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Betty Lago comemora personagem popular em 'Vidas em Jogo'

11 mai 2011 - 12h31
(atualizado às 13h12)
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Márcio Maio

A comédia sempre pareceu uma zona de conforto para Betty Lago. Tanto que a atriz coleciona papéis de sucesso no gênero. Mas, exceto pelo humor, poucas características aproximaram suas personagens do grande público. Agora, na pele da despachada empregada doméstica Marizete, de Vidas em Jogo, da Record, a atriz experimenta, pela primeira vez, um tipo completamente distante do requinte e elegância que a bem trilhada carreira internacional de modelo deixou em seu currículo.

"Acho que foi esse o grande barato de assinar com a Record: experimentar um papel que já é popular no texto. Dizer que eu só posso interpretar com traços de classe é a mesma coisa, na minha opinião, que falar que pobre não pode ter traços finos", critica.

Seu contrato de cinco anos com a emissora não impede que a atriz continue investindo também na função de apresentadora. Tanto que ela concilia as gravações da novela de Cristianne Fridman com o programa Pirei, em sua primeira temporada no GNT. "Sei que vou trabalhar feito louca, mas feliz. Para mim, isso é o mais importante", afirma.

TV Press - Em Vidas em Jogo, você interpreta uma empregada doméstica. Sentia falta de sair da imagem de elegante que carregava desde a época de modelo?

Betty Lago - Sentia, sim, mas não ficava batalhando por isso. Até pedi para fazer testes em alguns personagens, mas falavam que não tinha nada a ver. Diziam que não passaria credibilidade. Ora, é claro que tem credibilidade, só depende de quem está fazendo! Achei interessante quando o Avec (Alexandre Avancini, diretor de Vidas em Jogo) me chamou falando que a Cristianne Fridman disse que eu poderia fazer esse papel.

TV Press - Você chega a buscar inspiração em casa, com sua própria empregada?

Betty - Olha, a minha empregada já tem atitude de quem ganhou na loteria! E a gente está junto há uns 30 anos, a gente viaja, faz tudo junto! Depois de tanto tempo, já é uma grande amiga minha. Mas, às vezes, eu leio o texto e pergunto como ela falaria determinadas frases ou expressões. E ela, claro, reage sempre com um tom abusadíssimo. Então, não chega a ser uma inspiração, mas uma espécie de consultoria.

TV Press - E onde você buscou essa inspiração?

Betty - A gente sempre vê essas empregadas de uniforme, passeando pelas ruas. E tenho uma certa implicância com essa coisa de uniforme. Você vê aquelas babás de manhã, passando um calor infernal... Eu sei que é cada um fazendo o seu trabalho, mas não precisa tanto, não é? Você vê mais isso no Brasil do que em qualquer outro país desenvolvido. Essa "pseudopompa" de "ah, eu tenho de servir com as bandejas de prata", tudo engomadinho demais, com "sim, senhora" e "não, senhora" é um comportamento subserviente que é a cara da nossa cultura. Então, minha inspiração é na gente mesmo.

TV Press - Você andava atuando cada vez menos. Era proposital?

Betty - Não vejo dessa forma. Eu fiz Cinquentinha e o Miguel Falabella chegou a me chamar para fazer A Vida Alheia. Mas o Aguinaldo ia fazer uma segunda temporada de Cinquentinha e existe aquela política da Globo - que acho errada - de colocar reserva. Eu não estava contratada e não pude trabalhar com o Miguel. Conclusão: Cinquentinha não rolou e a Marília Pêra interpretou a minha personagem. Isso dá uma desanimada, não vou negar.

TV Press - Você ficou decepcionada?

Betty - Fiquei chateada porque queria fazer A Vida Alheia. Aí, pintou o convite para a nova novela do Miguel, que vai entrar no ar depois de Morde & Assopra, e para o seriado dele, que talvez entre em produção depois disso. Já estava certo. Fiquei esperando a resolução. Nesse meio tempo, saí do Saia Justa e fui conversar com o GNT para fazer o Pirei.

TV Press - Como o Miguel Falabella reagiu quando soube que você assinaria com a Record?

Betty - Conversei com ele e, como eu já esperava, rolou aquele choque inicial porque ele já estava escrevendo e tinha avançado bastante nesses projetos. Falei sobre o personagem que tinham me oferecido e que queria fazer essa novela. Inclusive antes de assinar com a Record. Acho que a gente tem de ter essa leveza, precisa ir ali e fazer um pouquinho, vir aqui e fazer um pouquinho... O Miguel parou, me olhou e disse: "Tá bom. Vai lá e vê se tem um lugar para mim também" (risos).

TV Press - Sua última novela foi em 2007, Pé na Jaca. Estava evitando esse formato?

Betty - Quando você avança na carreira, é mais interessante se arriscar em outras coisas e não ficar emendando uma novela na outra. Não tenho nada contra esse gênero, mas não vejo que, como atriz, eu precise estar sempre no ar. Existe um pouco essa ideia no Brasil de que se você não está em novela - principalmente da Globo - não está fazendo nada. E eu estou com vontade é de viver! Eu, hein! Quero viajar, estudar, ler, me aprimorar...

TV Press - Mas o que a fez assinar por cinco anos com a Record?

Betty - Foi uma decisão que me deixou feliz. Eu poderia ter saído do Brasil, poderia me voltar mais para o cinema, mas eu assinei com a Record. Para mim, é uma relação profissional e a gente tem de buscar oportunidades boas. Foi o que fiz, agarrei uma que chegou. É mais um lugar para a gente trabalhar, uma empresa que me ofereceu um papel interessante, com pessoas e salário legais, não tive motivos para recusar. As pessoas comentam que eu deixei a Globo. Eu nunca tinha trabalhado na Record, mas também não estava contratada na Globo. Criam uma rivalidade que, na verdade, não existe.

TV Press - O compromisso de cinco anos não seria longo demais para alguém que preza sua liberdade artística?

Betty - Você acha cinco anos muito tempo? Olha, acho que tudo é negociável. Se me chamarem para um papel, vou conversar e, juntos, vamos analisar se tem mesmo a ver comigo. É claro que se você está contratado, fica à disposição, não discuto isso. Mas as pessoas aqui são inteligentes para colocarem você em projetos que tenham a ver com o que é bacana para você e sua carreira. Essa novela, por exemplo, deve durar um ano. Depois, vão sobrar só quatro anos. Não é tanto.

TV Press - Você teve alguma dificuldade de adaptação à Record?

Betty - Nenhuma. Eu vim sem qualquer expectativa. É tão raro isso, mas cheguei de peito aberto. Algumas pessoas falaram: "pensa bem porque você está deixando a sua turminha". Mas eu não sou criança, não tenho turminha. E o texto da Cristianne é bem dinâmico, se parece bastante com o do Carlos Lombardi, com quem trabalhei bastante na Globo. Tem muita ação, movimento, é incrível. E o Avancini é craque em cenas de ação. Já fazia muitas em Anos Rebeldes e isso foi em 1992!

Mudança preparada

Ao contrário de muitas modelos que se aventuraram como atrizes, Betty Lago jura que nunca sofreu preconceito na televisão. Tanto que guarda boas lembranças tanto de seus tempos de sucesso em passarelas internacionais, como Itália, Estados Unidos e França, quanto de suas aparições em novelas e minisséries. A primeira delas foi em 1992, quando interpretou a sofisticada Natália em Anos Rebeldes, de Gilberto Braga. "Eu já estudava para atuar há mais de dois anos quando comecei. Não fui jogada ali", conta.

A repercussão foi das melhores possíveis. Tanto que no ano seguinte já marcava presença novamente em uma minissérie, Sex Appeal, e, em 1994, protagonizava, junto com Elizabeth Savalla, Letícia Spiller e Cristiana Oliveira, a saudosa Quatro por Quatro, novela reprisada recentemente pelo canal pago Viva.

Começou aí uma de suas parcerias profissionais mais bem desenvolvidas. Betty trabalhou com o autor Carlos Lombardi em seus principais sucessos, como Vira-Lata, Uga Uga, O Quinto dos Infernos, Kubanacan e Pé na Jaca. Mas não se limitou a atuar, reforçando sua proximidade com a moda no comando do programa GNT Fashion, no canal por assinatura GNT.

A receptividade com as telespectadoras foi boa o suficiente para Betty ser logo lembrada para ocupar uma posição de destaque nos debates femininos do Saia Justa. Agora, na Record, a atriz não descarta a possibilidade de se encaixar também em algum programa. Mas prefere não pensar nisso. Pelo menos por enquanto. "São áreas diferentes. Cheguei em fevereiro, está cedo ainda", desconversa.

Sem pirações

Betty Lago não esconde que sentiu bastante sua saída do Saia Justa, no GNT. Mas hoje, acostumada com o rompimento desse "casamento" de cinco anos, encara como positivas as mudanças no programa. "Acho que a renovação é necessária sempre. Se essa é a proposta, estão no caminho certo", analisa ela, que logo tratou de se renovar também no canal. A apresentadora agora está à frente do Pirei, programa que discute o que faz algumas pessoas "pirarem". Como sapatos, por exemplo. "A ideia surgiu quando eu ainda estava no Saia Justa e seria para o site do canal. Mas conversamos e chegamos a esse formato. Parece que agradou", explica Betty, completando que o programa já ocupa oito horários da semana do GNT.

Trajetória Televisiva

# Anos Rebeldes (Globo, 1992) - Natália

# Sex Appeal (Globo, 1993) - Vicky

# Quatro por Quatro (Globo, 1994) - Abigail

# Vira-Lata (Globo, 1996) - Walkíria

# O Amor Está no Ar (Globo, 1997) - Sofia

# Pecado Capital (Globo, 1998) - Mila

# Uga Uga (Globo, 2000) - Brigitte

# GNT Fashion (GNT, 2000) - Apresentadora

# O Quinto dos Infernos (Globo, 2002) - Carlota Joaquina

# Kubanacan (Globo, 2003) - Mercedes

# Saia Justa (GNT, 2005) - Apresentadora

# Bang Bang (Globo, 2005) - Calamity Jane

# Pé na Jaca (Globo, 2006) - Morgana

# Guerra & Paz (Globo, 2008) - Marta Rocha

# Cinquentinha (Globo, 2010) - Rejane

# Vidas em Jogo (Record, 2011) - Marizete

A atriz interpreta a empregada doméstica Marizete em Vidas em Jogo
A atriz interpreta a empregada doméstica Marizete em Vidas em Jogo
Foto: Luiza Dantas/Carta Z Notícias / Divulgação
Fonte: Terra
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