do futebol no Bom Dia Brasil. Dali para ingressar na equipe do Fantástico foi rápido. Mesmo assim, Tadeu ainda continuou no jornalístico matinal da Globo por mais algum tempo, trabalhando até 23h30 de domingo e acordando quatro da manhã nas segundas. Às vezes, até virando noites. "Quando queria fazer algo mais elaborado e diferente, eu passava a madrugada fazendo. Como é um assunto que adoro, não sentia o tempo passar", justificou.

Na balança

Tadeu é visto na emissora como um jornalista galã. Tanto que muitos são os comentários que ouve ao ser visto posando para fotos. E ele mesmo entrega, em pequenos detalhes, até onde vai sua vaidade e preocupação estética. Na hora de comprar um lanche, Tadeu é daqueles que olha a quantidade de calorias que vai ingerir. Controla a alimentação regularmente todos os dias. "Tenho uma balança em casa e peso cada porção que coloco no prato", confessou. A exceção é o domingo, dia em que sai para comer pizza com a família depois que o Fantástico acaba. "É que segunda eu fico de folga, então começo a relaxar nesse momento", falou.

A alimentação controlada é complementada com um ritmo intenso de exercícios físicos. Além de fazer musculação regularmente, Tadeu joga tênis três vezes por semana. Mesmo com seu histórico, vôlei é um esporte que ficou no passado do ex-atleta. "Se eu tentar pular, não vai ser a mesma coisa. Meu auge no vôlei já passou. No tênis não, como eu sou ruim mesmo, qualquer avanço vira o meu momento nesse esporte", refletiu.

Tadeu Schmidt ganha espaço com comentários esportivos
Tadeu Schmidt ganha espaço com comentários esportivos
Foto: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias / TV Press
Fonte: TV Press
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