Galã espanhol quer desvendar loucuras em 'Mentes em Choque'
- Gabriel Perline
Se em algum momento da vida você questionou sua saúde mental e a possibilidade de possuir algum distúrbio, talvez Mentes em Choque, nova série da Fox, produzida na Colômbia, te ajude a descobrir para que caminhos você possa estar mais propício a seguir.
Inspirada em Mental, também produzida pela emissora - cuja narrativa se passava em Los Angeles - a nova série é ambientada em uma grande cidade latino-americana, não identificada na trama, que tem como mote a história do psiquiatra espanhol Léon Robles, um profissional recém-chegado ao Hospital Metropolitano do local e que se encontra em crise com sua função médica, mas que adota métodos pouco ortodoxos para exercer seu trabalho. Ele está em busca da irmã, desaparecida há dois anos, que sofre de transtornos mentais.
Para garantir o sucesso da série, que estreia nesta terça-feira (5), a Fox foi buscar na Espanha o ator Alejandro Tous, famoso por protagonizar a novela Yo soy Bea, uma versão hispânica da consagrada Betty, a feia. A ele ficou a responsabilidade de assumir o papel do psiquiatra em crise e mostrar ao público o outro lado da loucura: a posição do paciente. Pelo menos é isso que o próprio galã disse à reportagem do Terra durante uma entrevista realizada por telefone.
De Alicante, na Espanha, Alejandro contou detalhes de seu personagem e sobre as descobertas que fez durante o processo de estudos sobre o perfil de León Robles. Veja abaixo a entrevista que ele concedeu ao Terra:
Como foi a experiência de trabalhar na Colômbia?
É minha segunda experiência fora da Espanha. Eu participei recentemente do filme Miss Tacuarembó, uma coprodução uruguaio-argentino-espanhola. O que me fascina em trabalhar fora da Espanha é poder conhecer outras pessoas, lugares, comidas e, obviamente, o sentimento de se sentir em outro lugar. Isso é o que mais me atrai, ainda mais que na Colômbia eu me senti em casa.
Qual a diferença entre Mentes em Choque e sua obra inspiradora, Mental?
Em Mentes em Choque os personagens têm um grau de complexidade maior, tem uma estima maior, são mais obscuros. Há muitos lados para desenvolver em toda a temporada. Em Mentes em Choque mostraremos o ponto de vista do paciente, o que ele está vendo e sentindo.
Mentes em Choque tem talentos de vários países. Como foi para você trabalhar com tantos hispanohablantes de lugares diferentes?
Toda a equipe que encontrei nesta série foi realmente maravilhosa e completa. O mexicano Luis Roberto Guzmán, por exemplo, é um ator que aprendi a admirar desde o começo, pois não o conhecia. No caso de Marcela Mar, um dos grandes talentos da Colômbia, é muito completa, é uma pessoa que trabalha com profunda maestria. Cada dia foi uma delícia. Contracenar com minha conterrânea, Goya Toledo, foi ótimo, porque também não a conhecia. O personagem de María Fernanda Yépez é obscuro e profundo, claro que isso será percebido ao logo da série. E Michel Brown deu o frescor a seu personagem, que só ele poderia ter dado.
Estudou psiquiatria para interpretar León?
Não estudei psiquiatria, mas pesquisei todas as doenças que aparecem nos 13 episódios da série. É muito importante para eu saber como se manifestavam estas doenças e como se tratavam. No entanto, meu personagem tem um caráter muito especial, o que me permite ter um campo superior ao que teria se fosse um psiquiatra normal A mente humana é tão misteriosa que quase tudo é possível.
Qual foi a doença mais grave com a qual você se deparou?
A que mais me impressionou foi a ignorância que temos em comum diante dos diagnósticos mentais e a forma como se manipulam. Algumas são peculiares, raras, mas todas me chamaram a atenção. O tema da série é um prato cheio.
Qual é a sua maior loucura?
Minha maior loucura sempre foi pelo meu trabalho. Tive a loucura de mudar toda minha vida por um projeto que não sabia se ia dar certo, eu era eletricista e acabei virando ator e não sabia como seria o fim, não era uma vida cômoda. Sonhei como queria minha vida e esta loucura, esta paixão pelo trabalho me levou a sair viajando por aí em busca de trabalhos, assim como fazem 90% dos atores.
Você se acha parecido com León Robles?
Não. Parto de mim para conseguir algo mais o longe possível, entendeu? Parte de mim é interpretar um personagem que eu possa gostar ou sequer que tenha uma semente de minha personalidade e que possa explodir, mas não nos parecemos muito, senão fisicamente.
Você trabalhou com Pedro Almodóvar, o principal cineasta espanhol da atualidade. Como você descreve este privilégio?
Isso foi em Fale com Ela e aconteceu no começo de minha carreira de ator e foi um personagem muito pequeno. No entanto, me abriram muitas portas. Mas ainda me resta muito caminho para percorrer e muitos papéis importantes para interpretar.
O que você espera com este novo trabalho?
Esta gente (psiquiatras) trabalha com pessoas em situações muito difíceis e a intenção é trazer um pouco mais de consciência dos problemas dos loucos. O espectador poderá ver o ponto de vista do paciente. Quando você vir alguém falando sozinho na rua, na verdade não está falando sozinho, ele não esta louco, ele tem uma enfermidade mental, a qual todos podemos vir a contrair.
