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Leonardo Miggiorin diz que frequentou festas gays para papel

30 jan 2011 - 08h49
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Regina Rito
Direto do Rio de Janeiro

Leonardo Miggiorin está arrasando como Roni, o gay afetado e divertido que faz dupla com Deborah Secco, a Natalie, em Insensato Coração. Solteiro, aos 29 anos, e com várias novelas no currículo, Miggiorin é a favor do beijo entre pessoas do mesmo sexo na TV: "Será o próximo passo, mas não acho que tenha que ter pressa para rolar. No momento certo, vai acontecer". Além de atuar, Leonardo também canta. Ele é vocalista da banda Vista e, agora, começa a escrever suas próprias composições. Em entrevista, ele conta que foi a uma festa GLS como parte da pesquisa para o personagem, diz que já recebeu cantada de homem e muito mais.

Em quem se inspirou para fazer o Roni?

Não foi em alguém específico. Vi vários filmes e documentários, pesquisei vídeos na Internet e também fui conversar com promoters que conheço.

É a favor do beijo gay na TV?

Particularmente, não vejo problema. Mas, entendo que a televisão aberta no Brasil dialoga com grandes massas, com o senso comum. É essa massa que dita a audiência de um programa de TV e consequentemente seu sucesso. Por isso, acho que poderia assustar um pouco. Mas, tudo que é diferente do que estamos acostumados choca no início e, com o tempo, torna-se menos polêmico.

Gostaria de protagonizá-lo?

Sou ator e, portanto, estou à disposição do que o autor propõe para o personagem.

Acha que o público está preparado para ver essa cena?

Sei que ainda há muito preconceito, mas a questão da homossexualidade já não é mais um grande tabu no Brasil. Nos últimos anos vemos cada vez mais personagens gays nas produções e isso faz com que o assunto se torne menos chocante. O beijo será o próximo passo, mas não acho que tenha que ter pressa para rolar. No momento certo, vai acontecer.

Fez que tipo de laboratório para compor o personagem?

Fui a algumas festas e conversei com os organizadores. Prestei atenção em como se produz uma festa, desde a etapa do conceito até a recepção dos convidados. Pesquisei a função e como se sente um profissional desta área. As responsabilidades, os pontos fracos, os anseios e as dificuldades. É um mundo ao qual estava familiarizado, uma vez que nós atores somos sempre convidados para festas, eventos e trabalhos.

Foi a alguma boate gay? O que achou?

Fui a uma festa GLS. É divertido. Como para qualquer outro papel, observo. Na festa, busquei gírias e trejeitos.

Os gays têm sido alvo de muita violência. O que precisa ser feito para mudar essa realidade?

Acredito que só com a educação este quadro poderá ser revertido. A teledramaturgia, por exemplo, tem a função de levar o assunto para a casa das pessoas, mas isso não basta. É necessário discutir na escola, em casa, educar, lutar pela igualdade do ser humano em sua totalidade¿.

Tem medo de ser agredido nas ruas por alguém que confunda você com o Roni?
Já ouvimos histórias de atores interpretando vilões que foram agredidos na rua. Receio que as pessoas radicais em suas convicções possam atrapalhar a discussão e as conquistas que a sociedade teve ao longo desses anos. Mas o meu trabalho não muda. E o Roni é um personagem maravilhoso. Estou muito orgulhoso.

Já sentiu algum tipo de preconceito por interpretar um gay?

Não, e se existe, é preconceito velado. Recebo mensagens carinhosas o tempo todo.

Como tem sido a reação do público?
Ótima! Aumentou o assédio, naturalmente. Crianças, mulheres, homens de todas as idades vêm tirar foto e cumprimentar. O público parece gostar de personagens mais cômicos.

Rola uma química muito boa entre você e Deborah Secco. Como é essa parceria dentro e fora de cena?

A Deborah me recebeu de braços abertos. Conversamos sobre as cenas, sobre a verossimilhança dos personagens com a vida real, sobre tudo. Ela é divertidíssima e muito disciplinada. Estou aprendendo muito com ela!.

Já recebeu cantada de homem? Como reagiu?

Já aconteceu (risos). Levo numa boa.

O que acha de figuras públicas, como Ricky Martin, assumirem publicamente sua homossexualidade?

Acho importante a questão da homossexualidade ser tratada cada vez com mais naturalidade por pessoas públicas de qualquer que seja a área, como a TV, o cinema, o esporte, a política, etc. Isso ajuda a desmitificar o assunto. Não acho que ele devesse explicações sobre isso, mas, já que ele diz que se sentiria melhor contando, acho ótimo que o tenha feito.

Gilberto Braga já afirmou que prejudica a imagem do ator revelar que é gay. Você concorda?

Ser gay, negro, branco não deveria ser mais importante que o seu trabalho ou a qualidade dele.

É a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo?

Com certeza. Todo mundo tem mais é que ser feliz. É um direito.

Se te convidassem, posaria nu?

Não!.

Leonardo Miggiorin vive gay afetado em 'Insensato Coração'
Leonardo Miggiorin vive gay afetado em 'Insensato Coração'
Foto: Divulgação
Fonte: O Dia
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