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Emissoras brasileiras apostam em co-produções de novelas

26 dez 2010 - 07h59
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Arcângela Mota

Parcerias internacionais são cada vez mais recorrentes na tevê brasileira. Sejam em acordos comerciais para a exibição de filmes, seriados, reality shows ou para a criação de projetos conjuntos. E é na dramaturgia, o setor mais importante da televisão nacional, que essas associações vêm se destacando. Só que, no lugar da tradicional compra de direitos de exibição e adaptação, os laços entre as emissoras do Brasil e do exterior se tornam cada vez mais estreitos com a realização de co-produções. Os trabalhos em conjunto, além de trazer a segurança do investimento no know-how de um produto que já deu certo em outro país, carregam uma série de vantagens do ponto de vista financeiro. É o caso da adaptação da badalada novela Rebelde, em parceria entre a Record e a mexicana Televisa, que estreia por aqui no primeiro semestre de 2011 e conta com cinco cotas nacionais de patrocínio no valor de R$ 43 milhões cada. "Rebelde foi um marco em todos os países por onde passou. As empresas que se associaram a esta marca tiveram grandes vendas. É um produto consagrado em todos os sentidos e, no Brasil, a Record vai fazer da novela um grande sucesso", garantiu Walter Zagari, vice-presidente comercial da emissora.

Mas os atrativos financeiros não se baseiam apenas em um histórico de sucesso. As co-produções muitas vezes são vantajosas na própria execução do projeto. A versão nacional de Rebelde, por exemplo, feita com elenco brasileiro e infraestrutura da Record, terá os custos de produção bancados pela Televisa. Em contrapartida, as duas emissoras dividirão a receita gerada com a comercialização de publicidade, merchandising e licenciamento de produtos. E é de olho no potencial das co-produções que a Globo, reconhecida internacionalmente pelas novelas que exporta, vem investindo cada vez mais nesse tipo de parceria. Tanto que já assina produções conjuntas com redes de três países: Estados Unidos, Portugal e México. "Podemos reforçar a nossa marca de produtor de dramaturgia de alta qualidade. Garantimos uma participação ativa em cada projeto e na cadeia de receitas do negócio, e é por isso que buscamos parcerias com critérios de qualidade específicos. A co-produção é um passo natural para a expansão dos negócios internacionais", explicou, em nota, a Central Globo de Comunicação.

Para garantir que as obras co-produzidas mantenham um determinado padrão de qualidade, as parcerias são cercadas de cuidados. Especialmente as da Globo, que atualmente co-produz as novelas Entre el Amor y el Deseo, adaptação de Louco Amor para a TV Azteca, no México, e Laços de Sangue, obra original do português Pedro Lopes e supervisionada por Aguinaldo Silva na emissora SIC, em Portugal. Para acompanhar os trabalhos, a emissora tem profissionais responsáveis por ler os roteiros e seguir todas as fases da produção, da concepção à execução. E os resultados têm sido satisfatórios. El Clon, por exemplo, primeira co-produção da Globo realizada com a norte-americana Telemundo e baseada na novela O Clone, é hoje líder de audiência no México e na Venezuela e está sendo comercializada para a Europa e Ásia. "Antes de começar os trabalhos fizemos um workshop e nos encontramos para conversar com a equipe que faria a adaptação. Passamos algumas diretrizes e fico feliz que o sucesso esteja se repetindo", orgulhou-se Jayme Monjardim, diretor de O Clone.

A adaptação das novelas, no entanto, é sempre feita levando em consideração traços da cultura local do país onde é exibida. E essa liberdade de criação foi uma das exigências da autora Gisele Joras para adaptar Bela, A Feia a partir do original Yo soy Betty, la Fea, que inaugurou a parceria entre a Record e a Televisa. "Fiz o que chamo de adaptação-autoral, porque parti de uma premissa básica que não havia sido criada por mim, mas tudo o que veio em seguida foi. Considero que fiz uma novela inteiramente brasileira", defendeu a autora.

Apesar do sucesso da maioria das co-produções, os resultados satisfatórios nem sempre são alcançados. Em 2006, a Band teve uma experiência desastrosa com a novela Paixões Proibidas, feita em parceria com a emissora portuguesa RTP e exibida simultaneamente nos dois países. A falta de sintonia entre a RTP e a Band é apontada pelo autor Aimar Labaki como a grande vilã da produção. "Para a RTP, era uma novela importantíssima para a qual despendiam dinheiro e energia. Para a Band, foi um acidente de percurso. Enterraram a novela logo depois da estreia: não havia chamadas e o horário foi das 22:30 h para as 17:30h. Resultado: em Portugal foi um grande sucesso. No Brasil, um fracasso", lamentou Aimar.

Longe da ficção
A dramaturgia não é a única área beneficiada com as co-produções. Na Band, o CQC é realizado em parceria com a empresa argentina Cuatro Cabezas, e toda a produção do programa é feita na sede da produtora, em São Paulo, onde as pautas e matérias são preparadas e aprovadas em conjunto com a equipe do humorístico. Para o apresentador Marcelo Tas, isso é fundamental para trazer originalidade ao programa sem fugir das premissas do formato. "O CQC não é como uma franquia do McDonald's, igual em todo lugar. Estamos lidando com o imponderável. O poder reage diferente em cada região", argumentou.

E a Band parece cada vez mais familiar com as co-produções de programas de variedades. Tanto que O Formigueiro apresentado por Marco Luque, também é realizado em conjunto com a Cuatro Cabezas e em parceria com a produtora holandesa Endemol. Mesmo assim, o programa não tem alcançado bons resultados e já teve até seu horário alterado na grade da emissora, passando das tarde de domingo para as de sábado. "Fazemos tudo com a melhor das intenções, mas às vezes alterações são necessárias. Mas temos nos aproximado muito dessas produtoras de qualidade e estamos felizes com isso", assegurou Hélio Vargas, diretor artístico e de programação da Band.

Instantâneas

# Os bons resultados da parceria entre a Globo e a emissora portuguesa SIC vão render um novo trabalho em conjunto entre elas. As empresas já começaram a pré-produção de um novo título, que será anunciado ano que vem.

# Antes de fechar um contrato de exclusividade de cinco anos com a Record, a Televisa foi parceira do SBT durante oito anos. A emissora de Silvio Santos, no entanto, não tinha a mesma liberdade de adaptação das obras.

# Paixões Proibidas contava com oito atores portugueses no elenco. A produção foi dirigida pelo brasileiro Ignácio Coqueiro e pelo português Virgílio Castelo, que também atuou na novela.

# Entre el Amor y el Deseo, versão mexicana de Louco Amor, foi anunciada em outubro como supervisionada por Gilberto Braga. O autor, no entanto, tem se dedicado apenas a Insensato Coração, próxima novela das oito da Globo. "Não estou supervisionando nem vendo a novela. Estou às voltas com o trabalho novo", contou.

A meta é co-produzir com redes internacionais para ampliar sucesso de novelas
A meta é co-produzir com redes internacionais para ampliar sucesso de novelas
Foto: Afonso Carlos/Carta Z Notícias / Divulgação
Fonte: Redação Terra
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